O contratenor paulista Edson Cordeiro ficou conhecido, no início dos anos 1990, pelos agudos que alcançava ao lado de Cássia Eller, na fusão de “(I can’t get no) Satisfaction”, da banda The Rolling Stones, com um trecho da ópera A Flauta Mágica, de Mozart. Pulsando a veia forte da versatilidade, Edson Cordeiro sobe ao palco do Projeto Seis e Meia hoje, às 18h30, no Teatro Paulo Pontes, do Espaço Cultural (em Tambauzinho), com o espetáculo Ouve a Minha Voz – Cordeiro Canta Baleiro, entoando do mambo ao forró. Ingressos antecipados na loja Broomer do MAG Shopping e pelo site Olha o Ingresso: R$ 140 (inteira), R$ 100 + 1 kg de alimento não perecível (social) e R$ 70 (meia). A violinista Belle Soares abre os trabalhos da noite.
No palco, Edson canta músicas do álbum homônimo ao show, Ouve a Minha Voz (2024), tomando de empréstimo composições de Zeca Baleiro. São músicas inéditas, também em feats, produzidas pelo maranhense, além de canções que contemplam toda a carreira de Cordeiro — leia-se de MPB a disco music.
Morando na Alemanha há mais de 20 anos, sempre fez questão de estar presente nos palcos brasileiros nos últimos anos, excetuando-se o período pandêmico. “Fazia tempo que eu não cantava no Nordeste e estou muito feliz de cantar aqui”, diz Edson.
Em tráfego competente da vocalidade lírica para a popular, Edson Cordeiro afirma identidade musical indefinível. “Sou um intérprete, sou um ator e estudo muito. Me aprofundo em tudo o que eu faço, mas quem me conhece sabe que no meu show há várias surpresas”.
Cordeiro conta que a parceria para o projeto surgiu quando Zeca Baleiro estava gravando a faixa-título do álbum de Zeca, Mambo Só (2023). Para Baleiro, a canção tinha tudo a ver com Edson — “E realmente tinha”, confirma o cantor. Com o dueto feliz da música, a oferta para produzir um álbum foi imediata: “Ele perguntou o que eu gostaria de cantar e eu disse que gostaria do repertório dele, que eu sou muito fã”.
Edson Cordeiro desenvolveu o hábito de cantar na igreja, ainda criança. Muito antes de ser o cantor solo que conhecemos, fez várias peças de teatro, musicais e viajou por vários países, em espetáculos com o grupo brasileiro Teatro do Ornitorrinco, de forma que sua constituição estética deriva das experiências com o palco por anos. A estrada lhe rendeu, entre outros, os álbuns Zorongo Gitano (1995), Contratenor (2005) e Bem na Foto (2018).
Em resposta nas redes digitais a uma mensagem questionadora do uso que fez do termo “marido” para designar seu cônjuge, Edson foi categórico: “Eu tenho o direito de chamar o meu marido de ‘marido’”. Afinal, a luta pelos direitos LGBTQIA+ marca em vibrato tanto a voz do músico quanto aquela do ser que testemunha, ainda hoje, os males causados pelo preconceito e a homofobia.
“O que me move é a certeza de que eu não sei fazer outra coisa”, brinca Edson. “Acho que a profissão de artista é glamourizada. Existe um glamour em volta, eu acho importante que ele exista. Não tô aqui pra quebrar essa fantasia, mas o que eu faço é uma profissão muito séria que envolve muitas pessoas. De uma certa forma, gera muito trabalho ao meu redor: engenheiros de som, produtoras, empresários, teatros, o pipoqueiro que vende a pipoca em frente. Eu não tenho plano B, nunca tive”.
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*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 09 de Outubro de 2025.