Concedida anualmente a profissionais de destaque da cena musical brasileira, a Medalha Villa-Lobos é prêmio instituído pela Academia Brasileira de Música desde 2015. Na edição deste ano, o paraibano Eli--Eri Moura, regente e professor do Departamento de Música da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), venceu na categoria Compositor. A entrega do prêmio ocorrerá no dia 18 de julho, em cerimônia na Sala Cecília Meireles, no Rio de Janeiro, durante concerto da Orquestra Sinfônica da UFRJ.
A medalha, conforme descrito no site oficial da Academia, reconhece personalidades detentoras de contribuição significativa para a música erudita nacional. “Fiquei muito surpreso com o telefonema do presidente da academia comunicando a concessão da medalha”, afirma Eli-Eri, destacando, ainda, a honra de receber a homenagem em um ano simbólico para a entidade: “É uma felicidade muito grande ser premiado na edição em que a academia completa 80 anos. Ser agraciado com uma medalha dessa pelo trabalho que a gente faz é de uma honra além do limite”.
Moura integra uma lista de nomes reconhecidos pela honraria, como o violoncelista Antonio Meneses (1957-2024), o maestro Isaac Karabtchevsky (1934) e a pianista e compositora Marisa Rezende (1944).
Missão de vida
O regente recorda que foi o primeiro professor contratado pela universidade na sua área, nos idos de 2002. “Minha missão foi implementar a área de composição na UFPB. Hoje, temos graduação, mestrado, doutorado e um laboratório dedicado à pesquisa e criação, o Compomus (Laboratório de Composição Musical)”.
Mesmo tendo alcançado o tempo para aposentadoria, Moura se diz apaixonado por dar aulas aos recém-ingressos na universidade e permanece em atividade docente, atuando especialmente na formação de calouros do curso de música, em disciplinas como “Harmonia tonal”, “Contraponto” e “Análise”, fundamentais para a formação dos jovens músicos.
Além do ensino, o professor também se mantém envolvido em projetos de pesquisa e extensão, atuando junto ao laboratório e desenvolvendo trabalhos com o grupo de extensão Iamacá, dedicado à música renascentista e contemporânea. Vinculado à UFPB e ao Instituto Federal da Paraíba (IFPB), o Iamacá mantém atividades regulares de extensão em repertórios pouco difundidos na região.
Embora não se defina como especialista na obra de Heitor Villa-Lobos, Moura reconhece a influência do compositor em sua formação e trajetória criativa. “Durante o ensino na universidade, sempre referenciamos Villa-Lobos nas disciplinas, porque ele foi um compositor revolucionário não só no Brasil, mas mundialmente — não é à toa que é o compositor mais reverenciado do Brasil. Acho que todo compositor brasileiro tem lá uma pontinha de influência de Villa-Lobos na sua obra”, reconhece.
O docente recorda o impacto da cultura brasileira em sua produção artística, especialmente durante o período de formação no exterior: “Quando fiz pós-graduação em Montreal, percebi que todos estavam compondo em uma linguagem internacional. Eu também fazia isso, mas me questionei sobre minha identidade. Afinal, sou brasileiro, nordestino, com uma cultura muito específica”.
A Medalha Villa-Lobos reforça o reconhecimento nacional a um trabalho que, segundo o homenageado, é resultado de uma intensa construção coletiva. “Vejo essa medalha como reflexo do esforço feito aqui na UFPB, pelos meus colegas e alunos, na formação de uma escola de composição comprometida com a excelência e com a cultura brasileira”.
*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 8 de julho de 2025.