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Bruxaria, monstros e assombrações

publicado: 24/09/2025 08h52, última modificação: 24/09/2025 08h52
Elenco e diretores falam do filme de terror brasileiro “Apanhador de Almas”, em cartaz em João Pessoa
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Klara Castanho é uma das mulheres presas em uma dimensão à mercê de uma criatura | Foto: Divulgação/Retato Filmes

por Esmejoano Lincol*

O crescente sucesso de filmes de terror estadunidenses como A Substância (2024) e A Hora do Mal (2025) precipitou investimentos nacionais no gênero. Prédio Vazio (do diretor Rodrigo Aragão), por exemplo, chegou aos cinemas brasileiros no primeiro semestre. Enterre Seus Mortos (de Marco Dutra), tem lançamento previsto para outubro no Globoplay. Os realizadores Fernando Alonso e Nelson Botter Jr também deram sua contribuição com Apanhador de Almas, em cartaz no Cinépolis do Manaíra Shopping, em João Pessoa, e que pode ser visto até hoje em suas sessões – às 13h e às 17h30. Os ingressos custam R$ 34 (inteira) e R$ 17 (meia).

O filme, inspirado pela literatura de H. P. Lovecraft e com referências indiretas a outros títulos como Jovens Bruxas (Andrew Fleming, 1996), acompanha quatro moças, aspirantes a feiticeiras: Emília (Klara Castanho), Mia (Jéssica Córes), Olívia (Duda Reis) e Isabella (papel dividido entre Priscilla Sol e Larissa Ferrara). Elas decidem conhecer a misteriosa Rea (Angela Dippe), tida como bruxa, e participar, com ela, de um ritual. Mas ao trazer à tona a criatura que dá nome ao longa, elas terão de lutar para permanecerem vivas nesta dimensão.

A União entrevistou com exclusividade parte da equipe de Apanhador de Almas. Fernando Alonso revela que buscou em Lovecraft os elementos fantásticos que constituem o conflito principal de seu filme, como os portais para outros mundos, os monstros e a própria bruxaria. “A gente tem uma história de filme de terror dentro de uma realidade brasileira, aqui na nossa região. A gente poderia dizer que seria o ‘monstro na casa’, bebendo dessa literatura trazendo para a nossa cultura, aqui”, explica.

Nelson Botter Jr afirma que a parceria com Fernando vem sendo afinada há quase duas décadas: neste período, eles escreveram ou dirigiram animações como Os Under Undergrounds – O Começo (2018) e O Pergaminho Vermelho (2020). “Estamos muito acostumados a trabalhar juntos. A gente sabe o momento de ceder,  sabe onde as ideias batem ou não. Mas a gente sempre tem um alinhamento criativo que fez com que a gente chegasse a esse décimo longa-metragem. Sabemos como materializar as idéias”, sustenta.

Klara Castanho assinala que com a experiência em Apanhador de Almas pôde exercitar um registro dramatúrgico diferente daquele que compartilhou na série Bom Dia, Verônica (da Netflix), que também lidava com ferramentas de suspense e horror, mas numa perspectiva realista.

“Permiti o tom acima, porque a gente estava lidando com algo que só se tornaria realidade na pós-produção. O que achamos exagerado numa reação de cotidiano, cabe num filme de terror. Abri mão desse desejo de controle e de verossimilhança”, aponta.

Larissa Ferrara, por fim, assinala não apenas a importância do incremento do gênero no Brasil, mas o fato de Apanhador de Almas fazer isso dando peso ao protagonismo feminino – tanto em relação ao tempo de tela, quanto em relação aos diálogos. 

“Não estamos falando sobre homens em cena, tudo é sobre aquelas mulheres. Minha personagem, quando entra, vai crescendo no filme. Precisamos pensar em colocar a mulher em primeiro lugar e abrir esse caminho para contar outras histórias de terror”, conclui. 

.*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 24 de setembro de 2025.