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Comédia brinca com família disfuncional

publicado: 28/11/2025 08h51, última modificação: 28/11/2025 08h51
Com Gustavo Mendes e Carol Castro, “A Manhã Seguinte” será apresentada de hoje a domingo, no Santa Roza
1 - A Manhã Seguinte 05set2025_ Crédito Dalton Valerio.jpg

Carol Castro, Angela Rebello, Gustavo Mendes e Bruno Fagundes: montagem é sucesso em 10 países | Foto: Dalton Valério/Divulgação - Foto: Dalton Valerio

por Esmejoano Lincol*

A noite prazerosa entre Kátia (Carol Castro) e Tomás (Bruno Fagundes) termina em “ressaca moral” graças à chegada inesperada da mãe (Angela Rebello) e de Márcio (Gustavo Mendes), tio daquela moça. Essa é a premissa de A Manhã Seguinte, peça dirigida por Thereza Falcão e Bel Kutner com base no texto do inglês Peter Quilter. Neste fim de semana, o quarteto encontra o público do Theatro Santa Roza, no Centro de João Pessoa, para quatro sessões: hoje, às 20h; amanhã, às 17h e 20h; e no domingo (30), às 19h. Os ingressos, disponíveis no Sympla, custam de R$ 21 (meia entrada para as frisas laterais) a R$ 150 (inteira para a platéia principal).

A Manhã Seguinte ganhou mais de dez versões em diferentes países. No Brasil, a comédia foi adaptada por Thereza Falcão por meio da supressão ou da substituição de referências locais, como nomes de times de futebol. Apesar das mudanças, a essência permanece. “É uma família que pode estar em qualquer cidade do Brasil, com a sua regionalidade. Acho que ela fez um trabalho incrível, algumas piadas são dificílimas de traduzir, pelo duplo sentido. Só compreendemos na língua em que foi escrita”, destaca Bel Kutner.

Constituído por um elenco diminuto, mas diverso quanto ao gênero e a experiência dos artistas em cena, Bel assevera que a “química” do elenco repousa, justamente, nessa pluralidade; um dos pontos altos, adianta a diretora, é a chegada de Márcio, o irmão. “A graça da peça é essa família disfuncional. Porque quando juntamos todos, fica muito interessante de ver. Todo mundo pira, enlouquece. E a história, mesmo assim, é contada. Na hora que você determina que é uma família, você reconhece a minha e a sua família” resume.

Também atriz, Bel fez seu debute na televisão em 1987, ainda adolescente, graças a um papel pequeno em Corpo Santo (telenovela da TV Manchete). No teatro, galgou seu espaço como diretora aos poucos, estreando na função em O Conto da Ilha Desconhecida (2007), baseado num livro de José Saramago. “Fiquei apaixonada por essa ideia de estar fora, porque como atriz eu tenho muita empatia pelo ator que está em cena. Ser diretora me ajudou a ter esse olhar mais aberto. A não ficar pensando só meu personagem, olhar o todo”, declara.

Filha de dois grandes artistas brasileiros, Dina Sfat e Paulo José, Bel Kutner, destaca, dentre os trabalhos marcantes da dupla, o longa-metragem Macunaíma, adaptação de Joaquim Pedro de Andrade para a obra homônima de Mário de Andrade. Ela faz a guerrilheira Ci; ele interpreta a versão “branca” do protagonista. “Em meio às viagens pelos festivais de cinema para divulgar o longa-metragem é que eu fui concebida. Então, além de ser um filme muito importante no cinema novo brasileiro, solidificou a união dos dois”, aponta.  

*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 28 de novembro de 2025.