Certo dia, a professora de balé Antonieta Soares testemunhou todas as suas alunas sentadas no chão da sala de aula, comunicando-se apenas pelo WhatsApp. As artificialidades das conexões humanas fizeram-na evocar as ilusões cômicas presentes no balé clássico Coppelia, apresentado pela escola de dança paraibana Antonieta Soares Ballet Studio. O espetáculo é hoje, às 19h30, no Centro Cultural Ariano Suassuna, em Jaguaribe. Os ingressos estão sendo vendidos no site do Sympla a R$ 90 (inteira) e R$ 45 (meia).
Baseado em um conto do escritor alemão Ernst Theodor Amadeus Wilhelm Hoffmann (1776-1822), Coppelia narra a história de Swanilda, noiva de Franz. Mas, às vésperas do matrimônio, Franz acaba encantando-se por uma outra “mulher”, Coppelia, boneca anonimamente nomeada por seu criador, dr. Coppelius.
Em tríade de atos consoante a tempos de robôs humanóides ultrarrealistas e inteligência artificial, até mesmo o exímio fabricante de bonecas passa a duvidar — como ocorre com Franz — da inautenticidade dos objetos não humanos. “A maioria das pessoas, hoje, tem dificuldade de olhar nos olhos das outras, de conversar, de estar em um ambiente social de carne e osso”, comenta.
“Através da pantomima, a gente prezou em trazer realmente a essência da obra — acho que isso é um dos nossos diferenciais mesmo. Com todo o respeito que eu tenho à arte clássica, a quem compôs, à trilha sonora, acho que isso tá faltando muito nos dias de hoje. Não que eu seja contra a novas criações ou contextualizar, mas creio que precisamos também respeitar a história”, diz a professora.
*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 16 de dezembro de 2025.