Durante o inverno de 1888, enquanto o pintor francês Paul Cézanne (1839-1906) trabalhava em sua cidade natal, Aix-en-Provence, um jovem holandês trocava os ares de Paris pelo mesmo sul da França, ansioso pelo encontro com a luz e as cores próprias àquela região. Era Vincent Willem van Gogh (1853-1890), cuja vontade de também tornar-se pintor fez seu irmão mais novo, Theo, apresentá-lo aos chamados impressionistas. Todo o resto é história, contada de hoje até o dia 23 nos pisos e paredes do Mangabeira Shopping, na capital, com a exposição imersiva Van Gogh & Impressionistas.
As projeções em 360º que vêm percorrendo o país podem ser vistas de terça-feira a domingo: de terça a sexta (das 10h às 17h30), os ingressos custam R$ 70 (inteira) e R$ 35 (meia) – das 18h às 21h, a entrada pula para R$ 80 (inteira) e R$ 40 (meia). Sábados (das 10h às 21h), domingos (12h às 21h) e feriado, R$ 95 (inteira) e R$ 47,50 (meia).
“Há pouco mais de dez anos começaram na França as primeiras exposições imersivas de super projeções. Aos poucos essa forma de conjugar arte e tecnologia foi se tornando mais e mais atrativa para as pessoas”, afirma o CEO da Lightland Produções e idealizador da mostra, Davi Telles. Ele explica que o sucesso das cenas da série televisiva Emily em Paris, filmadas no interior do Atelier des Lumières, impulsionou o grupo brasileiro a firmar parceria com os realizadores da casa, adaptando o formato para o público nacional.
“Por um lado, temos uma relação com a cultura francesa e artistas amigos por lá”, ressalta. “Por outro, já trabalhávamos com grandes espetáculos de video mapping outdoor em fachadas históricas há bastante tempo. O cenário estava pronto e o Brasil era uma fronteira muito aberta para isso. Então, há mais ou menos 5 anos, resolvemos direcionar nosso foco para o chamado video mapping indoor, ou seja, as experiências imersivas”.
A construção técnica da mostra envolve processos complexos. Arquivos digitais em altíssima definição passam por curadoria e tratamento antes de receberem movimento, efeitos e trilha sonora. Depois, precisam de todo um aparato tecnológico complexo e funcional, para uma apresentação impactante.
O retorno do público mostra que o esforço tem sido recompensado. Histórias emocionantes se acumulam em cada cidade. Uma das mais marcantes é a de uma senhora que, ao fim da sessão, se aproximou chorando para dizer que era a primeira vez que se sentia dentro de um museu. Em outra ocasião, uma criança correu para abraçar os girassóis de Van Gogh projetados nas paredes. “Teve também um pedido de casamento dentro de ‘A noite estrelada’ [de 1889]. Esses momentos nos mostram que a tecnologia só faz sentido quando amplifica o humano – quando a arte se torna acessível, afetiva e memorável”.
Com quase um milhão de ingressos vendidos desde a estreia – o marco simbólico do ingresso de número 1 milhão deve ocorrer justamente na temporada paraibana – a itinerância da mostra já alcançou todas as regiões do país. O projeto fará o público conferir um conjunto de obras que inclui, além das mais desejadas de Van Gogh, aquelas dos mestres impressionistas Claude Monet (1840-1926), Pierre-Auguste Renoir (1841-1919) e Cézanne.
“Van Gogh se reinventa depois que chega a Paris. Lá ele se torna um pós-impressionista. Esses outros artistas foram muito importantes para sua arte. Nunca cogitamos conceber a experiência sem a presença deles. Fazemos um espetáculo para as pessoas sentirem, para se emocionarem. E, claro, para despertar interesse de que se aprofundem lendo um livro, buscando informações aprofundadas na internet ou para que passem a desejar frequentar museus e centros culturais”, diz Davi.
*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 14 de novembro de 2025.