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Ivan Santos unia o erudito e o popular

publicado: 27/11/2025 08h46, última modificação: 27/11/2025 08h46
Compositor morreu na Alemanha, onde vivia havia mais de 30 anos
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Ivan Santos definia-se como um “paraibano de Pernambuco” | Foto: Divulgação

por Esmejoano Lincol*

No site oficial do cantor, a biografia de Ivan Santos indica a sua origem disputada – nascido na cidade de Escada, no interior pernambucano, mas residente em estados e países diversos, desde a infância. O texto, todavia, não deixa dúvidas sobre como o cantor e compositor, falecido ontem, gostaria de ser adjetivado: “paraibano de Pernambuco”. Sua morte foi anunciada ontem, depois de batalhar contra um câncer, deixando um legado importante como autor, em parcerias exitosas com Zé Ramalho, Erasmo Carlos, Léo Jaime e outros.

Os primeiros passos na música foram dados na Paraíba, todavia a consolidação da carreira de Ivan deu-se com sua partida para o Sudeste, em 1979, na companhia de outros conterrâneos. É dele a canção “Matinê no Rian”, interpretada por Paula Toller e pela banda João Penca e Seus Miquinhos Amestrados, tema da novela O Sexo dos Anjos (1989). Rumou, por fim, para a Alemanha nos anos 1990, onde residiu até a sua morte. Em 2005, venceu o Grammy de melhor canção brasileira com “Ninguém faz idéia”, co-escrita com Lenine.

Braulio Tavares trouxe à tona a experiência na mítica Casa 9, onde Ivan, Lenine, Alex Madureira e outros nomes relevantes para a cultura brasileira residiram, no final da década de 1970. Ele destaca a capacidade que o amigo tinha de unir, em suas composições, versos eruditos e o linguajar popular. 

Cantando no programa “Forró” | Foto: Divulgação/TV Brasil

“A gente começa a ver, primeiro, os nossos mestres desaparecendo, como Dominguinhos, Jards Macalé... E de repente começamos a perder também os nossos colegas, os amigos da nossa própria geração”, lamentou Braulio.

Tadeu Mathias, outro artista local que manteve proximidade com Ivan Santos, rememorou o show Falando Música, criado pela dupla em parceria com Firmino, nos anos 1970. Os três excursionaram pelo país apresentando-se com o projeto, aportando, por fim, no Rio.

“Ivan tem uma obra vasta nas plataformas digitais, em que fica clara sua importância como um criador cuidadoso da música. Concebia, com melodias e harmonias bem trabalhadas e com uma verve poética inspirada, original e instigante”, afirmou Tadeu.

O governador João Azevedo publicou, em suas redes sociais, uma foto de infância, lembrando a amizade com Ivan Santos e a experiência que tiveram numa banda da antiga Escola Industrial da Paraíba (atual Instituto Federal de Educação da Paraíba – IFPB). O gestor também informou que o jingle “É de coração”, popularizado durante a sua campanha de reeleição, em 2022, foi composto por ele. “O destino nos levou por caminhos diferentes: eu segui para a engenharia, mas Ivan trilhou uma brilhante carreira na música”, resumiu João.  

*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 27 de novembro de 2025.