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Janela para os filmes do Sertão

publicado: 27/08/2025 10h23, última modificação: 27/08/2025 10h32
O Cinema com Farinha, em Patos, abre hoje sua 12ª edição, que vai até sábado
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“Pegas” é o longa-metragem que será exibido hoje, na noite de abertura do evento | Foto: Reprodução
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Entre os 36 curtas selecionados para este ano, estão “O Aniversário de Seu Lair “ | Foto: Divulgação
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“A Viagem de Tetê | Imagem: Divulgação
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“A Invenção” | Foto: Fernanda Kern/Divulgação
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“Suspiro” | Foto: Divulgação
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por Esmejoano Lincol*

Cinema com Farinha: o nome curioso do festival audiovisual promovido em Patos assevera a popularidade dessa mostra, que estreia oficialmente, hoje, a sua 12ª edição, a partir das 19h, seguindo até sábado (30). Os títulos que fazem parte dos segmentos competitivos serão projetados gratuitamente no Patos Multiplex, no Patos Shopping (Centro). Na abertura, três filmes do diretor Deleon Souto, idealizador do evento: os curtas Tanto Sol, Muito Sertão e Aquela que Fui e o longa Pegas.

Pegas é ambientado na fictícia Vila dos Panatis, que passa a ser vítima de um ataque hacker em massa — este mina a conexão dos habitantes com a internet. João (Melquisedec Abrantes) e Pedro (Walter Olivério), jovens aficionados por tecnologia, unem-se para investigar o problema e tentar reverter a situação. Ao mesmo tempo, o público acompanha outros mistérios locais por meio de um ermitão, José (Beto Quirino).

“É o primeiro filme de ficção em longa-metragem feito por uma produtora de cinema do Sertão (a DS, que pertence a Deleon). O projeto nasceu, inclusive, dessa vontade de falar de um Sertão mais contemporâneo, conectado às tradições, fugindo dos estereótipos”, aponta o realizador.

A programação do Cinema com Farinha está dividida em cinco segmentos: a Mostra Competitiva, com curtas; a Mostra Sertão, apenas com produções regionais; a Mostrinha, com filmes infantis, também curtas; a Mostra de Longas; e, por fim, a Mostra Especial, com a projeção de Habeas Pinho, dos diretores Aluizio Guimarães e Nathan Cirino.

“A gente teve um salto enorme em longas-metragens. E creio que essa demanda surge em dois pontos. Primeiro, pelo histórico do festival — sempre recebemos uma grande quantidade de inscritos. Segundo, pelos incentivos da Lei Paulo Gustavo. Foi um trabalho enorme de curadoria para que a gente pudesse representar o Brasil como um todo”, sustenta.

Mencionando o histórico do projeto, que surgiu em 2007, Deleon recorda que a iniciativa foi interrompida por alguns anos durante a pandemia de Covid-19, período em que não foi possível angariar investimentos. Ainda assim, ele segue como o terceiro mais antigo do estado, ainda em atividade, segundo o artista (atrás do Fest Aruanda e do Comunicurtas).

“Surgimos exatamente com essa demanda, a de ter um festival no Sertão que pudesse dar vazão ao que estávamos fazendo. Eu mesmo já havia produzido alguns filmes. De lá para cá, outros eventos apareceram, como o Curta Coremas, o FestCine Itaporanga. Mas, obviamente, também somos exibidos e premiados nacionalmente e internacionalmente”, afirma.

 Naquele início, os títulos eram exibidos na Praça Getúlio Vargas. Desde o ano passado as projeções acontecem numa sala de cinema convencional. Apesar da mudança, o festival continua, conforme Deleon, com os mesmos alicerces que o construíram há 18 anos – democratizar o cinema e trazê-lo de forma gratuita aos patoenses “a granel”, “com farinha”.

“Foi um salto qualitativo, principalmente no quesito de projeção. A gente não tem interferência mais de som externo e da iluminação dos postes, na praça. E o mais legal desses eventos é a possibilidade de você assistir um filme ao lado do diretor, do produtor, ou do ator que fez. Quando o Cinema com Farinha vai para a sala, ele aproxima ainda mais”, justifica.

Ainda assim, a programação paralela segue levando as sessões de cinema a outros locais de Patos. Desde segunda (25), a Mostrinha nas Escolas tem levado parte dos curtas inscritos na competição a crianças e adolescentes de instituições de ensino locais. A partir de hoje, haverá ainda, a oferta de oficinas de audiovisual a estudantes de escolas públicas.

“A gente faz a enquete com as crianças, sobre qual o filme que elas mais gostaram e montamos um júri popular, para que a gente possa premiar no festival. Neste ano, os troféus serão entregues no dia 30, em cerimônia no Patos Shopping. Acho importante que eles possam ter acesso, primeiro, ao cinema feito no Brasil, e não a títulos americanos”, declara.

 Completando a programação paralela, realizadores nordestinos reúnem-se no Fórum Audiovisual no Sertão Paraibano para discutir o tema “Cinema e Identidade Regional: do local ao global” — será no sábado, às 10h, também no Patos Multiplex. Por fim, o perfil do festival no Instagram (@cinemacomfarinha) propiciará, diariamente, transmissões ao vivo com realizadores.

“O evento tem esse papel de ampliar o cinema, valorizando o que é feito na nossa cidade. Fortalecemos essa cadeia e fomentamos o debate, sobre identidade e linguagem, contribuindo para que Patos seja reconhecido como um pólo de produção”, conclui.

Neste ano, foram inscritos mais de 1.100 filmes — desse montante, 36 obras do Brasil inteiro chegaram à seleção final. Confira a grade completa na página da mostra (cinemacomfarinha.com.br).

Programação principal HOJE/AMANHÃ

  • (27/08) HOJE
  • 19h – Abertura do Festival
  • 19h30 – Première: Tanto Sol, Muito Sertão, de Deleon Souto (9min, livre); Aquela que Fui, de Deleon Souto (14min, livre); Pegas, de Deleon Souto (1h10, livre).
  • (28/08) AMANHÃ
  • 19h – Mostra Sertão: Cine São Francisco – O Gigantão do Prado, de Laneson Souza (15min, livre); Sintonizando o Sertão – A História da Rádio Espinharas de Patos, de Alais Cavalcante (16min, livre);  A Gente Tava Era com Saudade, de Vanessa Oliveira (15min, livre).
  • 19h45 – Mostra Competitiva: A Luz de Tomaz, de Natalí Toledo (20min, livre); Júpiter, de Carlos Segundo (15min, livre); Uma Vez ao Dia, de Nathan Cirino (15min, 10 anos); Planeta Fome, de Édier William (15min, livre); A Nave que Nunca Pousa, de Ellen Morais (15min, 10 anos); Pequenas Insurreições, de William de Oliveira (13min, 10 anos);  Luciá, de Priscila Tavares (20min, 12 anos).

*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 27 de agosto de 2025.