Públicos de segmentos diferentes acompanham com atenção a carreira da atriz e cantora fluminense Taryn Szpilman. Os adultos, por meio de seu trabalho como vocalista. As crianças, graças à dublagem, é dela a voz brasileira da rainha Elsa, da animação Frozen (2013). Szpilman é uma das atrações do Fest Bossa & Jazz, evento musical gratuito que acontece até domingo (22), em Bananeiras: ela canta hoje, às 18h, no coreto da Praça Epitácio Pessoa, e amanhã, às 21h, na arena da Rua João Pessoa. Outros destaques de hoje são Wilson Sideral, às 21h, e os grupos Iretta Sanders & The Simi Brothers, às 22h (ambos na arena). Antes, às 18h, o Helinho Medeiros Trio bate ponto na Estação Bananeiras, entre outras atrações.
Taryn apresenta-se em companhia dos instrumentistas Guilherme Gê e Cláudio Infante — este, um exímio baterista, ex-integrante do Kid Abelha, nos anos 1980, e marido da intérprete. No repertório, uma miscelânea de estilos que vão além do jazz, mas que orbitam o gênero, como o rock, o soul e o blues, que celebrou 100 anos em 2025.
“É a minha estreia na Paraíba! Nesse show, farei um apanhado de tudo o que eu já cantei nos maiores festivais aqui do Brasil, do mundo, homenageando as primeiras popstars da história — as cantoras de blues dos anos 1920; as divas do jazz dos anos 1940 e 1950; as ‘bluseiras’ e roqueiras dos anos 1950; e as pioneiras do soul, dos 1960”, detalha.
O sobrenome Szpilman, de origem russa, está imerso na música há gerações. O pai de Taryn, Marcos, é um dos fundadores da big band Rio Jazz Orchestra, da qual ela é administradora. Um familiar distante, mas célebre artista é Wladyslaw Szpilman, retratado no filme O Pianista (de Roman Polanski, 2002). Os familiares mais próximos dela migraram para o Brasil nos anos 1950.
“O país se desenvolvia de uma forma muito bela e efervescente nessa década. Cresci em meio a essa cultura, a esse aprendizado. Mas minha primeira paixão foi o teatro. Aos 10 anos, descobri que a minha expressividade vinha daqueles palcos. Eu comecei a trabalhar como atriz, em publicidade e videoclipes, na época da MTV”, rememora.
A intersecção entre esses dois meios possibilitou que Taryn buscasse especialização para tornar- -se uma “cantriz”, mas, a princípio, a balança pendeu mais para a música. Seu primeiro CD, homônimo, foi lançado em 2003. Na bagagem, além de composições inéditas de Zeca Baleiro e Frejat, todo o universo popular e erudito a que teve acesso, desde muito jovem.
“Eu posso citar aqui Ella Fitzgerald, Billie Holiday, Dinah Washington e Carmen McRae; as divas da Bossa Nova; e as grandes cantoras da MPB, como a Elis Regina. Ainda fui influenciada por Tina Turner, Stevie Wonder, Michael Jackson e por todo o pessoal da Motown, que meu pai adorava muito, como um imenso apreciador de toda a cultura e da pesquisa na arte”, destaca.
Também em 2003, Taryn foi convidada pela Disney para fazer um teste de dublagem. O estúdio procurava uma intérprete com experiência em blues e jazz — justamente o perfil da cantora. O primeiro crédito veio com canções da animação Nem que a Vaca Tussa, de 2004. No ano seguinte, ela emplacou o tema de abertura em português do desenho Ben 10, do Cartoon Network.
“Já trabalhava para a Disney há 10 anos. Eu fui me lapidando para dublar com cada vez mais profissionalismo, pontaria, emoção. Eu estava pronta quando a Elsa chegou para mim, num teste, em 2013, por se tratar de um papel de imensa responsabilidade. E tive a honra, a missão imensa de representar essa princesa absolutamente revolucionária”, assevera.
Canção principal de Frozen, “Let it go” deu o Oscar a Kristen Anderson-Lopez e Robert Lopez. Em português brasileiro, tornou-se “Livre estou” e alcançou, por aqui, um êxito tão grande quanto a original. Diante desse sucesso, a atriz recebeu uma carta de agradecimento da Disney, assinada pelo produtor Peter Del Vecho e do ex-diretor de tradução Rick Dempsey — documento que ela guarda com carinho.
“Um fenômeno mundial graças a pessoas talentosas como você, que ajudaram a trazer a personagem para as nossas audiências internacionais apreciarem. Obrigado pela parceria conosco, tornando Frozen o maior filme de animação da história”, diz a carta.
Taryn antecipa seu próximo trabalho em dublagem — um papel em um novo curta-metragem do universo Lego Disney, que estreia em breve, no streaming. A propósito do lançamento de Wicked – Parte 2, hoje, nos cinemas, ela também revela que não reprisará o papel do longa anterior, em que deu novamente voz brasileira a Idina Menzel. A atriz nova-iorquina esteve no elenco original de Wicked, na Broadway, e é a voz original da Elsa de Frozen.
Mas um novo representante da família Szpilman estará presente no projeto. “A Idina não participa. Quem vai estar lá, me representando, vai ser a minha filha caçula, Valentina Pavlovna. Ela será meu grande orgulho em Wicked 2”, conclui.
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*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 21 de novembro de 2025.
