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Sérgio Rolim lança hoje A Engenharia na História

publicado: 28/10/2025 08h50, última modificação: 28/10/2025 08h50
Autor mescla elementos didáticos a experiências pessoais da carreira na área
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Foto: Evandro Pereira

por Daniel Abath*

Fazendo confluir as histórias da engenharia ao fazer literário, o escritor, engenheiro e professor aposentado Sérgio Rolim Mendonça lança hoje, às 19h, na Usina Cultural Energisa, em Tambiá, o livro A Engenharia na História e Histórias de um Engenheiro (editora Labrador, 320 páginas, R$ 100).

Profissional com mais de quatro décadas de atuação no setor — desde o estágio na antiga companhia de Saneamento da Capital Paraíba (Sanecap), sob a chefia de Manoel Dantas Vilar, até a atuação junto à Organização Mundial da Saúde (OMS) —, Sérgio faz chegar ao público um trabalho que atualiza material didático desenvolvido ao longo de 16 anos como docente da Universidade Federal da Paraíba, mesclando o rigor técnico da disciplina com passagens de sua experiência profissional e histórica. 

Livro faz pontes com a história da ciência

Prefaciado por Francisco Gil Messias, e com apresentação de Paulo Bezerril Junior, A Engenharia na História parte de uma disciplina que o autor ministrava na UFPB, abordando temas de infraestrutura com foco nos desafios nacionais. Um dos pontos sublinhados pelo especialista reside na ineficiência do sistema de distribuição de água no país. “Sabe quanto da água que é tratada se perde no caminho pra chegar nas casas de Roraima e Rondônia? É 86% por cento da água. Isso é coisa de país de quinto mundo” afirma. “Pernambuco perde 50 e tantos por cento. João Pessoa, 30%”.

O texto também estabelece pontes com a história da ciência, resgatando a precisão dos cálculos de grandes nomes. O autor menciona estudos sobre os cálculos complexos realizados por Leonardo da Vinci para dimensionamento de canais hidráulicos. “Um professor famoso da Venezuela, 500 anos depois, foi estudar todos esses cálculos de Da Vinci, botou no computador e sabe qual foi o erro que deu? Oito por cento. É inacreditável” observa.

Para além da pesquisa acadêmica, o livro inclui ainda narrativas de risco pessoal. Uma dessas lembranças remete às agruras que viveu quando da estada laboral na cidade peruana de Chimbote, durante a última epidemia de cólera na América Latina. “Quando cheguei no aeroporto, vi um cogumelo daqueles da bomba atômica. Pensei logo em voltar, mas depois eu descobri que era a poluição da maior siderúrgica do Peru. Por sorte os ventos levavam pra outro canto”, conta.

A missão era parte de seu trabalho e envolvia o risco de contaminação, com a cidade portuária registrando alta taxa de óbitos diários à época. O retorno do trabalho de três meses quase foi fatal — o voo que pegaria foi adiado e o avião original caiu nas montanhas no dia seguinte. Tudo isso vem registrado e rememorado na obra.

O autor agora se dedica a novas publicações, tendo um quinto volume sobre o tema em produção, com expectativas de lançamento em capa dura. Nascido em João Pessoa, Sérgio Rolim é Membro titular da Academia Nacional de Engenharia (ANE Brasil) e da Academia Paraibana de Engenharia (Apenge).

*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 28 de outubro de 2025.