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Aléssio Trindade destaca avanços na educação da PB

publicado: 14/02/2016 01h00, última modificação: 12/02/2016 23h03
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Secretário da Educação do Estado, Aléssio Trindade, revelou quais são os modelos de escolas que vêm sendo implantados na Paraíba - Foto: Marcos Russo

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José Alves

Em entrevista ao jornal A União, o secretário de Estado da Educação, Aléssio Trindade, revelou quais são os modelos de escolas que vêm sendo implantados na Paraíba, desde a primeira gestão do Governo Ricardo Coutinho, a exemplo da Escola Cidadã e Escolas Técnicas Estaduais, e afirmou que a meta principal é fazer com que os estudantes da rede oficial de ensino sejam competitivos para serem aprovados em concursos públicos, para ingresso em universidades, a exemplo do Enem, ou para enfrentarem o mercado de trabalho em diversas áreas. Aléssio revelou também que a Escola Cidadã tem a missão de zerar a evasão escolar no Estado e que as vagas nas novas Escolas Técnicas Estaduais estão sendo disputadas até por estudantes da rede privada.

Como o senhor projeta a repercussão a médio e longo prazo da mudança no ensino paraibano a partir da criação da escola cidadã?

A escola cidadã é focada no projeto de vida do estudante e a partir desse conceito ela vai dar sentido ao fato do estudante passar três anos vivendo nessa escola durante o dia. Essa escola vai traçar o perfil médio do estudante da rede pública estadual que vem de regiões mais vulneráveis. Geralmente esse estudante tem autoestima baixa. Tem baixa perspectiva de vida e pouca ambição. Ele também não tem nenhum interesse em leitura. Mas tudo isso acontece porque na maioria dos casos esses jovens não têm orientação familiar. Por isso, a escola cidadã é focada no projeto de vida do estudante para dar protagonismo a ele. A meta é fazer com que ele saiba que os sonhos são para ser realizados. Mas para isso, ele precisa ser orientado e precisa dar valor ao estudo. Nessa escola também serão dadas disciplinas como filosofia para que o estudante busque o protagonismo dele.

Quais os benefícios imediatos para a sociedade que as mudanças produzem?

Vamos a exemplos concretos. O bairro de Marcos Moura, no município de Santa Rita onde o governador Ricardo Coutinho vai inaugurar ainda este mês a Escola Cidadã Élito Santana. O bairro Marcos Moura é considerado violento e não tinha nenhuma escola. Então esse educandário está chegando para trabalhar o protagonismo dos jovens da região que sempre foi desassistida. A escola Nenzinha Cunha Lima, no bairro de José Pinheiro, em Campina Grande, a exemplo de outras, foi construída em região considerada violenta. Todas essas escolas não foram construídas nessas regiões por acaso, eles estão nesses locais para impactar mesmo, para mudar o perfil dos estudantes dessas regiões.

Como a educação tecnológica, com esses cursos técnicos, pode influenciar no cotidiano dos jovens?

A questão da educação profissional é um ponto muito importante para o Brasil. O país como um todo tem em torno de um milhão de matrículas no ensino técnico e mais de cinco milhões de matrículas no ensino superior. É uma relação equivocada porque se a gente pensa no mundo real precisamos aumentar a oferta de educação profissional como já acontece na Europa. E no Brasil ainda existe um número muito alto de evasão escolar no ensino médio. Em torno de 3 milhões de estudantes no país não concluem os estudos. Os estudantes têm que se prepararem para a vida profissional, porque muitos não conseguem entrar na universidade. Alguns conseguem chegar à Universidade e outros entram no mercado de trabalho. Muitas vezes eles terminam o ensino médio e não estão preparados para o mercado de trabalho. Então, a Educação Profissional no ensino médio vai dar ao estudante a oportunidade dele assumir o mercado de trabalho de forma competitiva e nesse ponto o Governo do Estado vem aumentando essa oferta na Paraíba gradativamente.

Os professores se integram de que forma a essa nova mentalidade que se está criando no Estado?

Nas escolas cidadãs temos um cuidado muito grande de fazer a capacitação dos diretores que foram escolhidos no processo de seleção pública. A existência da escola se dá em função do estudante, mas a essência se dá pelos professores. Então foi feita a seleção e capacitação de todos os professores e principalmente dos professores das escolas cidadãs. Já foram lançados os editais com 50 vagas para cursos de mestrado para professores na Universidade Estadual da Paraíba. Além disso, o projeto Gira Mundo contempla a participação de professores ao Canadá. Os primeiros já foram escolhidos para fazer o intercâmbio. Estamos trabalhando forte em parceria com a Finlândia, que tem o melhor sistema de educação do mundo. Esse ano também já foram lançados os editais Escola de Valor e de Mestres da Educação.

Que processos estão sendo realizados para o enfrentamento da crise que atinge a sociedade, com interferências negativas óbvias nos recursos que são destinados à Educação?

Mesmo nessa crise que o país enfrenta, o governador Ricardo Coutinho continuou avançando no foco que diz respeito ao que é mais importante para a educação na Paraíba. Ou seja, a ordem é continuar com os projetos de acordo com as receitas do Estado. É claro que fizemos ajustes e apertamos as gorduras para não deixar de percorrer esse caminho de melhorias na educação no Estado da Paraíba. Mesmo quando não tinha crise, o governador Ricardo Coutinho só realizava obras quando tinha dinheiro em caixa. Naquele período ele também valorizou os professores, criou 100 bandas marciais para as escolas, e mesmo agora na crise, continuamos com uma visão de futuro. Um exemplo é o projeto Gira Mundo, para que o jovem do ensino médio tenha o inglês como uma segunda língua. Cinquenta estudantes estarão indo para o Canadá ainda este ano para fazer intercâmbio. Da mesma forma, o Estado continua fazendo a qualificação e a valorização dos professores que ganham acima do piso. Só no ano passado, 60 escolas foram reformadas e ampliadas, um investimento de R$ 105 milhões. Este ano, mais 60 escolas serão reformadas e ampliadas. Este mês, o governador Ricardo Coutinho estará entregando mais duas escolas cidadãs a Hélinton Santana, no Marco Moura, em Santa Rita, e a escola de Ensino médio de Junco do Seridó.

Especificamente com relação a escolas técnicas, novas estão sendo construídas? E quantas serão inauguradas este ano?

Quanto às Escolas Técnicas, já foram inauguradas três nos municípios de Mamanguape, Bayeux e João Pessoa, que tem capacidade para 1.200 alunos. Todas no modelo de Escola Cidadã que prepara o estudante para o mercado de trabalho. As vagas estão sendo disputadas até por alunos oriundos da iniciativa privada. As novas Escolas Técnicas a serem entregues são as de Cajazeiras, São Bento e Cuité. O Governo do Estado está aguardando recursos para a construção de nove novas escolas, mas enquanto os recursos não chegam, estamos estruturando escolas de ensino médio que já existem em nossa rede, e estão em cidades importantes, para fazer ofertas de cursos técnicos. Um exemplo em João Pessoa é a Escola João Goulart, que tem diversos cursos na área de turismo que têm o reconhecimento do setor na região.

Qual foi o impacto da atual gestão no tamanho da rede escolar, e qual o tamanho do crescimento?

O impacto do crescimento da rede estadual foi positivo, aumentamos o número de estudantes em 40 mil. A oferta de vagas na rede estadual de ensino até 2014 era de atender 460 mil alunos, com a oferta de 100 mil novas vagas por ano para o ensino médio. Para este ano, a oferta de vagas é para 500 mil alunos. Os investimentos em infraestrutura de 60 escolas no ano passado foram superiores a R$ 105 milhões. Temos mais 11 obras em andamento com investimento de R$ 48 milhões. Os destaques são para as escolas construídas em Santa Rita (Helinton Santana) e a Escola em Junco do Seridó, que estão prestes a serem inauguradas. Só nessas duas escolas o investimento é de aproximadamente R$ 10 milhões.

E as inovações? Programas como o de robótica foram interiorizados?

Sim, as escolas de ensino médio possuem laboratórios de robótica. Já foram entregues cerca de 300, e esse ano vamos investir em laboratórios de Matemática.

Com relação ao apoio direto aos estudantes, o que a escola garante no que diz respeito a material didático, tecnologia e mecanismos de participação?

Nós temos o programa “Se Sabe de Repente” foi estendido a 50 escolas. É o programa que incentiva a criação de grêmios infantis e fomenta os alunos a discutir problemas como a violência, a questão da diversidade, do preconceito e a questão dos acidentes de trânsito. Nesse ano vamos discutir muito o zika vírus através desse programa. Além disso temos o programa da merenda, agenda, fardamento, além do acesso a todos os laboratórios. Nós compramos no ano passado 11 mil computadores dos mais modernos e tablets. Os alunos da rede pública estadual estão tendo acesso a muitas tecnologias e equipamentos que muitas escolas da rede privada não têm.

Quais as ações, projetos e programas para as práticas de esporte e de cultura na rede escolar hoje?

Esses assuntos estão mais ligados à Secretaria de Juventude, Esporte e Lazer (Sejel). Através dessa secretaria os nossos alunos estão sempre praticando esportes na Vila Olímpica Parayba. Temos também o Parque Aquático construído no Liceu Paraibano. Além desses dois espaços nós reformamos muitos ginásios em todas as Regionais de Ensino.

Qual o principal desafio atualmente da escola pública no país?

Em todo o país um dos grandes desafios na educação pública é o da gestão escolar. Trazer as escolas para o foco na aprendizagem do estudante. Os índices de aprendizagem em Português e Matemática estão melhorando, mas os indicadores ainda são ruins. Os investimentos em livros didáticos, em transporte, em merenda, em tecnologia e em formação de professores não dão mais os resultados se a gestão escolar não tiver organizada. Esse é o grande desafio. E é por este motivo que o governador Ricardo Coutinho criou a Escola Cidadã. Inicialmente ele criou 22 Escolas Cidadãs. Elas têm tudo que as outras escolas têm, mais o componente de gestão com foco no projeto de vida do estudante e de busca de resultados. Outro grande objetivo da Escola Cidadã é combater e zerar a evasão escolar.