“Editar é construir e alimentar o desassossego”, afirmou Cidoval Morais, diretor da Editora da Universidade Estadual da Paraíba (EDUEPB). A declaração foi feita durante o seminário “30 anos EDUEPB: Cultivando livros, colhendo mudanças”, que celebrou as três décadas de existência da editora. No evento realizado ontem, Morais detalhou a trajetória de sucesso da EDUEPB, desde sua criação até sua consolidação na produção literária e divulgação científica.
Com um acervo de mais de 1.500 títulos publicados, três prêmios Jabuti — a principal premiação literária do Brasil – e figurando como a sexta editora mais acessada no SciELO Brasil, uma biblioteca digital de acesso aberto de periódicos científicos, a EDUEPB se consolidou como uma das editoras públicas mais relevantes do Nordeste.
“Nesta trajetória de 30 anos, queremos celebrar não somente o marco cronológico, mas toda a história de fortalecimento da ciência de que a nossa Editora faz parte. Mais do que isso, a sua história de resiliência, sendo formada por uma equipe que sabe se reinventar. Durante a pandemia, nosso momento mais difícil, com dificuldades orçamentárias, nos viramos para os e-books e tem sido um sucesso absoluto, alavancando ainda mais nossas produções para o Brasil e para o mundo”, comentou Célia Regina, reitora da UEPB.
Segundo Cidoval, ao assumir a direção de uma editora, há três caminhos: o primeiro é a postura passiva de esperar o livro chegar, o que pode levar à acomodação; a segunda é a postura proativa de provocar e convocar autores a partir da abertura de editais de publicação; e a terceira, e mais desafiadora, é a de provocar o próprio livro. Essa última envolve buscar grupos de pesquisa e sugerir o desenvolvimento de temas de estudo em formato de livro. Cidoval ressaltou que essa abordagem tem sido a mais bem-sucedida, resultando em prêmios e alcance a regiões antes inimagináveis.
Durante o seminário, a importância das editoras públicas para a disseminação do conhecimento e da literatura foi um tema central. Naná Garcez, diretora-presidente da Empresa Paraibana de Comunicação (EPC), que inclui a Editora A União — parceira da EDUEPB —, destacou que essas editoras facilitam a democratização do acesso ao conhecimento. “Através da Editora A União, podemos compreender o papel das editoras públicas, sejam universitárias, sejam de imprensas noticiais, como a EPC. Nós sabemos que as editoras públicas são difusoras do conhecimento, da literatura, da cultura e, no caso específico das editoras universitárias, possuem um objetivo forte na propagação dos resultados das pesquisas acadêmicas de estudantes e professores. Então, é uma responsabilidade com a democracia, com a inclusão do conhecimento, com o estilo da cidadania e com a valorização da universidade”, frisou.
Parcerias e publicações
A parceria entre a Editora A União e a EDUEPB, firmada em 2019, já rendeu a publicação de coletâneas premiadas. Entre elas, destaca-se o box “Cartas a Paulo Freire — Escritas por quem ousa esperançar”, que conquistou o primeiro lugar no prêmio da Associação Brasileira de Editoras Universitárias (Abeu). “As parcerias são extremamente importantes, porque o livro ainda é um produto caro no Brasil. E as parcerias possibilitam que a gente consiga fazer publicações com mais facilidade, além de fortalecer as instituições envolvidas”, afirmou Alexandre Macêdo, gerente da Editora A União.
- Professor de Letras da UEPB, Diógenes Maciel, é o docente com mais títulos publicados | Foto: Julio Cezar Peres
As comemorações em alusão ao aniversário de 30 anos da editora da UEPB continuarão na sexta-feira (13), no Museu de Arte Popular da Paraíba (MAPP). No local, será realizada a 2a edição do Forró do Livro e da Cidadania, uma feira destinada à comunidade universitária e ao público em geral, com mais de 200 livros de diversos autores ao preço único de R$ 10.
*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 11 de junho de 2025.