Uma inovadora pesquisa está reescrevendo a história do semiárido paraibano, transformando a árida paisagem em um ambiente de oportunidades e sustentabilidade. O projeto de pesquisa revela o potencial extraordinário da palma forrageira, consolidando-a como um verdadeiro “ouro verde” para a região. A palma forrageira constitui-se em uma revolução verde que floresce no semiárido paraibano, apresentando resiliência e prometendo renda para a agricultura familiar
As pesquisas são desenvolvidas a partir de uma parceria estratégica entre a Empresa Paraibana de Pesquisa, Extensão Rural e Regularização Fundiária (Empaer), o Banco do Nordeste (BNB) e o Fundo de Desenvolvimento Industrial do Ceará (Fundeci). O projeto é coordenado pelo pesquisador Wandrick Hauss de Sousa e desenvolvido pelos pesquisadores Thiago de Sousa Melo e Larissa Kellen de Moraes, da Empaer.
A partir da implementação de Unidades Demonstrativas de Tecnologia (UDTs) em Soledade (sistema irrigado) e Monteiro (sistema de sequeiro), o projeto não apenas validou as melhores práticas de cultivo, mas também pavimentou o caminho para uma nova era de prosperidade para milhares de agricultores familiares.
O centro desse estudo pioneiro foi a busca por um aprimoramento substancial nos sistemas de produção de palma forrageira, com o objetivo de identificar os genótipos mais produtivos e os métodos ideais de plantio, adubação e densidade que garantam a máxima viabilidade econômica.
A palma forrageira é um alimento crucial para a sustentabilidade da pecuária de caprinos e ovinos, especialmente vital em períodos de estiagem prolongada que assombram o semiárido. Os resultados obtidos são mais do que promissores; eles apontam para um futuro mais seguro e, inegavelmente, mais rentável para os produtores locais.
Produtividade e lucro
Para as áreas onde o acesso à irrigação é uma realidade, o estudo demonstrou que o investimento nesta tecnologia é exponencialmente compensador, gerando retornos financeiros robustos e agilidade na recuperação do capital.
O genótipo Pendência Clone Doce (PCD) emergiu como o grande destaque, apresentando uma produtividade impressionante de 600 toneladas de matéria verde por hectare. Sob uma análise econômica aprofundada, esse genótipo registrou um “Valor Presente Líquido (VPL) superior a R$ 217 mil e uma Taxa Interna de Retorno (TIR) de 153%”.
O que é ainda mais notável é o tempo de retorno do investimento: em apenas 0,65 anos, ou seja, em menos de oito meses, o capital investido é recuperado, evidenciando a agilidade e a solidez financeira do sistema.
A melhor forma de plantar
Quando o assunto é arranjo espacial no campo, o método de plantio “1,20 m x 0,10 m”, correspondente a 83.333 plantas por hectare, sobressaiu-se, alcançando uma produtividade recorde de 867 toneladas de matéria verde por hectare. Do ponto de vista financeiro, esse método apresentou o maior VPL de todo o estudo, ultrapassando os R$ 320 mil, com uma TIR de 143% e um retorno do investimento em apenas 0,70 anos.
Esses resultados comprovam, sem margem para dúvidas, que, com as escolhas corretas de variedade e um manejo otimizado, o cultivo irrigado da palma forrageira pode se tornar uma atividade extremamente lucrativa e um pilar para a economia rural.
Lucratividade em condições desafiadoras
Para as vastas extensões do semiárido que dependem unicamente das chuvas — um recurso escasso e imprevisível —, o estudo trouxe uma mensagem de esperança e viabilidade. Mesmo sem o auxílio da irrigação, a palma forrageira revela-se um excelente negócio, capaz de gerar renda e segurança alimentar.
Enfrenta a seca
O genótipo Negro Michoacán (V07) foi aclamado como o vencedor no sistema de sequeiro, demonstrando uma produtividade de 503 toneladas de matéria verde por hectare. Economicamente, essa opção mostrou-se a mais atrativa, com um VPL de R$ 189 mil e a maior TIR de todo o projeto: um espantoso 229%. O tempo de retorno do investimento é, de longe, o mais rápido registrado, em incríveis 0,44 anos — menos de seis meses —, indicando uma recuperação do capital quase imediata e uma robustez financeira impressionante em condições adversas.

- No sistema de sequeiro, a adubação orgânica, utilizando 10.000 kg por hectare de esterco caprino, provou ser a mais vantajosa
Adubação inteligente
No sistema de sequeiro, a adubação orgânica, utilizando 10.000 kg por hectare de esterco caprino, provou ser a mais vantajosa para as variedades de Orelha de Elefante Mexicana (OEM) e V07. Essa prática não só garante excelentes retornos econômicos, mas também oferece um retorno rápido, sugerindo que a natureza, através de práticas sustentáveis, oferece as melhores soluções para as condições de baixa disponibilidade hídrica.
O plantio que mais rende
A forma de plantio “1,20 m x carta de baralho simples” (com 49.020 plantas por hectare) consagrou-se como a mais rentável. Esse método alcançou um VPL de quase R$ 258 mil, uma TIR de 234% e um Payback surpreendente de 0,43 anos — o mais rápido de todo o estudo. Isso demonstra claramente que é possível obter alta lucratividade mesmo com menores custos de implantação, otimizando o uso do espaço e dos recursos.
Impacto transformador para os produtores
Esse estudo vai muito além da compilação de números e dados; ele representa um guia prático e uma fonte de inspiração para agricultores que anseiam por aumentar sua produção e, consequentemente, sua renda. Ao identificar as variedades e técnicas mais eficientes e economicamente viáveis para cada condição específica (seja irrigada ou de sequeiro), o projeto oferece ferramentas concretas para:
combater a escassez de alimento, assegurando uma oferta constante e de qualidade de forragem para os animais, mesmo nos períodos mais severos de seca prolongada, um desafio histórico na região;
aumentar a renda familiar, transformando a atividade agropecuária de subsistência em um negócio mais estruturado, lucrativo e previsível, elevando a qualidade de vida das famílias rurais;
promover a sustentabilidade, incentivando o uso inteligente dos recursos naturais e a adaptação da produção às características climáticas locais, fortalecendo a resiliência do ecossistema e das comunidades.
Os resultados obtidos a partir das UDTs de palma forrageira não apenas validam anos de pesquisa e dedicação, mas também pavimentam um caminho claro e promissor para um semiárido paraibano mais próspero, onde a tecnologia e o conhecimento tornam-se aliados indispensáveis na jornada dos produtores rumo ao desenvolvimento sustentável.
Futuro
Esse projeto inovador é fruto da colaboração e expertise de equipes dedicadas das instituições parceiras: a Empresa Paraibana de Pesquisa, Extensão Rural e Regularização Fundiária (Empaer), o Banco do Nordeste (BNB) e o Fundo de Desenvolvimento Industrial do Ceará (Fundeci), reafirmando o compromisso conjunto com o avanço e a prosperidade do semiárido. O projeto é coordenado pelo pesquisador Wandrick Hauss de Sousa e desenvolvido pelos pesquisadores Thiago de Sousa Melo e Larissa Kellen de Moraes, da Empaer.
*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 29 de novembro de 2025.