A Paraíba reforçou o compromisso com a responsabilidade ambiental e econômica durante a 30a Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), realizada em Belém (PA), de 10 a 21 de novembro deste ano. O evento proporcionou a oportunidade de expor o potencial de inovação do estado, com a apresentação de iniciativas capazes de atender e propor soluções para as demandas climáticas. Centro das discussões, o semiárido paraibano foi exemplo de que é possível fazer a sustentabilidade e a inclusão econômica caminharem juntas.
Uma das expositoras foi a Fundação de Educação, Tecnologia e Cultura da Paraíba (Funetec-PB), que levou projetos de empreendedorismo feminino, gestão sustentável e monitoramento ambiental à Zona Verde da conferência. Entre as iniciativas, está a associação Mulheres de Quixaba, atuante há 12 anos na Zona Rural de Picuí, no Seridó do estado. Com 25 associadas e 900 pessoas afetadas indiretamente, a organização produz doces, geleias e bolos feitos artesanalmente a partir de frutas como umbú, caju e coco, extraídas pelas próprias agricultoras da região, e arrecada cerca de R$ 30 mil por mês.
“As mulheres rurais não têm oportunidade de emprego. Para a mulher do campo, sobrava cuidar dos afazeres domésticos e ser mãe de família. Nossa associação trabalha essa igualdade de gênero, para que as mulheres do campo tenham as mesmas oportunidades que os homens. Elas fazem o seu horário, elas trabalham para si e têm um aumento na renda de aproximadamente um quarto de salário mínimo, nesse momento, mas lutam pelo sonho de ter a autonomia financeira”, explica a fundadora da associação, Edvânia Dantas.
- Foto: Divulgação/Funetec-PB
Ela participou de dois painéis no evento, em que apontou a repercussão local da marca desenvolvida pelas mulheres da comunidade, Delícias de Quixaba, e destacou os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) seguidos pela organização. “A receptividade em relação ao nosso projeto foi a melhor possível. A gente sentiu uma interação bastante positiva pelas pessoas que nos escutaram. Por meio dessa apresentação na COP, já tivemos vários contatos positivos”, revela.
Durante o encontro, foi exibido ainda o Programa Estratégico de Estruturas Artificiais Marinhas da Paraíba (Preamar). Segundo a Funetec, o projeto atua na preservação da área costeira do estado, já instalou 14 mil blocos de recifes artificiais em 10 pontos estratégicos do litoral paraibano e beneficiou mais de um milhão de pessoas em nove municípios, com atividades de pesca responsável e turismo ecológico. Além disso, a instituição divulgou a plataforma ODS-PB, ferramenta que monitora e avalia o desenvolvimento sustentável nas cidades da Paraíba, desenvolvida em parceria com a Universidade Federal da Paraíba (UFPB), o Governo do Estado e a Assembleia Legislativa da Paraíba (ALPB).
Inclusão social
A CTG Brasil, terceira maior geradora de energia renovável do país, também participou da COP30. A empresa coordena projetos no Seridó do estado que aliam a transição energética à agricultura familiar. Cinco municípios são beneficiados pelas iniciativas: Nova Palmeira, Pedra Lavrada, Baraúna, São Vicente do Seridó e Picuí, que ficam na região do Complexo Eólico Serra da Palmeira.
“Nesses projetos, a gente está atuando com as pessoas que residem muito próximas das nossas operações. É aquela família, aquele produtor, que está convivendo perto de um aerogerador da CTG Brasil, por exemplo. Assim, a gente consegue ajudar na geração de renda e acaba diretamente impactando e suportando a transição energética de uma forma justa, inclusiva, que dá acesso, que dá oportunidade para as comunidades que vivem próximo dos complexos”, destaca o gerente de Sustentabilidade da CTG Brasil, Ronan Max Prochnow.
O projeto Usina de Negócios, organizado em parceria com o Instituto Meio, apoia a produção de leite e carne de caprinos no local. Parte da produção serve aos próprios produtores, como incremento na alimentação diária, e o excedente é vendido para cooperativas, que revendem o produto para programas governamentais de merendas nas escolas públicas da comunidade. Já o programa Fazendo a Diferença incentiva o reuso de águas residuais domésticas para a agricultura familiar e criação de animais, em conjunto com a Fundação Energia e Saneamento.
A empresa estima que 62 famílias e mais de 450 pessoas tenham sido impactadas na Paraíba pelas ações.
Paraíba Mais Verde
No painel “Recaatingamento e Recuperação da Caatinga no Consórcio Nordeste”, a secretária de Estado do Meio Ambiente e Sustentabilidade, Rafaela Camaraense, apresentou o programa Paraíba Mais Verde. A iniciativa contribui para o reflorestamento de nascentes, matas ciliares e áreas de lixões desativados, além de incentivar a arborização urbana e a produção sustentável por meio dos sistemas agroflorestais (SAFs). Uma equipe especializada de assistência técnica fortalece o andamento das ações, a partir da capacitação de comunidades e distribuição de mudas nativas.
O Paraíba Mais Verde é composto por cinco projetos: Viveiros Parahyba do Futuro, Regulariza-PB, Corredor das Águas, Cidade + Verde, Sertão Vivo e Lixão Legal. Essas atividades estabelecem corredores ecológicos e criam paisagens que permitem visualizar um futuro sustentável na Paraíba.
COP30
A Conferência das Partes (COP) acontece anualmente e é o maior evento da Organização das Nações Unidas (ONU) para discutir e negociar medidas governamentais frente às mudanças climáticas. Neste ano, a cidade de Belém, no Pará, sediou a 30ª edição do evento e colocou a Amazônia no palco dos debates acerca das demandas climáticas. Números do Ministério do Turismo colocam a COP30 como a segunda maior da história, com mais de 42 mil participantes de 195 países, atrás apenas da ocorrida em 2023 na cidade de Dubai, nos Emirados Árabes Unidos.
*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 26 de novembro de 2025.