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Otávio Ribeiro Coutinho

Dirigente da Feap faz balanço positivo de 2025

publicado: 09/12/2025 08h57, última modificação: 09/12/2025 08h57
Apesar das dificuldades financeiras para a promoção de competições no automobilismo, ele projeta avanços para a próxima temporada
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Otávio Ribeiro destaca a importância dos empresários Fernando Monteiro e George Crispim no automobilisno da Paraíba | Foto: Evandro Pereira

por Camilla Barbosa*

A Federação de Automobilismo do Estado da Paraíba (Faep) encerrará o ano com 114 pilotos federados e uma temporada que contou com diversas competições de grande sucesso que renderam bons frutos à modalidade esportiva no estado. O presidente da entidade há quase 10 anos, Otávio Ribeiro Coutinho, em entrevista ao jornal A União, faz um balanço da temporada atual e projeta ainda maiores avanços nesse cenário em 2026.

A entrevista

Qual a avaliação que você faz em relação ao ano de 2025 para o automobilismo paraibano?

Em 2025, mesmo com toda a situação [financeira] que nós estamos vivendo, foi um ano positivo. Em relação ao kart, o grid diminuiu um pouco, sim. Mas temos outras praças desportivas que foram criadas aqui no Nordeste, como o cartódromo em Alagoas, e, com isso, teve aumento de pilotos lá. Eles também estão começando a vir aproveitar a pista daqui; é tanto que, no ano que vem, além do nosso estadual, nós vamos ter um regional tanto com os pilotos daqui, da Paraíba, no Paladino, como de lá, e, com isso, eu acredito que o grid vai aumentar consideravelmente. Sobre o Autódromo Internacional, esse cresceu bastante. Nós temos uma categoria de iniciantes que se chama “Palio Cup”, com carros no grid todos iguais, com a mesma motorização, um nível muito similar de um carro para o outro. Então é uma corrida bacana de se assistir, bem disputada, temos pilotos de toda a região do Nordeste e é muito bom. E as outras marcas também aumentaram seu número de carros no grid. Eu acredito que o ano que vem vai aumentar mais ainda.

Como você avalia o trabalho que Giovanni Guerra, maranhense reeleito para a presidência da Confederação Brasileira de Automobilismo (CBA) para o quadriênio 2025–2029, vem fazendo? Qual a importância de termos um nordestino nesse cargo?

Nós estamos tentando modificar o próprio estatuto da Confederação, para que ele não só faça esses oito anos, como manda o estatuto, mas fique mais quatro anos, porque a Confederação nunca cresceu tanto, nunca se criou uma credibilidade tão grande, tanto a nível nacional como internacional. Hoje, a CBA é uma das instituições mais respeitadas no mundo todo, não só aqui, dentro do Brasil. Ele criou credibilidade junto aos promotores de eventos, e com isso o automobilismo, não só na Região Nordeste, mas em todo o Brasil, cresceu sensivelmente.

Há algum tempo, foi levantada a possibilidade de João Pessoa receber uma das etapas da Stock Car. Ainda existe essa possibilidade?

Nós temos essa possibilidade, através de um circuito de rua, que seria lá no Altiplano: parte do circuito seria dentro do próprio Centro de Convenções, se utilizaria toda aquela estrutura para boxes e o restante do circuito seria naquele anel externo, que passa naquela estrada que dá acesso ao Conde. Também há a possibilidade de se realizar no próprio Autódromo daqui: o proprietário de lá, o senhor Fernando Monteiro, está fazendo novos investimentos para se adequar perante as medidas exigidas pela CBA para receber uma homologação a nível nacional e, com isso, virão eventos a nível nacional. Não imediato a Stock Car. Virá a  Turismo Nacional, a Sprint Race (Nascar Brasil) e, logo depois, a Stock Car. Porque são vários detalhes, como o pit lane, que está um pouco estreito, tem que alargar, entrada e saída de boxes, enfim, o que está faltando lá são alguns itens referentes à segurança, tanto para os pilotos como para o público de um grande evento. Eu acredito que essa homologação saia no ano que vem.

 Na sua concepção enquanto dirigente, o que é que faz a Paraíba ser tão forte nesse cenário de automobilismo?

Primeiro, agradeço a Deus por ter dois malucos aqui na Paraíba. Um se chama George Crispim, que é o proprietário do Paladino, e outro louco que se chama Fernando Monteiro, porque eles investem construindo essas praças esportivas, que sabem que não vão ter retorno financeiro; se tiver, é no longo prazo. Infelizmente, nós não temos o apoio forte, tanto de iniciativa privada como de iniciativa pública. Da pública nós conseguimos, em algumas situações, como ambulância, algumas coisas que diminuem os nossos custos para os eventos. E tem a questão que hoje, no Nordeste, o único local que tem praça esportiva funcionando é a Paraíba. No Ceará, infelizmente, o Autódromo de Eusébio, eu acredito que só vai  funcionar até esse ano; está uma luta tremenda lá. O Autódromo de Caruaru, está tendo uma movimentação dizendo que também vai sair; eu acho muito difícil. Então, aqui, a Paraíba está privilegiada por causa desses dois malucos, e também por nós estarmos muito centralizados. Nós estamos no meio do litoral do Nordeste. Então fica bom tanto para quem está na Bahia para vir à Paraíba quanto para quem está lá no Maranhão vir também.

Em 2026, nós teremos o jovem pernambucano Rafael Câmara disputando a Fórmula 2, além do paulista Gabriel Bortoleto na Fórmula 1. A Feap tem buscado a revelação de jovens talentos paraibanos no automobilismo? Se sim, como?

Tudo inicia no kart. Se você tem um kart forte, você tem perspectiva de ter representantes fortes saindo daqui da Paraíba. Mas é como eu falei: o dinheiro está pouco e o povo está priorizando outras situações. Porque hoje, pra você colocar uma criança para iniciar no kart, logo de entrada, o pai do piloto gasta em torno de 100, 120 mil. Só de estrutura de ferramentas, equipamentos e o próprio kart para entrar para competir profissionalmente. Então você vai pra uma corrida e já gasta de 8 a 10 mil reais numa etapa na Paraíba, com inscrição, pneus, mecânico, hotel; tem tudo isso, não é barato. E, quando você começa, você não vai correr só aqui. Você tem que ir para outras praças esportivas e disputar com outros pilotos, de outras regiões. E ali é uma escola, você vai aprendendo. É um passo a passo. Você começa num kart, para, como o Rafael Câmara, chegar numa F2. Você tem que ter um senhor “PAItrocínio”, pra chegar nessa situação. A gente tem a praça esportiva, que tá aí pra o pessoal começar. Tem as escolas de kart, lá no próprio Paladino. O que inviabiliza é essa questão financeira, porque é muito difícil, até pra questão de patrocínio.

Em 2026, você completa 10 anos como presidente da Feap. Quais desafios e avanços você notou nesse período?

Uma dificuldade é você querer que a coisa aconteça sem ter o apoio da iniciativa privada, e, portanto, tudo ser muito difícil. Mas a gente está caminhando, está crescendo, devagarzinho, como eu falei, com o Fernando Monteiro e o George Crispim, já que a ajuda da parte da iniciativa privada são eles dois. Estamos fazendo a coisa acontecer. E também a grande ajuda dos pilotos, porque, puxando pra lá, pra cá, a grande estrela do negócio são os pilotos. Se não tiver o piloto, não existe a união. E a perspectiva é de crescer mais. A gente espera que 2026 seja um ano bem mais positivo.

*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 7 de dezembro de 2025.