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Futebol de cegos

Documentário mostra os bastidores nas Paralimpíadas

publicado: 01/12/2025 09h21, última modificação: 01/12/2025 09h21
Paraibanos Fábio Vasconcelos e Matheus Costa estão entre os protagonistas, no caminho dos Jogos de Paris
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Fotos: Divulgação/BushatskyFilmes

por Camilla Barbosa*

Já está disponível, desde a última terça-feira (25), o documentário “Futebol de Cegos: O jogo mais difícil”, lançado pelo Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB), em parceria com a Bushatsky Filmes. A obra, que integra o catálogo da Globoplay, mostra o percurso e os bastidores da Seleção Brasileira de futebol de cegos rumo aos Jogos Paralímpicos de 2024. Entre os protagonistas, estão os paraibanos Fábio Vasconcelos (à época, técnico do elenco) e o goleiro Matheus Costa.

As gravações contemplaram diferentes cenários, como os treinos intensos na base da Seleção, no Instituto de Cegos da Paraíba, em João Pessoa, atividades especiais na praia, além de momentos de convivência e lazer entre os integrantes. Além disso, a produção acompanhou o grupo verde-amarelo em algumas competições internacionais na França e na Inglaterra, que antecederam os Jogos de Paris.

O filme é dirigido por André Bushatsky, cineasta que tem outras obras em seu currículo que retratam o universo paralímpico, como a série “Da Inclusão ao Pódio” e os documentários “O Instante Decisivo” e “Mulheres no Pódio”.

“O futebol de cegos traz muita curiosidade; como todo mundo está acostumado ao futebol, quando você fala que é de cegos, as pessoas também querem assistir. E para mim, como documentarista, como cineasta, como contador de história, é um tema perfeito, porque, quando falamos de jogo, a gente nunca sabe quem vai ganhar e quem vai perder. Como  Fábio diz muito lá no filme: ‘A gente entra preparado para ganhar, tem os treinos, mas a gente nunca sabe o que vai acontecer’. Então, para o filme, isso é muito rico, porque ele vive desse clímax para poder deixar o público cativado”, ressalta André. 

Treinos na Praia de Cabo Branco foram de muita intensidade, antes do embarque para a disputa dos Jogos Paralímpicos de Paris, em que a Seleção conquistou a medalha de bronze

“Eu acho que você tem que abrir o Globoplay e assistir a este filme porque é uma jornada que vale a pena ser assistida, que vale a pena ser acompanhada. É um filme que traz risada, emociona, tem jogo, é um filme de esporte, humano, tem personagens reais, então é um filme completo, você tem que assistir; tem tudo, você vai se divertir”, acrescenta o diretor da obra.

Para Fábio Vasconcelos, o documentário lança luz sobre uma temática que, felizmente, tem sido cada vez mais divulgada, engrandecendo ainda mais o paradesporto nacional. “Para mim, esse filme foi fantástico. Eu comecei como goleiro ali em 2003, depois segui até 2012, e em 2013 eu me tornei técnico, então eu vi essa evolução. A gente já melhorou muito essa parte da mídia, de divulgação, mas temos que melhorar ainda mais, e esse filme veio para isso”, disse ele.

“Eu tive a felicidade, depois de Paris, de seguir minha carreira, mas esse filme contou uma história minha, para mim, muito bonita, com vitórias e com derrotas também. Logo depois de Paris, recebi o convite para ser coordenador técnico da CBDV, do judô, do goalball e do futebol de cegos. Então esse filme, para mim, foi a cereja do bolo. Infelizmente, o título não veio, que era o objetivo da gente, mas treinamos para isso, tivemos alguns problemas de lesão nesse percurso, mas a gente chegou lá muito forte”, acrescenta o ex-treinador da Seleção Brasileira.

Fábio ainda aponta que o filme reforça algo muito importante sobre o atual cenário do esporte paralímpico: a profissionalização dos atletas. “Uma das principais mensagens que esse filme deixou foi mostrar que o esporte paralímpico, não só o futebol, é composto de modalidades, hoje, profissionais. Não é o coitadinho,  o ceguinho, o deficiente físico, não; são atletas que vivem disso, são profissionais, recebem salário para isso, treinam todos os dias, tem uma equipe disciplinar por trás, fisiologista, nutricionista, psicólogos. Esse filme deixou bem claro: foi o futebol que estava ali, mas mostrando que, realmente, o esporte paralímpico evoluiu bastante”, enfatizou.

Ao comentar sua presença no documentário, o goleiro paraibano Matheus Costa destacou a mudança que o esporte trouxe para sua vida e a importância de mostrar os bastidores da modalidade.

Produção acompanhou o grupo em algumas competições internacionais na França e na Inglaterra, antes dos Jogos de Paris

“Eu nunca imaginei que um dia eu chegaria à Seleção Brasileira, e estou lá, desde 2019, vivendo esse dia a dia, essa rotina, esses treinamentos. A minha vida mudou totalmente depois que eu me tornei um atleta profissional, e representar o Brasil é um sonho desde criança. O que eu acho mais interessante do filme é que mostra os bastidores que ninguém conhece, mostra o dia a dia que ninguém imagina que acontece, a pressão feita nos treinamentos, nos jogos, nas preleções, durante o jogo, pós-jogo, mas também o dia a dia leve dos treinamentos, um churrasco, as brincadeiras”, inicia.

“Acho que o filme conseguiu retratar a realidade principal do atleta, o treinamento, a cobrança, o resultado que vem e que não vem, que faz parte da nossa vida de atleta. Eu acho que o time da gente é um time extremamente experiente e maduro, e a gente sabia, quando perdemos para a Argentina naquela semifinal, que não tínhamos tempo para lamentar; nós tínhamos uma medalha de bronze para corrermos atrás, para buscar, então a maturidade do nosso grupo, o treinamento durante o ano, tudo que foi feito durante todo o ano de 2024 foi coroado com a medalha. Estou muito feliz por estar participando do filme, minha primeira vez em um documentário. Quero parabenizar, mais uma vez, o André e toda a equipe pelo sucesso que esse filme teve”, complementou o arqueiro.

*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 30 de novembro de 2025.