Notícias

Bessa

Bairro faz 76 anos como símbolo da transformação urbana

publicado: 25/09/2025 09h24, última modificação: 25/09/2025 09h24
parque_linear_paraiba © Marcos Russo.JPG

Os parques locais são um atrativo para os diferentes perfis de moradores que vivem no local | Foto: Arquivo/Marcos Russo

O Bessa, que completa 76 anos em setembro, é hoje um dos símbolos da transformação urbana de João Pessoa. Porta de entrada para novos moradores e visitantes, a região — que inclui Bessa, Jardim Oceania e Aeroclube — é a terceira mais populosa da capital, atrás apenas de Mangabeira e Gramame.

De 2000 a 2022, o número de residentes cresceu 142%, colocando o bairro na terceira posição do ranking populacional da cidade. Se fosse um município, teria a 10a maior população da Paraíba.

O servidor público Ícaro Albuquerque, morador desde 2002, acompanhou de perto as mudanças. “Quando chegamos, era só mato e barro. Aos poucos, vieram ruas calçadas, comércios, parques”, lembra. Ele destaca a boa infraestrutura e áreas de lazer, mas aponta problemas, como praia superlotada, poluição sonora e trânsito intenso.

O avanço populacional impulsionou a verticalização, fazendo de João Pessoa a capital mais verticalizada do Nordeste. Isso elevou o preço dos imóveis. No Jardim Oceania, o m² valorizou 89% em seis anos. Em 2024, o Bessa registrou a segunda maior alta da cidade (22,6%), seguido do Aeroclube (16,2%). Juntos, os três bairros colocaram João Pessoa entre as capitais com maior valorização imobiliária do país.

O comércio acompanhou o crescimento, com shoppings, bares e restaurantes movimentando o bairro de dia e à noite. Os parques lineares Parahyba se tornaram marcos urbanísticos, unindo lazer e preservação ambiental, e o futuro Parque da Cidade, no Aeroclube, será um dos dez maiores do país.

Para o empresário Pedro César, o desenvolvimento é resultado da combinação entre beleza natural e investimentos em infraestrutura. O perfil dos novos moradores também mudou, além de famílias, há jovens profissionais, casais sem filhos e investidores estrangeiros.

História e comunidade

A história do bairro remonta ao capitão português Antônio Bessa, que substituiu a vegetação nativa por coqueiros. No século XX, o local foi vila de pescadores até que o desvio do Rio Jaguaribe, nos anos 1940, permitiu sua ocupação. Em 1998, uma lei dividiu oficialmente a região em três bairros, consolidando os eixos comerciais nas principais avenidas.

A mobilização comunitária também é destaque. Coordenadora da Associação dos Ambientalistas e Moradores do Jardim Oceania (Amjo), a jornalista Madrilena Feitosa atua, junto aos demais membros, em favor do bem estar coletivo e da preservação ambiental na região. A associação promove cultura e convívio em espaços públicos. “Nós temos, por exemplo, na Ecopraça, diversas atividades de yoga gratuitas para a comunidade. Realizamos também, anualmente, o São João Comunitário, há 6 anos, e também o Natal Comunitário. Então, é um espaço de socialização, e de organização comunitária em prol do meio ambiente”.

A jornalista destaca também que a associação preocupa-se em levar reivindicações relevantes para a população até o Poder Público, em busca de melhorias para o bairro. “Os vereadores da Câmara Municipal de João Pessoa, estarão em audiência no Bairro, reunidos com a comunidade. Uma das nossas propostas é a realização do projeto de revitalização do Ecobosque. Uma área de preservação ambiental que a nossa associação cuida há oito anos. Lá, plantamos mais de 300 espécies, cuidamos dessa área, que é um bosque, é arborizada, e nós queremos a implantação de alguns equipamentos públicos dentro desse espaço”, conta.

A Amjo tem, também, como preocupação a saúde pública no local. “Outra proposta que nós defendemos, é relativa à saúde aqui no bairro, porque nós só temos uma única unidade de saúde da família, que é pequena e não tem estrutura para atender a demanda crescente”, acrescenta Madrilena.

*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 25 de setembro de 2025.