A Polícia Civil da Paraíba (PCPB) alcançou o índice histórico de 66% de elucidação de crimes envolvendo mortes violentas intencionais (MVIs) no estado, no período de janeiro a agosto de 2025. Trata-se do maior percentual já registrado pela instituição, desde que o índice passou a ser contabilizado, conforme dados consolidados e divulgados pela Diretoria de Estatística Criminal e Análise de Dados (Diest) da Delegacia-Geral da Polícia Civil paraibana.
O levantamento da Diest aponta um crescimento contínuo, ao longo dos últimos seis anos, na capacidade de solução de MVIs — que englobam homicídios dolosos, latrocínios, lesões corporais seguidas de óbito e mortes decorrentes de intervenções policiais. Em 2020, a PCPB registrou 35% de esclarecimento das MVIs em todo o estado. Em 2021, o índice subiu para 37%. Nos anos seguintes, os percentuais seguiram em ascensão: 44% em 2022, 53% em 2023 e 59% em 2024. Agora, nos primeiros oito meses de 2025, o órgão policial chega ao patamar máximo de desempenho até o momento.
A performance da Paraíba ganha ainda mais destaque quando comparada à média nacional de elucidação desse tipo de crime, que é de 37%, de acordo com métricas do Instituto Sou da Paz. Sediada em São Paulo (SP), a entidade é considerada referência nacional em estudos sobre segurança pública.
O trabalho da PCPB foi elogiado, inclusive, pela professora Ludmila Ribeiro, uma das maiores pesquisadoras da área no Brasil, que esteve em João Pessoa, na semana passada, para realizar uma palestra na Academia de Polícia Civil (Acadepol). “O que a gente está vendo aqui é uma boa polícia, do ponto de vista do que os estudos internacionais dizem que é uma boa polícia”, afirmou a especialista, na ocasião, destacando o que distingue a Paraíba de outras unidades federativas.
“Para 26 estados do país — e a exceção é a Paraíba —, a prisão em flagrante explica boa parte da elucidação [dos crimes], e isso quer dizer que, quanto maior o percentual de prisão em flagrante, maior o percentual de elucidação. E por que na Paraíba isso não explica? Porque, aqui, a prisão é feita muitas vezes a posteriori, como acontece no cenário internacional — ou seja, quando há elementos substantivos de autoria e de materialidade para manter o sujeito esperando no que a gente chama de ‘prisão preventiva’. Vocês conseguiram construir elevadas taxas de elucidação sem depender tanto da prisão em flagrante. É isso que torna a Paraíba um grande caso de sucesso”, declarou Ludmila.
Desempenhos locais
Ainda segundo os dados revelados pela Diest, algumas regiões do estado apresentam resultados ainda mais expressivos do que o desempenho geral paraibano, com 100% de elucidação de todos os homicídios registrados neste ano. É o caso dos territórios de atuação da 16a Delegacia Seccional de Polícia Civil (DSPC), sediada em Princesa Isabel, e da 23a DSPC, sediada em Juazeirinho, além do município de Patos, no Sertão.
Na avaliação do delegado-geral da Polícia Civil da Paraíba, André Rabelo, os resultados deste ano são consequência direta de uma política consistente de fortalecimento da investigação criminal, com investimentos estruturais, tecnológicos e humanos.
“É uma clara relação de causa e efeito. Nos últimos seis anos, a Polícia Civil realizou o maior concurso público de sua história, adquiriu ferramentas importantes para a investigação de crimes e vem capacitando seus profissionais ano a ano. Com base nessa política de segurança, de apostar na investigação técnica, delineada pelo Governo do Estado e pela Secretaria da Segurança e da Defesa Social [Sesds], a Paraíba consegue avançar significativamente na resposta aos crimes mais graves, que são aqueles que tiram a vida das pessoas”, salientou.
*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 17 de dezembro de 2025.