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Memória e história

Evento destaca preservação cultural

publicado: 26/08/2025 08h11, última modificação: 26/08/2025 08h11
Encontro reúne especialistas, gestores e sociedade civil para debater políticas e caminhos na proteção do patrimônio
2025.08.25 Encontro paraibano do patrimônio histórico © Leonardo Ariel (10).JPG

Promovidas pelo Iphaep, em parceria com a UFPB, as atividades serão realizadas até hoje | Foto: Leonardo Ariel

por Lilian Viana*

O Governo da Paraíba e instituições parceiras têm intensificado esforços para restaurar e valorizar o patrimônio histórico, artístico e cultural do estado, especialmente o Centro Histórico de João Pessoa. Obras em prédios centenários, parcerias com entidades e novas políticas de orientação ao cidadão marcam uma fase de fortalecimento da preservação da memória coletiva. Esse movimento ganhou novo fôlego, ontem, com a abertura da segunda edição do Encontro Paraibano de Patrimônio Histórico, Artístico e Cultural, no Sesc Centro e no Senac, no Centro de João Pessoa.

Na ocasião, a presidente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado da Paraíba (Iphaep), Tânia Queiroga, destacou o papel da memória na construção da identidade coletiva. “É preciso preservar o patrimônio histórico, porque história e memória caminham juntas. Patrimônio histórico é a memória de um povo”, afirmou.

Para a jornalista Afra Soares, presidente do Comitê de Fomento ao Centro Histórico, o encontro consolida uma virada de postura do Poder Público. “Antigamente, o Iphaep era visto como órgão repressor; hoje, é orientador e parceiro. O Governo e a Prefeitura, junto com entidades e a Arquidiocese, despertaram para o Centro Histórico. O que antes estava na UTI, hoje está em recuperação. Ainda há muito a fazer, mas já temos projetos e resultados concretos”, ressaltou.

O chefe da Divisão Técnica do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional na Paraíba (Iphan-PB), Orlando Cavalcante, reforçou a relevância da atuação conjunta entre órgãos. “O Iphan e o Iphaep muitas vezes são criticados, mas seu papel é essencial na proteção da identidade cultural brasileira. Na Paraíba, temos avançado em estudos estratégicos e políticas de salvaguarda com apoio também da Prefeitura e de instituições locais”, disse.

O professor Alberto Cabral, da Pró-Reitoria de Extensão da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), ressaltou o caráter transformador do patrimônio. “Patrimônio não é apenas um conjunto de prédios antigos, é a espinha dorsal da memória coletiva, uma chama viva que precisa dialogar com a modernidade. Preservar é oferecer às futuras gerações compreensão de quem somos e ferramentas para construir um futuro mais consciente”, afirmou.

Promovido pelo Iphaep, em parceria com a UFPB, o encontro segue até hoje, reunindo especialistas, gestores, estudantes e representantes da sociedade civil para debater desafios e caminhos para a proteção cultural. O tema central é “Patrimônio em Perspectiva: Conexões entre Memória, Cultura e Modernidade”.

Entre os nomes convidados, estão a arquiteta e urbanista Iana Ludermir Bernardino (UFPE); o arqueólogo, paleontólogo e espeleólogo Juvandi de Sousa Santos (UEPB); o museólogo e restaurador Estácio Fernandes (Salvador-BA); as restauradoras  Pérside Omena e Piedade Farias; o historiador Edvaldo da Cunha Lira;  o sociólogo e antropólogo Carlos Azevedo; o procurador do Tribunal de Contas do Estado da Paraíba, Marcílio Toscano Franca Filho, e o padre Marcondes Silva Meneses.

Programação

A programação do evento inclui painéis para debater sobre financiamento, preservação, oportunidades, Poder Público, patrimônio material e imaterial, caminhos da modernização e o patrimônio paraibano. As temáticas ainda versam sobre “Restauração dos azulejos do Palácio da Redenção do Governo da Paraíba”; “Educação Patrimonial”; “Como intervir no Centro Histórico de João Pessoa utilizando o incentivo ao Patrimônio Histórico/ICMS Cultural” ; “Place Branding: como transformar um lugar em uma marca reconhecida” e “Revitalização do Complexo Arquitetônico do Centro Cultural São Francisco”.

O Encontro contará, ainda, com exposição de cases  de sucesso, experiências “CasaCor”; oficinas de capoeira e desenho urbano; experiências do ReCentro e Prefeitura de Recife; exposição temporária “Notas e Sons: memória do Rádio Paraibano com o acervo do Museu da Rádio Tabajara”; debate com o tema “Periferia Viva na Comunidade Ribeirinha do Porto do Capim, Centro Histórico de João Pessoa” e várias apresentações culturais.

Além dos debates, o encontro prevê visitas guiadas, atividades em comunidades do Centro Histórico e oficinas culturais. Durante a programação, organizadores do evento homenagearão pessoas amigas e defensoras do patrimônio histórico da Paraíba com a Medalha Linduarte Noronha. O nome da condecoração faz referência ao primeiro diretor do Instituto, que exerceu o cargo até março de 1991. Ele também foi cineasta, jornalista e professor.

*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 26 de agosto de 2025.