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preservação ambiental

Parque da Pedra da Boca recebe investimentos

publicado: 06/08/2025 08h34, última modificação: 06/08/2025 09h33
Unidade de Conservação terá nova sede e áreas de apoio ao turismo, com foco em segurança e sustentabilidade
Andamento das obras durante o mês de julho - Natália Pessoa - Gestora do Parque.jpeg

Finalização da obra está prevista para janeiro de 2026 | Foto: Natália Pessoa

por Camila Monteiro*

O Parque Estadual da Pedra da Boca, localizado em Araruna, no Brejo paraibano, é um dos destinos mais procurados no estado, encantando os visitantes com suas formações rochosas singulares, trilhas e opções de esportes de aventura. A Unidade de Conservação (UC), administrada pela Superintendência de Administração do Meio Ambiente (Sudema), recebe inúmeros turistas em busca de contato com a natureza e atividades ao ar livre.

Além da Pedra da Boca — formação rochosa de 336 m de altura que dá nome ao parque e atrai escaladores e praticantes de rapel —, o local abriga outros atrativos naturais, culturais, históricos e arqueológicos, como cavernas, pinturas rupestres e um santuário que recebe fiéis em romarias e missas. Em seus 157,3 hectares, destacam-se ainda formações como a Pedra da Caveira, a Pedra do Coelho e a Pedra do Letreiro, com rochas de faces arredondadas e extensas, características do bioma da Caatinga.

Para oferecer mais estrutura, segurança e conforto aos visitantes, o parque está recebendo novos investimentos. Em destaque como melhoria está a construção de uma nova sede, que contará com alojamentos para pesquisadores, sala de informática, auditório, recepção, sala de exposição, área administrativa, ambulatório, além de estrutura de apoio ao turismo, como café com banheiros, camping estruturado, comedouro, estacionamento para ônibus e carros, pórtico de entrada e guarita.

A obra foi iniciada em setembro do ano passado, com previsão de entrega para janeiro de 2026, e está sendo realizada em conformidade com a Lei Federal nº 9.985/2000, que estabelece critérios para a gestão das UCs. O investimento total é de R$ 14,3 milhões, provenientes do Termo de Compromisso de Compensação Ambiental — mecanismo de indenização financeira para ações de reparação ambiental.

De acordo com o superintendente da Sudema, Marcelo Cavalcanti, o projeto é fruto de uma solicitação do governador João Azevêdo e marca o início de uma série de melhorias na gestão das Unidades de Conservação do estado. “A construção da sede da Pedra da Boca está em pleno andamento. Nossa previsão de conclusão é janeiro de 2026”, afirmou.

A empresa responsável pela construção é a CTG Brasil, de São Paulo. Além do prédio, a obra inclui urbanização do entorno, cercamento da área e implantação de um plano de sinalização. A gestora do parque, Natália Pessoa, destacou que a construção está sendo feita com manejo adequado da fauna e flora, sem devastação ambiental, e que cerca de 45% da obra já foi executada.

Gestão e infraestrutura

A nova sede também servirá como ponto de apoio para a gestão do Pedra da Boca, com presença física da equipe da Sudema e do administrador do parque, promovendo maior segurança, resolução ágil de demandas e suporte às atividades desenvolvidas. O espaço será usado para eventos, capacitações, orientação aos visitantes e apoio ao conselho gestor e aos trabalhadores da área.

Segundo Natália Pessoa, a gestão mais próxima permitirá o controle oficial do acesso ao parque, reduzindo a entrada desordenada e os impactos à biodiversidade. Estão previstas ainda a implantação de estruturas como brigada de incêndio, laboratório de fauna e botânica e um viveiro de mudas, que apoiarão ações de prevenção, pesquisa e restauração ecológica.

Planejamento e conservação

Estão em andamento diversos planos para aperfeiçoar a administração do parque, como o plano de gestão de risco, o plano de sinalizações e o plano de uso público. Também será implementado o projeto “Passarinhando nas UCs”, com observação guiada de aves, além de práticas de monitoramento da fauna e o cadastramento e capacitação de condutores de turismo. 

Imagem do projeto demonstra como ficará o ambiente após a finalização das construções | Foto: Sudema

Marcelo Cavalcanti destacou que essas ações buscam qualificar a gestão diante do aumento da visitação, especialmente pelo turismo de aventura. “Estamos tomando providências para cadastrar e capacitar guias, avaliar as pessoas que ofertam atividades de aventura e organizar o uso público dos espaços”, afirmou.

Turismo e economia local

O modelo de turismo adotado é o de base comunitária, que prioriza o envolvimento da população local e o ordenamento do uso público da UC. A visitação será condicionada à presença de condutores locais credenciados e capacitados, evitando que turistas se aventurem sozinhos e fiquem expostos a riscos.

“A Sudema está elaborando os editais para o cadastro oficial de condutores de turismo e instrutores de rapel, e os profissionais serão capacitados com recursos da compensação ambiental”, explicou Natália Pessoa. A iniciativa visa valorizar o conhecimento dos moradores, garantir segurança, qualidade na visitação, e fortalecer a economia local.

Além do cadastramento de guias, estão em andamento a validação técnica dos pontos de rapel, com emissão de laudos de segurança por empresa especializada; o cadastro e capacitação de instrutores de atividades verticais; e a regularização do pêndulo da Pedra da Boca, em processo de licitação com regras e requisitos técnicos definidos. “Essas medidas buscam garantir que todas as atividades turísticas ocorram de forma segura, regulamentada e compatível com os objetivos de conservação”, completou.

O superintendente acrescentou que o mapeamento e a organização das trilhas já estão sendo realizados. “Todas as trilhas foram percorridas. Vamos definir os graus de risco e o nível de exigência física para orientar melhor os visitantes”, esclareceu.

Para o secretário de Turismo de Araruna, Ricardo Câmara, o ordenamento do parque é fundamental. “Ter um plano de uso público é importante para o visitante e para a imagem da unidade de conservação e do turismo local”, avaliou.

*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 06 de agosto de 2025.