O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, informou, ontem, que a tarifa sobre produtos importados do Brasil será de 50%, com início a partir de 1º de agosto. O republicano argumentou que o nível da taxa se dá por ordens judiciais que “censuram” mídias sociais americanas e inibem a liberdade de expressão de cidadãos dos EUA. Segundo Trump, esses ataques do Brasil partem do Supremo Tribunal Federal (STF).
No documento publicado na Truth Social, o presidente pontua a cláusula de retaliação e ameaça elevar ainda mais as tarifas caso o país responda com medidas semelhantes. “Se, por qualquer razão, vocês decidirem aumentar suas tarifas, o valor que escolherem será somado ao valor que cobramos”, diz o texto.
Com o anúncio, o dólar fechou em alta de 1,04%, ontem, no Brasil, chegando ao valor de R$ 5,5024. Ao mesmo tempo, o índice Ibovespa, da bolsa de valores brasileira, registrou queda de 1,31%, alcançando a marca de 137.480,79 pontos.
Ainda ontem, Trump voltou a criticar a relação do Brasil com o país norte-americano. “O Brasil não tem sido bom para nós”, declarou. Na noite de terça-feira (8), Trump já havia defendido o ex-presidente Jair Bolsonaro. Em publicação em sua rede social, o americano classificou as investigações contra Bolsonaro como “caça às bruxas” e pediu que ele seja deixado em paz.
Foi a segunda vez, em dois dias, que o líder estadunidense saiu em defesa do brasileiro. A primeira postagem nesse sentido foi feita no dia anterior, quando Trump escreveu que as ações judiciais contra Bolsonaro são ataques políticos e que o Brasil está fazendo algo “terrível” contra o ex-presidente.
Também na segunda-feira (7), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que o Brasil é um “país soberano” e que não aceita “interferência ou tutela de quem quer que seja”.
Mais cartas
Ainda ontem, Trump avisou que mais cartas sobre tarifas serão enviadas a parceiros comerciais. Ele também anunciou novas alíquotas sobre sete países. São eles: Sri Lanka (30%), Argélia (30%), Líbia (30%), Iraque (30%), Moldávia (25%), Brunei (25%) e Filipinas (20%). Desde o início da semana, mais 14 países, entre eles o Japão e a Coreia do Sul, foram notificados com taxas de importação.
Itamaraty reúne-se com Embaixada dos EUA
O Itamaraty convocou, ontem, o representante da Embaixada dos Estados Unidos no Brasil para prestar esclarecimentos sobre a nota publicada em defesa de Jair Bolsonaro. Isso porque a Embaixada americana declarou que o ex-presidente e sua família têm sido “fortes parceiros” dos norte-americanos e afirmou que a “perseguição política contra ele, sua família e seus apoiadores é vergonhosa e desrespeita as tradições democráticas do Brasil”.
O encarregado de Negócios da Embaixada dos EUA, Gabriel Escobar, foi recebido pela embaixadora Maria Luisa Escorel, secretária de América do Norte e Europa do Ministério das Relações Exteriores. A reportagem apurou que o governo brasileiro incomodou-se com o fato de a Embaixada americana ter dado ampla divulgação à posição defendida pelo Departamento de Estado e pelo presidente Donald Trump. Para o Itamaraty, o órgão recebeu orientações de Washington para se envolver em um tema que é considerado ingerência pelo Executivo nacional.
Trata-se da segunda vez que a principal autoridade dos Estados Unidos no Brasil é convidada a prestar esclarecimentos. Escobar foi chamado pelo Itamaraty em janeiro, logo após assumir o cargo, para dar explicações sobre a deportação de brasileiros em condições degradantes. Naquele mês, um voo com 88 brasileiros deportados aterrissou em Manaus, e a Polícia Federal constatou que eles estavam algemados pelos pés e pelas mãos em território nacional, o que contraria um acerto entre os países.
*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 10 de julho de 2025.