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PF prende ex-presidente do INSS

publicado: 14/11/2025 09h18, última modificação: 14/11/2025 09h18
Além de Alessandro Stefanutto, que foi exonerado em abril deste ano, investigação mirou ex-ministro e dois deputados
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Stefanutto é investigado por envolvimento na cobrança ilegal de mensalidades a aposentados | Foto: Lula Marques/Agência Brasil

por Alex Rodrigues e Pedro Peduzzi (Agência Brasil)*

A Polícia Federal (PF) prendeu, na manhã de ontem (13), o ex-presidente do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), Alessandro Stefanutto. A prisão deu-se em nova fase da Operação Sem Desconto, deflagrada em conjunto com a Controladoria-Geral da União (CGU), que levou ao cumprimento de 63 mandados de busca e apreensão, 10 mandados de prisão preventiva e outras medidas cautelares diversas da prisão em 15 unidades da Federação.

O ex-ministro do Trabalho e Previdência Social, José Carlos Oliveira, e ao menos dois parlamentares também foram alvo da operação. Eles são investigados por suposto envolvimento na cobrança ilegal de mensalidades associativas de milhões de aposentados e pensionistas.

Alessandro Stefanutto foi exonerado do cargo em abril, logo após a Operação Sem Desconto revelar as fraudes contra aposentados e pensionistas. Em nota, a defesa do ex-presidente do INSS informou que não havia tido acesso ao teor da decisão que resultou na prisão de seu cliente. “Trata-se de uma prisão completamente ilegal, uma vez que Stefanutto não tem causado nenhum tipo de embaraço à apuração, colaborando desde o início com o trabalho de investigação”, diz a nota ao manifestar confiança de que comprovará a inocência do ex-presidente do instituto.

Outros investigados

Servidor de carreira do INSS, José Carlos Oliveira presidiu o instituto de novembro de 2021 a março de 2022, quando assumiu o comando do Ministério da Previdência Social, onde permaneceu até o fim do Governo Bolsonaro, em 31 de dezembro de 2022. Recentemente, ele alterou seu nome, por motivos religiosos, para Ahmed Mohamad Oliveira.

Em setembro, Oliveira depôs à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS e assegurou só ter tomado ciência da fraude relacionada às mensalidades associativas em abril deste ano, após a deflagração da primeira etapa da Operação Sem Desconto.

Autorizada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), André Mendonça, a operação de ontem também atingiu o deputado federal Euclydes Pettersen Neto (Republicanos-MG) e o deputado estadual maranhense Edson Cunha de Araújo (PSB-MA), alvos de mandados judiciais de busca e apreensão.

Pettersen é citado nas investigações da PF e da CGU por supostamente ter vendido um avião a uma das entidades associativas investigadas. Já Araújo é vice-presidente de outra das associações, a Confederação Brasileira dos Trabalhadores da Pesca e Aquicultura (CBPA).

Operação

A operação teve mandados cumpridos nos estados do Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Minas Gerais, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo, Sergipe, Tocantins e no Distrito Federal. “Estão sendo investigados os crimes de inserção de dados falsos em sistemas oficiais, constituição de organização criminosa, estelionato previdenciário, corrupção ativa e passiva, além de atos de ocultação e dilapidação patrimonial”, divulgou a Polícia Federal.

*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 14 de novembro de 2025.