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crise diplomática

Proteção nacional mobiliza políticos

publicado: 17/07/2025 08h43, última modificação: 17/07/2025 08h43
Presidente da Câmara, o paraibano Hugo Motta disse que Congresso está pronto para agir, mesmo durante o recesso
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Motta, Alckmin e Alcolumbre reforçaram união dos Poderes Executivo e Legislativo em defesa da soberania do Brasil | Foto: Pedro Gontijo/Senado Federal

por Da Redação com Agências*

O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), afirmou que a crise deflagrada pelo tarifaço imposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, representa um momento de unidade nacional para proteger a indústria e os negócios brasileiros, assim como o próprio país.

“Estamos prontos para ficar na retaguarda do Poder Executivo, para que possamos tomar as decisões necessárias para agir com rapidez e agilidade. Não tenho dúvida de que nossa população entende que o Brasil não pode ser levado a situações em que decisões externas interfiram na nossa soberania. O Brasil tem uma importância muito grande para o cenário mundial e, com união, compromisso e responsabilidade, nós iremos superar esse momento”, defendeu o parlamentar paraibano, após encontro com o vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, e o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, realizado ontem.

A reunião, que discutiu a situação comercial do país, também contou com a presença da ministra-chefe da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, e de líderes partidários.

Geraldo Alckmin, que também é ministro da Indústria, Comércio e Serviços, foi designado pelo presidente Lula para buscar uma solução para o problema e assegurou que o Governo Federal tem trabalhado para reverter a situação.

“Na questão comercial, há um equívoco do governo americano. Eles [os Estados Unidos] têm superávit na balança comercial do Brasil. Dos 10 produtos que eles mais exportam, oito não pagam nada de imposto. A tarifa é totalmente inadequada e injusta, e vamos trabalhar para reverter essa situação”, disse.

O presidente do Senado, Davi Alcolumbre, afirmou que o Parlamento brasileiro está unido na defesa dos interesses nacionais. Segundo ele, o Poder Legislativo defenderá a soberania nacional e os empregos dos brasileiros.

“Tenho convicção de que esse processo tem que ser liderado pelo Poder Executivo. Essa relação diplomática internacional tem que ser feita pelo chefe de Estado. Acho que o presidente [Lula] acertou em empoderar [o vice-presidente Geraldo Alckmin] para a condução das tratativas, sem abrir mão da soberania do nosso povo”, pontuou Alcolumbre.

O senador classificou a empreitada estadunidense como uma “agressão” e sugeriu que as negociações com o Governo Trump ocorram de forma firme, porém serena. “Vejo, nesse momento, uma agressão ao Brasil e aos brasileiros. Isso não é correto. Temos que ter firmeza, resiliência e tratar com serenidade essa relação [com os Estados Unidos], buscar estreitar os laços e fazer as coisas acontecerem, defendendo os brasileiros”, completou Davi Alcolumbre.

Agenda prioritária

Conforme Hugo Motta, caso seja necessário, o Congresso Nacional poderá ser convocado extraordinariamente, durante o recesso parlamentar — que se estende pelas próximas duas semanas —, para apreciar matérias que exijam autorização legislativa e que estejam relacionadas ao tarifaço de Donald Trump.

“Penso que as conversas ainda estão no período inicial, estão sendo capitaneadas pelo Poder Executivo, e estamos prontos para agir. Aquilo que precisar da ação do Congresso, não tenho dúvidas, será feito — mesmo no período em que as atividades estão paralisadas. Se necessário, vamos convocar [os parlamentares] extraordinariamente para qualquer decisão que necessite de autorização legislativa, para responder com agilidade, responsabilidade e firmeza”, garantiu.

O presidente da Câmara dos Deputados enfatizou que o papel do Congresso é defender a soberania nacional, protegendo a indústria brasileira com diálogo diplomático, “sem negociar a nossa institucionalidade”.

Comissão externa

Na terça-feira (15), o Senado aprovou a criação de uma comissão temporária externa para atuar diplomaticamente junto ao Congresso estadunidense. O requerimento (RQS no 556/2025) foi apresentado pelo senador Nelsinho Trad (PSD-MS), para estabelecer canais de diálogo em busca de uma solução para o tarifaço.

Formado por quatro senadores, o grupo funcionará por 60 dias e, de 29 a 31 de julho, cumprirá agenda em Washington. “Precisamos ajudar a destravar os canais de diálogo, antes que decisões avancem e afetem empregos, investimentos e contratos no Brasil”, publicou Trad, em seu perfil nas redes sociais, após a aprovação do requerimento.

Reações

Nos últimos dias, outras autoridades políticas da Paraíba já haviam manifestado repúdio à investida de Donald Trump contra a soberania brasileira. Em um vídeo postado no Instagram, o governador do Estado, João Azevêdo, elogiou o posicionamento reativo do Governo Federal.

“Lula tem demonstrado, claramente, que vai para esse enfrentamento, e eu acho que ele está mais do que correto. É assim mesmo. Nós temos que defender o nosso país, temos que defender os nossos interesses. Um país como o Brasil tem que ser respeitado mundialmente. E não há como querer interferir num processo que está dentro do Supremo Tribunal Federal sendo discutido. É realmente absurdo o que está acontecendo”, analisou o chefe do Executivo estadual.

Também nas redes sociais, o deputado federal Gervásio Maia classificou a tarifaço norte-americano como uma ameaça à democracia e à economia do Brasil. “Donald Trump ameaça o Brasil, usando chantagem sobre taxação de 50% aos nossos produtos. Para defender aliados ideológicos, tenta desestabilizar nossa democracia e causar prejuízos à nossa economia. Não somos submissos! O Brasil é um país soberano, com instituições independentes. Esses valores são inegociáveis”, defendeu o parlamentar.

*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 17 de julho de 2025.