Com a conta de luz mais cara a partir deste mês, em razão da Bandeira Vermelha patamar 2, toda economia faz diferença no bolso. Pequenos ajustes no uso de eletrodomésticos podem ajudar a reduzir o impacto da tarifa, que acrescenta R$ 7,87 a cada 100 quilowatts-hora (kWh) consumidos.
Para evitar que a conta de luz pese no orçamento, o engenheiro eletricista Ailton Dutra orienta a redução estratégica na utilização de dois eletrodomésticos-chave: chuveiro elétrico e ar-condicionado. “O uso deles pode ser controlado, então é preciso gerenciar o consumo, já que a geladeira, por exemplo, não pode ser desligada. Outros eletrodomésticos que também consomem uma quantidade considerável de energia são o ferro de passar, o forno elétrico e a secadora de roupas. É preciso ser sábio ao utilizá-los”, aconselha o especialista.
O site da Energisa também traz dicas sobre como o consumo consciente pode ser colocado em prática com atitudes simples, como aproveitar ao máximo a luz natural do ambiente, acendendo as lâmpadas apenas quando necessário e desligá-las quando ninguém estiver no espaço. Outra dica é optar por lâmpadas de LED, que consomem até 80% menos energia que a incandescente. Além disso, desconectar aparelhos eletrônicos da tomada, evitar deixar o celular carregando durante toda a noite e posicionar as geladeiras em locais ventilados também ajudam na economia.
Janaína Aquino é dona de um restaurante no bairro Liberdade, em Campina Grande. Ela relata já ter altos custos com a conta de luz sem a Bandeira Vermelha. “São dois freezers, uma geladeira, fornos, micro-ondas, liquidificador, quer dizer, muitos eletrodomésticos utilizados diariamente e várias vezes ao dia. Eu pago, em média, R$ 700. Acredito que esse aumento na tarifa deve pesar mais de R$ 100 na minha conta de luz do mês”, lamentou a empreendedora.
Mesmo após investir em placas solares para reduzir custos, Nildo Xavier, dono do Açougue do Nildo, na Rainha da Borborema, preocupa-se com o impacto do aumento da tarifa de energia em seu comércio. “Instalei 70 placas solares e ainda assim o custo de energia é muito alto. Paguei R$ 1.500 de luz em julho porque temos a câmara fria, balanças, serra de corte, tudo consome muito. Então, tenho que ir me preparando para um aumento significativo no próximo mês”, contou o açougueiro.
Entenda
A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) acionou a Bandeira Vermelha no patamar 2 devido à redução na geração de energia pelas hidrelétricas de todo o país, gerando a necessidade de acionar fontes mais caras, como as usinas termelétricas. “Essa bandeira só é retirada ou reduzida quando as condições climáticas melhoram, ou seja, quando as bacias das hidrelétricas voltam a atingir níveis adequados para suprir a demanda do país. Isso, porém, está diretamente ligado às condições climáticas, portanto não é algo que possamos controlar”, explicou o engenheiro eletricista.
Ailton Dutra também chama atenção para medidas sociais que podem ajudar famílias: a Tarifa Social e a Tarifa Branca.
A primeira beneficia famílias de baixa renda, idosos e pessoas com deficiência que recebem o Benefício de Prestação Continuada (BPC), além de famílias indígenas e quilombolas inscritas no Cadastro Único (CadÚnico). Trata-se de um programa do Governo Federal que oferece descontos na conta de luz para o público-alvo.
A segunda é uma modalidade variável que considera os horários de maior consumo de energia. “As pessoas que aderem à Tarifa Branca pagam um valor mais alto em um determinado período, chamado horário de pico, que vai das 17h30 às 20h30, porque é um período em que, no geral, no país, as pessoas estão utilizando mais energia elétrica. Ou seja, chegam do trabalho, vão tomar banho, ligam o forno, ligam a televisão. Então, na Tarifa Branca, em vez de pagar o mesmo valor durante o dia inteiro, eu pago um valor menor fora do horário de pico e, se utilizar energia elétrica no horário de pico, pago um valor maior”, explicou.
E completou: “Pode ser uma alternativa interessante, mas é preciso ter disciplina para usar mais energia fora desse horário”, concluiu o engenheiro.
*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 19 de agosto de 2025.