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Mercadinhos já são mais de 12 mil negócios na Paraíba

publicado: 22/09/2025 09h02, última modificação: 22/09/2025 09h02
Apesar de disputar com grandes redes, pequenos negócios seguem em expansão
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Juntas, João Pessoa e Campina Grande concentram quase um quarto desses estabelecimentos | Fotos: Roberto Guedes

por Pedro Alves*

Os mercadinhos, mercearias ou minimercados fazem parte do dia a dia do brasileiro. Por estarem, muitas vezes, mais próximos da casa das pessoas e estar enraizado nas realidades dos bairros ou dos pequenos municípios, os estabelecimentos, que são essencialmente pequenos negócios, acabam por ser escolhidos para algumas compras pontuais na rotina da população brasileira.

Apesar da forte concorrência com supermercados e até hipermercados de multinacionais, o negócio vem crescendo. Mais de 160 mercados são abertos no Brasil por dia. Na Paraíba são cerca de 12 mil mercadinhos nos bairros das maiores cidades do estado, João Pessoa e Campina Grande, e nos municípios menores.

Os dados são do Serviço Brasileiro de Apoio às micro e pequenas empresas (Sebrae), que dá suporte a quem quer empreender no país em vários setores da economia, inclusive no ramo dos mercados menores. As duas cidades, João Pessoa e Campina Grande, aliás, dão conta de 24% dos mercadinhos de toda a Paraíba. Atrás delas, os outros municípios detêm, cada, 3% ou menos do total do estado. Até o momento, em 2025, foram abertas, no estado, 767 empresas desse perfil, oficialmente registradas, segundo relatório do Sebrae.

Um dos empreendedores em João Pessoa nessa especialidade do comércio varejista em pequenos estabelecimentos é Everton Luiz Valentino, que tem seu negócio no bairro do Costa e Silva. No imóvel, que é da sua mãe, ele vendia apenas água, com o serviço de entrega a domicílio.

Há mais ou menos um ano e meio, o negócio expandiu-se e Everton comercializa agora, além de água, alimentos diversos, bebidas e utensílios domésticos. Ele conta que prefere não dar passos rápidos maiores do que as pernas, mas que sempre está em perspectiva no ato de empreender poder aumentar o negócio, que, atualmente, é administrado e executado apenas por familiares. 

Everton Luiz começou com uma distribuidora, mas transformou seu comércio em um mercado | Foto: Evandro Pereira

“Todo dia é uma nova batalha. Antes eu só entregava água aqui. Mas pensei em aumentar, vender mais coisas, dar mais opções para os clientes e aproveitar a demanda do bairro. A gente sempre pensa em aumentar quando tem um negócio. Então a ideia é sempre poder ter mais estrutura”, contou o dono do mercadinho, que mora em Santa Rita, na Grande João Pessoa.

Setor conquista consumidor pela proximidade

Os mercadinhos acabam sendo uma boa opção para uma compra mais emergencial, em menor volume ou para uma demanda específica na residência, ou até para levar para fora, para o lazer do fim de semana, por exemplo. É o que ressalta o funcionário público e consumidor Adriano Almeida.

“Utilizo muito os mercadinhos porque fica mais perto de casa e quebrava um galho para pequenas compras de mercadoria que tinha uma necessidade de urgência. Tipo... faltou um ingrediente para a comida, uma verdura, eu vou lá e compro pela agilidade, que é melhor do que se deslocar para um supermercado maior e enfrentar mais filas”, comentou.

Edna da Costa Silva é gerente de um mercadinho no bairro de Oitizeiro, na capital. O empreendimento já tem 20 anos e é um ponto tradicional das redondezas, próximo à feira do bairro. A empresa é notadamente maior se comparada ao mercadinho de Everton, contando com pelo menos duas dezenas de funcionários.

Clientes recorrem aos mercadinhos nas compras urgentes

Ela revela que o estabelecimento já surgiu mais ou menos com o tamanho atual e que não houve tanto crescimento físico e de efetivo de funcionários nos últimos anos. Segundo Edna, o negócio está estagnado há algum tempo. De acordo com sua análise, isso ocorre diante da concorrência cada vez maior de empresas gigantes do ramo varejista.

“O setor de mercadinhos e supermercados menores deu uma esfriada porque agora existem muitos supermercados muito grandes e aí sempre tiram alguns clientes da gente. Além de que essas grandes empresas, a meu ver, recebem mais incentivos governamentais do que as empresas menores”, avaliou a gerente.

Analista do Sebrae para pequenas empresas em Patos, no Sertão da Paraíba, Ferdinando Félix, observando pela perspectiva regional e comunitária, o empreendedor precisa ficar atento ao seu público e também às alternativas modernas de comercialização de produtos.

 “Investir em um negócio que valorize o comércio local de bairro ou em cidades menores não é apenas uma escolha estratégica, é um passo importante para movimentar a economia local, gerar empregos e fortalecer os vínculos com a comunidade. Empreendimentos como mercadinhos têm o poder de transformar a realidade a sua volta. Mas como em todo negócio, o sucesso de um mercadinho está na boa gestão, no conhecimento do seu público e na capacidade de inovar sem perder a essência local. Estar atento às demandas da comunidade e manter um relacionamento próximo com os clientes”, avaliou.

*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 21 de setembro de 2025.