Conquistar a casa própria é um grande sonho para muita gente. E para ajudar a realizá-lo, condições facilitadas como as que são oferecidas pelo Minha Casa, Minha Vida (MCMV) são decisivas e fazem a diferença na hora do financiamento. Com a chegada da Faixa 4 do programa, destinada a quem ganha até R$ 12 mil por mês, a classe média também passou a contar com esses benefícios e poderá mais facilmente adquirir o primeiro imóvel. Esse é o caso do cabeleireiro de João Pessoa, Robson Farias Dantas, que nem sabia da nova categoria que começou a operar nesta semana por meio da Caixa Econômica Federal (CEF), mas foi orientado pela construtora e pelos corretores e já conseguiu acessar as vantagens.
Ele conta que financiou um apartamento no Residencial Areia Vermelha, localizado na região de Intermares, em Cabedelo, e que o imóvel ainda está em construção, com previsão de entrega para outubro do ano que vem. “Foi minha primeira vez, nunca tinha tentado financiamento, e não estava sabendo dessa mudança da Caixa. Mas lá na construtora o pessoal me ajudou, o corretor me explicou que tinha essa opção. Eles adiantaram muita coisa para mim, que não conhecia nada e era meu primeiro imóvel”, contou.
Robson ainda disse que teve muitas vantagens na hora do financiamento, o que garantiu que ele encontrasse um imóvel com as parcelas que se encaixassem em seu orçamento. “O banco financiou 80%, e o restante do valor do imóvel que eu queria, consegui parcelar de entrada direto com a construtora MRV. As parcelas ficaram por volta de R$ 2.300 a R$ 2.500, que era o que eu estava procurando. Dá para eu pagar sem precisar me apertar”, diz o cabeleireiro, que antes de ter o crédito aprovado passou por uma análise da CEF. “Eu fiz a entrevista com o gerente, levei a papelada pedida para comprovação da renda e foi tudo aprovado. Agora já posso ir lá, assinar o contrato da minha casa nova”, comemorou.
Com essa nova faixa, os consumidores que possuem um perfil, como o de Robson, com renda mensal de R$ 8.600,01 a R$ 12 mil, podem contar com juros nominais de 10% ao ano e prazo de pagamento de até 420 meses (35 anos). Até 80% do valor de imóveis novos poderão ser financiados. Já para os imóveis usados, o percentual de financiamento cai para 60% nas regiões Sul e Sudeste e mantém-se em 80% para as demais localidades, a exemplo do Nordeste.
Para Alessandro Almeida, diretor comercial da construtora MRV no Nordeste, a chegada da Faixa 4 do MCMV beneficia uma parcela importante da população. “Havia uma parcela significativa da população que não se encaixava nas faixas que existiam e que ainda enfrentava dificuldades para financiar um imóvel. Agora, podemos atender um público que hoje acaba ficando refém de taxas de juros muito altas no financiamento tradicional”, destaca, comentando que a mudança impulsiona ainda mais as vendas e contribui para a redução do déficit habitacional no Brasil.
A estimativa do Governo Federal é de que a Faixa 4 deve beneficiar até 120 mil famílias, ainda em 2025, e impulsionar o mercado de habitação econômica. Quanto a MRV, ainda segundo Alessandro, cerca de 13% do Valor Geral de Vendas (VGV) do estoque atual da construtora em todo país, já se enquadra nessa nova categoria, ampliando o leque de consumidores que podem acessar condições facilitadas de crédito e potencializando a velocidade das vendas. “A alta da Selic encarece o crédito imobiliário tradicional, mas o MCMV garante taxas entre 4% e 10,5% mais TR — Taxa Referencial —, sem impacto direto da Selic. Nas faixas mais baixas, os juros reais chegam a ser negativos, considerando a inflação atual”, explica. O diretor comercial diz, também, que, em 2024, cerca de 90% das vendas líquidas da MRV vieram do programa do Governo Federal.
Além disso, Alessandro ressalta que os consumidores da Faixa 1 e 2 do programa saem ganhando mesmo em cenários de inflação mais alta, pois as taxas contratadas podem ser negativas em termos reais. “Com juros a partir de 4% mais TR e inflação girando entre 5% e 5,5% ao ano, o financiamento pode tornar-se ainda mais vantajoso do que pagar aluguel — que, por sinal, teve reajuste médio de 16% em 2023 e de 13,5% em 2024, três vezes acima da inflação”, explica o diretor comercial da MRV no Nordeste.
A CEF pôde começar a operar a nova categoria após o Conselho Monetário Nacional (CMN) regulamentar, no final de abril, as mudanças no MCMV. A nova modalidade do programa habitacional oferecerá crédito com recursos dos lucros e dos rendimentos do FGTS e dinheiro próprio dos bancos, como depósitos na caderneta de poupança e investimentos em Letras de Crédito Imobiliário (LCI). Além disso, a nova configuração do MCMV permite que clientes das Faixas 1 e 2 adquiram imóveis originalmente enquadrados na Faixa 3. Outra mudança importante é a equiparação do teto de financiamento para cidades com até 100 mil habitantes, agora iguais às de até 300 mil.
Veja o que Mudou
Além de contemplar um novo público, com a criação da Faixa 4, o Minha Casa, Minha Vida também ajustou regras nas demais categorias:
Faixa 1: renda familiar de até R$ 2.850 por mês, com subsídio de até 95% do valor do imóvel;
Faixa 2: renda familiar de R$ 2.850,01 a R$ 4.700 por mês, com subsídio de até R$ 55 mil e juros reduzidos;
Faixa 3: renda familiar de R$ 4.700,01 a R$ 8.600 por mês, sem subsídios, mas com condições de financiamento facilitadas.
Faixa 4: renda familiar de R$ 8.600,01 a R$ 12.000 por mês, sem subsídios, mas com condições de financiamento facilitadas.
*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 18 de maio de 2025.