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Pix reduz uso de dinheiro físico no comércio de JP

publicado: 24/11/2025 08h58, última modificação: 24/11/2025 08h58
Empresários citam segurança e facilidade de troco como principais vantagens
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Forma de pagamento é aceita tanto em grandes redes quanto em pequenos negócios | Foto: Carlos Rodrigo

por Emerson da Cunha*

A redução no uso do dinheiro físico é uma realidade em todo o Brasil, principalmente devido à popularização do Pix, ferramenta lançada há cinco anos, em 16 novembro de 2020. Na Paraíba, a modalidade de pagamento pelo meio digital é a preferida de muitos comerciantes e consumidores, que citam segurança e a dispensa de troco como os principais benefícios. Mas ainda há quem resista à modernização dos pagamentos.

De acordo com o site do Banco Central (BC), desde a data em que o Pix foi implementado até o último dia 20, houve uma redução de R$ 4,9 bilhões em circulação, mesmo sem que a quantidade de cédulas e moedas do país tenham diminuído. Só no ano passado, as transações digitais somaram R$ 26,4 trilhões, montante que corresponde ao dobro do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em 2024. De janeiro até outubro deste ano, foram R$ 28 trilhões. 

Além disso, o Pix (76%) é o meio de pagamento mais usado pelos brasileiros, seguido pelos cartões de débito (42%) e de crédito (35%) e, por último, o dinheiro (21%), segundo pesquisa da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), em parceria com a Offerwise, divulgada neste ano.

Com mais de 20 anos no comércio de artigos para casa e construção no bairro de Cruz das Armas, Sandro Pereira conta que, de início, não aceitava o Pix, porque tinha medo de golpes. Depois de um ano, decidiu aceitar para incrementar as vendas. “Vi que dava certo e era seguro, pronto. Hoje, prefiro essa modalidade que dinheiro, porque, às vezes, até para passar o troco é melhor. Tudo vai para o aplicativo. Tudo é seguro”, defende Pereira.

 A segurança também é um fator importante para Leonildo Lucena, gerente de um supermercado. “Imagine a gente trabalhando com a forma de dinheiro nas 13 lojas da rede. No Pix a gente fica mais seguro e a empresa também”, acredita.

José Geraldino, gerente de uma loja de artigos para festas, conta que a modalidade de pagamento digital também é a preferida do público do seu comércio. “Os clientes hoje dia usam bem mais até do que dinheiro em espécie”, conta.

A facilidade para troco foi citada por Jeane Ferreira, que empreende, há mais de 10 meses, em uma casa de bolos. Ela também afirma que o Pix facilita a organização. “Tem a questão de você controlar melhor o dinheiro que entra na conta: tudo o que entra a gente vai sabendo. Porque aí também evita de guardar dinheiro”.

Fausto Santos, gerente de uma bomboniere, coloca que o pagamento via Pix tem fomentado o comércio remoto. “A tendência mesmo de loja física é Pix, e de outras situações também. A gente também vem fazendo on--line, divulgando no Instagram e recebe ligações dos clientes fazendo pedido, e mandam retirar na loja. Geralmente, faz o Pix no nosso CNPJ. Eu creio que, daqui a 10 anos, vai começar o povo ficando cada vez mais acomodado, não querendo nem sair de casa para comprar nada”, coloca.

Tecnologia afasta ferramenta

Em meio a tantas plaquetas dizendo “Aceitamos Pix” no meio da feira do Mercado Central, há ainda comerciantes que preferem operar apenas com dinheiro em espécie. Uma série de fatores influencia essa decisão, desde segurança até resistência. Um desses comerciantes é José Vitoriano. Para ele, a motivação não foi exatamente econômica. “Eu não sei trabalhar com Pix. Não tenho conta, essas coisas. Eu acho melhor o dinheiro do que o Pix, porque posso me atrapalhar. O problema é que eu não sei ler muito”.

O dono de uma tabacaria, Gabriel Dantas, também prefere receber apenas em dinheiro, porque não tem familiaridade com as novas tecnologias. “Teria também o investimento. Eu teria que ter um smartphone, internet, eu teria que ter uma pessoa exclusiva para passar”, diz, acrescentando que nunca perdeu uma venda por não aceitar Pix. “Meu cliente é o trabalhador braçal, de construção, que ainda recebe o dinheiro dele na sexta-feira. Às vezes, ele nem tem um celular para passar [o Pix], não tem essa condição”, defende.

Modalidade facilita transações financeiras

Para o economista Cássio Besarria, o uso do Pix otimiza os processos de pagamento e facilita as transações. Para as empresas, é possível ter mais controle do recebimento dos valores. Em cidades menores, com menor acesso a instituições bancárias, trata-se de uma verdadeira “ferramenta de democracia digital”. Outro elemento importante é a não restrição dos processos de pagamento. “Por exemplo, uma pessoa que negociava um ativo de alto valor, um carro, em um final de semana, não poderia efetuar a negociação porque havia restrição de transferência daquele recurso. Até a TED, o DOC, tinham limitação diária para transferências entre as 10 da manhã e as seis da tarde”, rememora Besarria. 

Para economista, Pix otimiza a organização da empresa | Foto: Cássio Besarria/Arquivo pessoal

No entanto, há situações que podem gerar dúvidas e provocar uma ligeira queda no uso do Pix. Ele cita, por exemplo, questões de segurança, uma vez que há a possibilidade de uso da ferramenta para golpes, ou situações pontuais, como a disseminação de notícias falsas envolvendo Pix, que faz com que as pessoas desconfiem do recurso. 

O uso do dinheiro físico, por outro lado, estaria ligado a situações mais emergenciais. “Em relação ao recurso físico, ele é mais utilizado de forma precaucional. Você vai para uma região que, por ventura, não tem sinal de telefone ou de internet. Então o uso do dinheiro físico vem sendo cada vez menor”, coloca Cássio. O economista lembra que um dos sintomas do fato de que cada vez mais o dinheiro físico passa para os meios digitais é a criação da Drex, uma moeda digital estabelecida pelo Banco Central com o mesmo valor e a mesma aceitação do real tradicional.

“Isso é uma sinalização de que o uso do dinheiro físico tem um custo, associado à impressão, a restrição ao acesso, ou seja, você precisa se deslocar para uma instituição para fazer esse saque, então isso tem um custo também, dependendo do município onde você se encontra. Por essas e outras razões, ele vem entrando em desuso e o meio utilizado tem sido Pix, quase que exclusivamente”, finaliza.

*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 23 de novembro de 2025.