Com sinais de morte e fragilidade, a vegetação de mangue em Praia Bela, no município de Pitimbu, está sob investigação. Servidores da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e da Superintendência de Administração do Meio Ambiente (Sudema) coletaram, na segunda-feira (8), amostras da água e das plantas do ecossistema para tentar identificar o que tem provocado a destruição do ecossistema.
De acordo com o secretário municipal de Meio Ambiente de Pitimbu, Alex Cristovam dos Passos, os resultados das análises, a cargo da Sudema, devem ficar prontos em uma semana.
Os órgãos ambientais levantaram hipóteses sobre o que pode ter afetado o mangue, mas só poderão ter certeza depois das análises laboratoriais. Inicialmente, suspeitou-se que o problema fosse causado por mudanças na concentração de sais na água. “Chegamos a realizar testes anteriores, mas não foram conclusivos quanto à salinidade. Há hipótese que possa ser agrotóxico devido à proximidade de várias plantações rurais ali naquela área”, frisou o secretário municipal de Meio Ambiente ao Jornal Estadual, da Rádio Tabajara, de ontem.
Se confirmado o descarte incorreto ou vazamento de produtos usados em atividades de produção rural, os órgãos ambientais devem identificar os produtores e puni-los conforme a legislação. “Sendo identificado, o que a gente pode fazer é a suspensão do CAR [Cadastro Ambiental Rural], como também a aplicação de multas e penalidade ambientais, e o agricultor pode sofrer uma sanção maior, como ser proibido de plantar naquela região”, informou Passos à equipe do jornal A União.
O secretário explicou também, que a identificação desse agente poluidor seria uma tarefa razoavelmente simples, uma vez que os produtores estão concentrados às margens do rio Mucatu. Isso porque desde a nascente até a foz, o curso d’água está completamente em território pitimbuense. A região afetada está dentro da Área de Proteção Ambiental (APA) de Tambaba, que atualmente corresponde a 18% do território do município.
Alex Passos ressalta que o trabalho ambiental no município não é apenas punitivo. “A gente já vem há um certo tempo fazendo também essa parte de conscientização com os agricultores. Temos ali um projeto de recuperação ambiental chamado de Uso Sustentável das Águas do Bacia do Rio Mucatu”, enfatizou.
A iniciativa é realizada em parceria com a Agência Executiva de Gestão de Águas da Paraíba (Aesa), a Sudema, o Instituto Federal da Paraíba (IFPB), a Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Empresa Paraibana de Pesquisa, Extensão Rural e Regularização Fundiária (Empaer) e, mais recentemente, com o Ministério Público Federal (MPF).
O titular da pasta do Meio Ambiente municipal destacou a capacidade de recuperação dos manguezais e a relevância dele para a vida marinha. “O manguezal abriga diversas espécies de crustáceos e moluscos. A gente sabe também da importância da contenção de enchentes. A gente vem trabalhando essa temática na Semana Municipal do Meio Ambiente, como uma das mais importantes”, acrescentou.
Estruturada desde 2023, a secretaria municipal também busca implantar uma política de turismo sustentável na cidade que possui uma população de 17 mil pessoas, segundo as estimativas populacionais do IBGE, mas que salta para cerca de 60 mil nos períodos de alta estação turística segundo o secretário.
*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 10 de setembro de 2025.