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Bares reforçam cautela com bebidas

publicado: 03/10/2025 08h40, última modificação: 03/10/2025 08h46
Estabelecimentos têm evidenciado boas práticas na relação com fornecedores, para garantir segurança à clientela
2025.10.02 Metanol e Medidas de Bares © Joao Pedrosa (19).JPG

Responsáveis por bares, restaurantes e clientes estão mais cautelosos com o consumo de bebidas alcoólicas na capital | Foto: João Pedrosa

por Marcelo Lima*

Com mais de 50 casos de intoxicação por metanol em São Paulo, Pernambuco e Distrito Federal, os responsáveis por bares, restaurantes e, obviamente, os clientes estão mais cautelosos com o consumo de bebidas alcoólicas em João Pessoa.

Os estabelecimentos têm evidenciado boas práticas na relação com fornecedores e até substituído bebidas para conferir segurança à clientela. 

Casados há 25 anos, o casal gaúcho Deyse Krauze e Marcos Duarte chegou, ontem, em João Pessoa para aproveitar parte das férias. À noite, eles já estavam na Rua Joaquim Avundano, também conhecida como “Rua dos Sabores”, em Miramar.

Deyse ficou mais tranquila em pedir um drinque quando soube que a cachaça substituía a vodca. “Tava muito preocupada em tomar uma caipirinha com vodca. Troquei por esse drinque, que é suco de limão e cachaça de bananinha. Vou evitar tomar, aqui, algo com vodca”, disse ao lado do marido, que preferiu ir no clássico chope. Nas mídias sociais de Deyse, a postagem deixou os amigos tensos. “Estou tendo que explicar para todo mundo. Botei a legenda assim: longe dos perigos, cachaça pode”, contou.

O casal estava no bar Loca Como Tu Madre, que alertou, por meio do perfil no Instagram, os cuidados com seus fornecedores de bebidas. “São todas marcas renomadas, tem toda uma rastreabilidade do produto, com as notas fiscais. Todos os produtos são homologados”, explicou Murilo Diniz da Silva, gerente do estabelecimento.  Segundo ele, esse processo permite que a produção e o transporte da bebida sejam totalmente transparentes para o comprador.

O gerente diz que não houve redução dos pedidos de bebidas destiladas diante do cenário de intoxicação em outros estados. “Hoje, teve cliente que ficou receoso em não tomar, mas a gente chega e explica, que esses fatos são isolados com relação ao estabelecimento que praticou aquilo”, ressaltou. 

Os restaurantes também têm destacado seus processos de segurança alimentar para as bebidas. É o caso do Formaggio 43, que também postou um comunicado para tranquilizar os clientes. “A gente tem, no máximo, três fornecedores de bebidas. Todo tipo de bebida, ou qualquer outra coisa consumida dentro do restaurante, passa por um processo interno mesmo, um profissional de nutrição avalia se está tudo direitinho. Esse cuidado a gente já tinha e não é de hoje”, enfatizou Susy Fabiana Machado, gerente do estabelecimento em Cabo Branco. De acordo com ela, não houve redução no consumo de bebidas alcoólicas.

À beira da praia há 22 anos, Eraldo Félix já percebeu uma redução considerável de destilados no seu quiosque. “O pessoal evita mais gin, vodca e uísque, ficam com medo de acontecer aqui também. Diminuiu entre 30% e 40%”, relatou o proprietário. Para evitar riscos, ele afirma que compra todas as bebidas da maior empresa do mercado brasileiro.

 

Dicas

O bartender Ronny Santos, do Loka Como Tu Madre, dá dicas para reconhecer bebidas falsificadas. Conforme explica, todas as bebidas regionais e nacionais devem ter o selo do Serviço de Inspeção Federal (SIF) do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).

Para o uísque, a comparação da cor é um meio para identificar o produto original. “Se comparar uma garrafa falsificada e uma original, o uísque falsificado sempre vai ter a coloração mais clara”, orientou. Nos demais destilados, verificar o lacre e outras formas de extravio da embalagem é importante. “A garrafa do destilado não é reutilizável, então, ela sempre tem que chegar limpa, sem arranhões, sem erros ortográficos”, explicou. Vale lembrar que a contaminação por metanol não é possível de ser identificada por cheiro ou cor. Portanto, o ideal é evitar produtos de procedência duvidosa.

Ministério recomenda que população evite produto destilado

Por Paula Ferreira (Agência Estado)*

O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, recomendou, ontem, que a população evite o consumo de bebidas alcoólicas destiladas. Até o momento, o Brasil tem 59 casos notificados de intoxicação por metanol após consumo de bebida alcoólica, sendo 11 confirmados.

“Na condição de ministro e como médico, a recomendação é que se evite ingerir produto destilado, sobretudo os incolores, que você não tenha absoluta certeza da origem. Não estamos falando de um produto essencial para a vida das pessoas”, recomendou Padilha. “Não causa problema nenhum na vida de ninguém evitar o consumo”.

O ministro reforçou que a recomendação é sobre bebidas destiladas. Ele explicou que no caso da cerveja, por exemplo, é mais difícil adulterar pelas características da bebida, como gás, tampa descartável, entre outros. “Já tivemos casos de intoxicação em cerveja quando teve uma falha na produção”, disse.

Agora, são 53 casos em São Paulo, cinco em Pernambuco e um no Distrito Federal. Até o momento, um óbito foi confirmado em São Paulo. Sete mortes estão em investigação: duas em Pernambuco (João Alfredo e Lajedo) e cinco em São Paulo (dois em São Bernardo do Campo e três na capital). Padilha anunciou que o Ministério da Saúde vai ampliar os estoques do etanol farmacêutico, usado para tratar os pacientes, por meio da compra de 4.300 ampolas do insumo. A pasta vai adquirir ainda cinco mil tratamentos (que incluem 30 ampolas cada um).

O Ministério da Saúde pediu à Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) a doação imediata de 100 tratamentos de fomepizol, um outro antídoto utilizado em casos mais graves e que não tem registro no Brasil. Além disso, a pasta manifestou a intenção de compra de até 1000 tratamentos para constituir estoque no país.

Diante do aumento de casos considerados “fora do padrão”, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) vai oficiar 10 agências reguladoras de referência ao redor do mundo para que elas acionem produtores de fomepizol.

*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 03 de Outubro de 2025.