O partido hoje conhecido por sua fragmentação ganhou uma análise sobre sua capacidade política exatamente em momentos de unidade. Baseado em um ensaio do ano 2000, o livro póstumo “PMDB — um partido só cresce quando está inteiro”, do jornalista Agnaldo Almeida (1950-2024), foi lançado ontem. Com a presença de personalidades do jornalismo e da política. O evento ocorreu na Livraria A União, no Espaço Cultural José Lins do Rêgo, em João Pessoa.
Com 74 páginas, a produção está centrada no texto premiado pela Fundação Ulysses Guimarães da Paraíba sobre a trajetória do partido da Ditadura Militar (1964-1984) até os anos de 1990. Isso inclui a mudança do Movimento Democrático Brasileiro (MDB) para Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), denominação que durou até 2017.
A organizadora do livro acrescentou quatro colunas de Almeida, do fim dos anos 1980. “Agnaldo retroage até PSD, que foi o partido original do senador Humberto Lucena. Só que com o Golpe Militar acabou o pluripartidarismo e aí foi imposto que os partidos não poderiam ter o nome de partido”, disse Naná Garcez, diretora-presidente da Empresa Paraibana de Comunicação (EPC), organizadora do livro e viúva de Almeida. Dessa forma, toda a oposição permitida pelo regime militar ficou aglutinada no MDB.
O fio condutor da análise é a atuação conciliadora do senador Humberto Lucena. Por isso, a filha do parlamentar compôs a mesa de lançamento. “Isso é super atual”, disse Iraê Lucena sobre o jogo de palavras do subtítulo. “Hoje, os partidos estão todos destruídos, partidos. Hoje, a gente não vê um projeto. Não temos mais lideranças, como foi Humberto, Mariz. A política hoje está corrompida. Tem muita gente ética, mas a gente precisa acender a chama partidária”, comentou a filha do político que abriu mão de sua candidatura ao governo em nome da unidade partidária em mais de uma oportunidade.
O prefaciador do livro ressalta que o autor prenunciou a situação do MDB paraibano atual. “Agnaldo chega a ser profético em relação à desagregação do partido, por consequência do próprio crescimento e das perspectivas de poder que ele passou a oferecer e também das legítimas ambições dos que se achegavam ao partido”, destacou o jornalista Nonato Guedes.
Ex-presidente do MDB estadual, Severino Ramalho Leite deu um panorama geral da atuação política no partido durante o regime militar. “Tinha uma permissão tácita de que teria que sobreviver uma oposição, desde que essa oposição não pisasse nas botas do militares”, contou o atual presidente da Academia Paraibana de Letras (APL).
Próximas edições
Em fevereiro deste ano, a Editora A União fez o lançamento do primeiro livro póstumo de Agnaldo Almeida: Deu no Jornal — Volume 1. A publicação é a compilação de parte das colunas do jornalista no jornal A União. Ele deixou pronto mais dois livros completos. “O que ele chama de Sexta Página, no qual estão as histórias de Redação. Ele também deixou pronto um livro sobre a eleição de 2002. A minha ideia é fazer o Deu no Jornal — Volume 2 e lançar no próximo mês de fevereiro”, adiantou Naná Garcez.
*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 26 de agosto de 2025.