Com anúncios de cerca de R$ 1 milhão para rede de bibliotecas públicas, a segunda edição do Festival Literário Internacional da Paraíba (FliParaíba) foi aberta ontem (27). A cerimônia inaugural reuniu escritores, parceiros do evento e autoridades públicas da Paraíba e do mundo, no Centro Cultural São Francisco, em João Pessoa.
Na ocasião, o governador João Azevêdo assinou duas autorizações de licitação: uma para comprar obras de autores paraibanos, que deverão compor o acervo das bibliotecas públicas estaduais; e outra para a aquisição de kits com computador, programa de gestão de bibliotecas e mobiliário para a rede do Estado. Cada ação governamental corresponde a investimento no valor de R$ 500 mil. Além disso, no valor de R$ 2 mil, foi assinada a autorização para impressão de 150 exemplares de obra financiada com o Fundo de Incentivo à Cultura Augusto dos Anjos.
A cerimônia foi o momento para fazer um balanço das obras realizadas no Centro Histórico da capital paraibana, que totalizam R$ 138 milhões desde o período de pandemia, conforme o secretário de Cultura do Estado, Pedro Santos. “Cada espaço do Centro Histórico está pensado em mais de 30 projetos do ICMS Cultural. A gente quer se consolidar também como um Estado que investe em cultura”, completou João Azevêdo sobre o programa estadual incentivador da restauração de prédios com valor histórico.
Nessa toada, o próprio FliParaíba cresceu de um ano para o outro. O número de lançamentos é um dos indicativos disso. Segundo o titular da Secretaria de Estado da Cultura (Secult), houve 70 lançamentos na primeira edição realizada em 2024. Neste ano, 158 estão programados para ocorrer até amanhã.
De outro lado, as celebrações de quilombolas, indígenas e ciganos antes mesmo da cerimônia de abertura, no fim da tarde de ontem, comprova o alargamento dos segmentos sociais abraçados pelo festival. “Hoje ouvimos aqui o tupi-guarani, o calon, um dialeto da língua romani, passou também um coco de roda quilombola. Há muitos detalhes nesse festival. Desejo de verdade que vocês consigam explorar as sutilezas”, disse.
O secretário de Cultura de Portugal, Alberto Santos, foi convidado como escritor e compôs o dispositivo de autoridades na abertura. “Estou na Paraíba na qualidade de autor e contribuir com outros autores que vem dos quatro cantos do mundo em que se fala em português vai ser um prazer”, declarou.
O conterrâneo de Santos e coorganizador do evento, José Manuel Diogo, justificou o tema deste ano — “Nossa Língua, Nossa Gente: ancestralidade, identidade e o futuro da democracia”. “Hoje a democracia está enfraquecendo não só aqui no Brasil. É preciso encontrar uma solução”, afirmou o presidente da Associação Portugal-Brasil 200, que organizou as mesas de debate com o intuito de contribuir nesse sentido.
“O Pó das Sandálias”
De autoria do primeiro paraibano a ocupar uma cadeira na Academia Brasileira de Letras, “O Pó das Sandálias” ganhou uma reedição pela Editora A União. “Pereira da Silva era de Araruna, morou no Rio de Janeiro e no Paraná. Era uma obrigação reeditá-lo”, disse Naná Gazcez, diretora-presidente da Empresa Paraibana de Comunicação (EPC), que presenteou o chefe do Executivo estadual com um exemplar.
Liderada pelo maestro Lucílio, a Orquestra Sanfônica, em parceria com cantoras como Helaine Cristina, foi a atração artística da noite.
*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 28 de novembro de 2025.