O governador da Paraíba, João Azevêdo, autorizou a licitação para duas iniciativas que buscam preservar a memória e a identidade estadual: a reforma e restauração dos prédios onde funcionarão o Museu da Diáspora Negra e Etnias Paraibanas e o Memorial Augusto dos Anjos.
A cerimônia de assinatura das autorizações ocorreu no Jardim de Academos, área externa da sede da Academia Paraibana de Letras (APL), na noite de ontem, em João Pessoa. O investimento total será de cerca de R$ 7,2 milhões e virá da renúncia fiscal do programa ICMS Cultural e Patrimonial. As duas obras fazem parte do programa de revitalização Viva o Centro.
No valor de cerca de R$ 4,3 milhões, o Museu da Diáspora Negra e Etnias Paraibanas ganhará vida numa edificação nos arredores da Praça Rio Branco. O equipamento público terá auditório, centro de pesquisa, área externa e outros ambientes. “É a possibilidade de conhecer a história fundante da Paraíba”, disse Lídia Moura, secretária estadual de Mulheres e Diversidade Humana.
E essa história inclui os 22 povos indígenas que habitaram as terras onde hoje é o território paraibano. Obviamente, as 51 comunidades quilombolas também serão destaque do museu, assim como os povos ciganos. Segundo a secretária, o conceito do equipamento público tem sido elaborado desde novembro passado em parceria com a Secretaria de Estado da Cultura (Secult).
Vários integrantes do movimento negro paraibano estiverem presentes na solenidade. “É uma ação de reparação da dívida histórica que o Estado brasileiro e paraibano têm com a população negra e com os povos tradicionais. Terá um papel muito importante para a memória do povo negro, de terreiro e povos tradicionais, visto que a cidade é permeada de símbolos que marcam a cultura européia, mas a cultura do povo negro tem sido invisibilizada”, observou José Roberto da Silva, membro do movimento.
Por sua vez, o Memorial Augusto dos Anjos funcionará em um prédio ao lado da APL. O projeto prevê manter a fachada histórica, mas oferecerá um ambiente interno completamente moderno. Além disso, o prédio será conexo com o Jardim de Academos. “Estará redimindo uma injustiça ao nosso poeta maior, que foi sepultado em Minas Gerais”, declarou Severino Ramalho Leite, presidente da academia.
Na avaliação do governador, o Memorial dará a Anjos a sua real dimensão. Na cerimônia, Azevêdo antecipou a inauguração de outro prédio na região: o Palácio da Redenção, que abrigará o Museu da História da Paraíba, tem data prevista para ser entregue no próximo dia 19. “Outras coisas virão para o Centro Histórico”, afirmou o governador, depois de listar a ocupação de prédios que vão desde parques tecnológicos a órgãos governamentais.
“Esse conjunto de ações, somados a mais de 30 projetos, que serão executados pela iniciativa privada e entidades públicas, dentro do programa ICMS Cultural e Patrimonial, será uma das maiores aqui dentro do Centro Histórico, na lógica que se reviva esse processo ocupação”, disse o chefe do Executivo estadual.
A cerimônia de assinatura foi precedida de visita aos ambientes da APL. Houve uma troca de livros entre o presidente da entidade e o governador, que presenteou a academia com um box de livros da Editora A União. O cantor Chico Viola também se apresentou à voz e violão.
Também prestigiaram a solenidade os secretários de Estado Cláudio Furtado (Ciência, Tecnologia, Inovação e Ensino Superior), Nonato Bandeira (Comunicação Institucional), Roberto Paulino (secretário- -chefe de Governo), Simone Guimarães (superintendente da Suplan), Naná Garcez (diretora-presidente da Empresa Paraibana de Comunicação - EPC), Ronaldo Guerra (chefe de Gabinete do Governador) e Aristeu Chaves (presidente da Empresa Paraibana de Pesquisa, Extensão Rural e Regularização Fundiária - Empaer).
*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 9 de setembro de 2025.