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após obstrução na câmara

Manifestantes deixam o Plenário

publicado: 07/08/2025 08h13, última modificação: 07/08/2025 08h13
Depois de intensa negociação, deputados da oposição aceitam o presidente da Casa, Hugo Motta, abrir sessão simbólica

por Agência Estado (Com Redação)*

O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), convocou uma sessão para as 20h30 de ontem, mas não conseguiu acabar de imediato com o motim dos oposicionistas, iniciado na terça-feira (5), dia em que o Congresso Nacional retomaria os trabalhos após o recesso.

Só após intensa negociação é que os manifestantes se retiraram do Plenário. A sessão de reabertura foi simbólica, porque não houve votações, e só começou às 22h21.

Mais cedo, Motta havia alertado que qualquer deputado que permanecesse ocupando a Mesa da Câmara seria suspenso por seis meses e seus gabinetes, desativados.

A medida, segundo o parlamentar, seria encaminhada ao Conselho de Ética como uma ação para “defender a democracia e as prerrogativas do Parlamento”.
“Não podemos deixar que projetos pessoais e até projetos eleitorais possam estar à frente do que é maior que todos nós: o nosso povo”, disse Motta, na sessão. “Nossa presença nesta Mesa, na noite de hoje, é para garantir duas coisas: a primeira é o respeito a esta Presidência, como quer que seja; e a segunda, é para que esta Casa possa se fortalecer”, continuou.

Duas deputadas chegaram a levar seus bebês para o Plenário para evitar a retirada dos rebeldes. Uma delas foi a polêmica deputada federal Júlia Zanatta (PL-SC), que levou a filha de quatro meses para o Plenário na noite de ontem. Nas redes sociais, ela postou foto sentada na cadeira do presidente da Câmara, com o bebê no colo, chamou de canalhas os oposicionistas e admitiu estar usando a criança como “escudo”.

À tarde, Motta reuniu as lideranças na residência oficial do presidente da Câmara para discutir o que fazer com os deputados bolsonaristas que tomaram a Mesa da Presidência da Casa em protesto contra a prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Os amotinados passaram a exigir a votação de um projeto de lei para anistiá-lo e aos condenados pelos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023.
Já no Senado, alguns parlamentares chegaram a se acorrentar à mesa utilizada para comandar os trabalhos.

O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), determinou que a sessão deliberativa de hoje do Senado seja realizada em sistema remoto. Segundo ele, a decisão tem o objetivo de garantir o funcionamento da Casa e impedir que a pauta legislativa seja paralisada por causa da obstrução do Plenário do Senado por parlamentares da oposição.

“Não aceitarei intimidações nem tentativas de constrangimento à Presidência do Senado. O Parlamento não será refém de ações que visem desestabilizar seu funcionamento”, disse Alcolumbre em nota.

Segundo ele, as matérias de interesse da população continuarão sendo votadas, como o projeto que assegura a isenção do Imposto de Renda para quem recebe até dois salários mínimos.

“A democracia se faz com diálogo, mas também com responsabilidade e firmeza”, concluiu o presidente do Senado.

Suspensão

Conforme nota da Secretaria-Geral da Mesa, qualquer conduta que tenha por finalidade impedir ou obstaculizar as atividades legislativas sujeitarão os parlamentares ao Regimento Interno da Câmara dos Deputados.

O regulamento prevê a apresentação, pela Mesa Diretora, de representação dirigida ao Conselho de Ética e Decoro Parlamentar pedindo a suspensão cautelar de mandato de deputado pelo período de seis meses por quebra de decoro.

Conselho Tutelar

O presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara, deputado Reimont (PT-RJ), apresentou uma denúncia ao Conselho Tutelar sobre a presença da filha da deputada federal Júlia Zanatta (PL-SC) no Plenário, que é um bebê de colo. Segundo o deputado, a conduta suscita preocupações quanto à segurança da criança, “que foi exposta a um ambiente de instabilidade, risco físico e tensão institucional”.

*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 07 de agosto de 2025.