Dentro da programação da 1a Feira do Livro e do Cordel da Paraíba (FlicPB), aconteceu ontem (27) a abertura do Seminário Nacional 200 Anos do Sistema Braille e as Bibliotecas Braille no Brasil.
O evento segue até hoje e acontece no auditório da Reitoria da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), em João Pessoa. Na ocasião, pesquisadores, bibliotecários, educadores, autores, estudantes e demais interessados na temática da acessibilidade e inclusão informacional estarão reunidos. O objetivo é promover reflexões e debates sobre os avanços e desafios do Sistema Braille no contexto das bibliotecas e instituições educacionais brasileiras, além de fortalecer o compromisso desses espaços com a acessibilidade e o direito à leitura para pessoas com deficiência visual.
A programação do seminário conta com palestras, painéis, lançamento de livros acessíveis e apresentações culturais, com profissionais e especialistas de diferentes regiões do país.
A realização do evento é da Biblioteca Central da UFPB, em parceria com outras instituições, como a Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), Secretaria de Educação e Cultura de João Pessoa (Sedec-JP), Fundação Dorina Nowill, Fundação Centro Integrado de Apoio à Pessoa com Deficiência (Funad), Instituto dos Cegos da Paraíba e a Empresa Paraibana de Comunicação (EPC).
O bibliotecário da Biblioteca Central da UFPB e presidente da comissão organizadora do seminário, Josenildo Costa, ressaltou que a iniciativa é de fundamental importância. “O braille foi um grande legado, deixado por Louis Braille; se não fosse isso, muitas pessoas cegas não teriam acesso a conhecimentos e não teriam chegado aonde chegaram, inclusive eu. Mesmo hoje, com as tecnologias de acessibilidade que temos, não se pode desprezar a importância da escrita braille”, afirma. Ele ressalta que o seminário marca ainda os 30 anos do Seminário Nacional de Bibliotecas Braille (Senabraille), idealizado por uma bibliotecária da UFPB, hoje aposentada, Marília Mesquita Guedes Pereira. “A expectativa é que possamos debater durante o Seminário, e sairmos daqui com projetos e propostas para os próximos eventos e para ações futuras”, destaca.
A professora Izolda Carvalho, presidente da organização não governamental (ONG) Partners of the Americas Paraíba e organizadora da FlicPB, ressaltou que a Feira abraçou a realização do seminário dentro da sua programação, por entender a relevância da temática. “Temos grandes projetos para escrevermos editais, apoiar a causa da inclusão das pessoas com deficiência visual e realizar ações nesse sentido também”, afirma. Após o evento de abertura, houve também o lançamento de livros acessíveis, um deles intitulado “Pedro e o Leão”, escrito pelo adolescente João Miguel Marques, de 12 anos. Natural de Patos, no Sertão paraibano, ele conta que desde pequeno teve contato com os livros e foi estimulado à leitura, por sua mãe ser professora. Posteriormente, surgiu a vontade de escrever e, aos oito anos, publicou a obra, que é seu primeiro livro.
“A história fala da amizade de um garoto que sonha em ser biólogo e de um leão que é deficiente visual. A princípio, ele não tinha essa deficiência, mas eu vi uma matéria sobre o futebol de cego e resolvi abordar isso no meu livro, para dar mais visibilidade a essas pessoas, que são tão capazes como as que não têm deficiência”, pontua ele, que tem edição do livro publicada também em braille.
O primeiro dia do evento contou também com painéis que debateram os 30 anos do Senabraille e as bibliotecas braille no Brasil, além de oficinas e apresentação cultural. Hoje, por meio do debate em eixos temáticos, o evento se encerra com a produção de um relatório, fruto das discussões.
*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 28 de novembro de 2025.