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Saúde e prevenção

Casos de arboviroses caem no estado, mas risco permanece

publicado: 11/09/2025 08h24, última modificação: 11/09/2025 08h24
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Lixo acumulado é ambiente propício para propagação | Foto: Evandro Pereira

por Lilian Viana*

Apesar dos números positivos em relação aos casos de zika e chikungunya, de 1o de janeiro a 30 de agosto deste ano, o momento não é só de comemoração, mas, principalmente, de vigilância. Nesses meses, os registros de dengue caíram 52,64%, os de chikungunya tiveram queda de 65,77% e os de zika recuaram 77,92%, em comparação ao mesmo período do ano passado. Mas, segundo a técnica responsável pelas arboviroses na Secretaria de Estado da Saúde (SES-PB), Carla Jaciara, parte dessa queda pode estar relacionada à subnotificação e à baixa procura por atendimento médico.

Por isso, ela reforça que, ao apresentar sintomas sugestivos — como febre alta, dores no corpo, manchas vermelhas e fadiga —, a população deve buscar os serviços de saúde do primeiro ao quinto dia. “Esse é o período primordial para a detecção precoce e o tratamento adequado, evitando complicações. A redução dos números não significa que o risco desapareceu”, afirmou a especialista.

No total, o boletim epidemiológico da Secretaria de Estado da Saúde (SES) contabilizou 7.036 casos prováveis de arboviroses, sendo 5.859 de dengue, 508 de chikungunya, 17 de zika e 652 de febre oropouche. O número, embora represente uma queda significativa de casos, está longe de ser o ideal. Um rápido passeio pelas ruas de João Pessoa, por exemplo, mostra que o desafio persiste: terrenos baldios, lixo acumulado, lama e água empoçada em calçadas — condições ideais para a proliferação do mosquito Aedes aegypti.

Segundo Carla, o Estado mantém ações permanentes de monitoramento e assessoramento junto aos municípios, intensificando as medidas tanto em períodos de baixa quanto de alta sazonalidade, mas a participação ativa da população é imprescindível. “O carro fumacê é uma estratégia que acrescenta na eliminação, mas não o principal. O principal é a conscientização da população, é o trabalho de eliminação de focos dentro das casas e nas comunidades, e isso depende de cada um”, destacou.

Essa consciência já faz parte da rotina de pessoas que veem a prevenção como responsabilidade individual e coletiva. A servidora pública Elma Cilene afirma que mantém disciplina rígida em casa, trocando a água das plantas e não deixando vasilhas ou baldes acumularem água. “A mudança precisa começar nas nossas atitudes. O Poder Público tem sua parte, mas também precisamos ser parceiros nesse processo”, disse.

Na mesma linha, a comerciante Maria Salete alerta que o esforço só funciona se houver cooperação. “Não adianta eu cuidar da minha casa se o meu vizinho jogar lixo na rua. Esse é um trabalho de todos, pelo bem de todos”, destacou.

No setor de serviços, a prevenção também é regra. Clenaldo Gomes, gerente de uma pousada no Bairro das Indústrias, explicou que a higienização é reforçada diariamente. “Cuidamos até da água que pode vazar de um frigobar. Os quartos são limpos todos os dias, a lavanderia é higienizada duas vezes por dia e o local de alimentação é constantemente monitorado. É uma questão de segurança para hóspedes e funcionários”, concluiu.

*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 11 de setembro de 2025.