Em sintonia com o Mês da Consciência Negra, será inaugurada, às 16h de hoje, no Centro Cultural Lourdes Ramalho, em Campina Grande, a exposição fotojornalística “Arte Preta da Serra”. A mostra reúne uma série de fotografias, feitas pela fotojornalista Val da Costa, retratando 10 mulheres negras que expressam sua arte em diferentes linguagens na cidade.
Participam da exposição a bonequeira Anita Garyballdi, a atriz Joana Marques (Lamparina), a artesã de macramê Sandovânia Bertulino, a trancista Mithra Josyane, a ceramista Rosângela Lisboa, a cantora Caliandra Andrade, a dançarina Rayanne Mendes, a escritora Myrlla dos Anjos, a artista de ballroom Ayana e a escritora e cordelista Ju Dutra.
Segundo Val, a ideia de fotografar essas mulheres surgiu como uma forma de registrar e valorizar o trabalho de cada uma. Ao todo, 18 artistas negras foram mapeadas para o projeto e 10 delas foram selecionadas para compor a exposição. “Essas mulheres estão na cidade produzindo, atuando, mas, muitas vezes, acabam indo embora. Quis registrar essa fração temporal em que elas estão aqui e ocupam os bairros de Campina. Temos tanto as artes clássicas — música, teatro, dança — quanto as populares, como o artesanato”, explicou a fotojornalista.
A mostra foi viabilizada por meio do edital de incentivo cultural Biliu de Campina, com recursos da Política Nacional Aldir Blanc de Fomento à Cultura (Pnab). Um dos diferenciais do projeto é o uso da técnica de photomobile, que alia a sensibilidade jornalística à atividade fotográfica com aparelho celular. Para Val, o uso desse tipo de equipamento proporciona maior proximidade com as personalidades retratadas.
“Em primeiro lugar, há a praticidade. Sigo uma linha de fotojornalismo que valoriza a luz natural do dia, e o celular ajuda muito a aproveitar isso. Além disso, sair sozinha com uma câmera profissional chama muita atenção — o que pode ser perigoso, principalmente para uma fotógrafa mulher. Embora ainda exista certa resistência quanto à qualidade das fotos feitas com celular, acredito que essa exposição prova que é possível produzir algo artístico e bem-feito com essa técnica”, observou.
Cada fotografia exposta no hall de entrada do Centro Cultural Lourdes Ramalho também vem acompanhada de um QR Code, que direciona o visitante ao site, no qual é possível acessar textos de perfil, audiodescrição e imagens extras relacionadas a cada artista retratada. “O fotojornalismo não existe sem o texto. Por isso, busquei unir o espaço físico ao digital, aproveitando o material que tinha para criar uma experiência que se complementa”, destacou Val.
A exposição “Arte Preta da Serra” ficará aberta à visitação até 25 de dezembro. O Centro Cultural, localizado na Rua Paulino Raposo, no bairro São José, funciona de segunda a sexta-feira, das 8h às 12h e das 13h às 17h. A entrada é gratuita.
*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 25 de novembro de 2025.