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CHACINA EM conde

MPPB e polícias deflagram operação

publicado: 19/08/2025 08h54, última modificação: 19/08/2025 08h54
Durante ação, equipe cumpriu mandados judiciais de prisão temporária e também de busca e apreensão
Operação Arcus Pontis - crédito MPPB.jpeg

Arcus Pontis visa investigar o assassinato de cinco pessoas ocorrido no mês de fevereiro | Foto: Divulgação/MPPB

por Redação*

O Ministério Público da Paraíba (MPPB), por meio do Núcleo de Controle Externo da Atividade Policial (Ncap) com o apoio do Núcleo de Gestão do Conhecimento (NGC) e das polícias Militar e Civil da Paraíba, deflagrou uma operação na manhã de ontem intitulada Arcus Pontis. A ação visou o cumprimento de mandados judiciais expedidos pela Vara Única do município em Conde.

As prisões aconteceram em decorrência de investigação de uma chacina ocorrida no dia 15 de fevereiro deste ano, na Ponte do Arco, em Conde, resultando na morte de cinco pessoas. Foram cumpridos, ontem, 12 mandados judiciais em desfavor de policiais militares envolvidos na ocorrência, sendo seis de prisão temporária e seis de busca e apreensão. Cinco dos policiais foram presos; já o sexto policial não foi encontrado, pois, segundo informações, estaria em viagem internacional nos Estados Unidos.

A defesa dos policiais afirmou que os jovens atiraram contra eles, que reagiram disparando e ferindo as vítimas. Ainda segundo informações da defesa, o policial militar que está em viagem vai apresentar-se quando retornar ao Brasil, e todos vão fornecer as informações necessárias às investigações. A operação Arcus Pontis contou com a participação de 72 pessoas, entre promotores de Justiça, integrantes do Núcleo de Gestão do Conhecimento e Segurança Institucional (NGCSI), policiais militares e civis.

Entenda o caso

O fato que motivou a ação de ontem aconteceu na noite do dia 15 de fevereiro de 2025. Segundo a Polícia Militar, cinco jovens, com idades de 17 a 26 anos, estavam preparando-se para fazer um ataque no município de Conde, com o intuito de vingar um feminicídio cometido horas antes na região. Na mesma data, uma mulher havia sido morta por ter encorajado uma amiga, vítima de violência doméstica, a separar-se do marido. O homem teria matado a mulher motivado por vingança.

Segundo a PM, o filho da vítima reuniu amigos para vingar o assassinato de sua mãe. Os dois veículos onde estavam foram interceptados por viaturas da Polícia Militar. Ao chegar à Ponte do Arco, o grupo foi atingido por vários tiros, o que vitimou todos os ocupantes. Conforme a perícia, os veículos foram atingidos por mais de 90 disparos, e quase todos partiram de fora para dentro, com exceção de apenas um, que foi efetuado de dentro de um dos veículos.

Os dois automóveis foram levados do local do crime pelos policiais militares para o pátio da Cidade da Polícia Civil, onde ocorreu a perícia, o que foi criticado pelo perito do caso, gerando questionamentos sobre a preservação dos vestígios. A guia de atendimento no Hospital de Emergência e Trauma de João Pessoa mostra que todos os jovens chegaram mortos, com múltiplos ferimentos por arma de fogo no crânio, tronco e membros inferiores.

O MPPB também instaurou um procedimento administrativo para acompanhar e fiscalizar a investigação policial. A ação quer verificar se todas as providências foram tomadas para investigar as condições nas quais se deram a ação policial. Familiares dos jovens contestam a versão apresentada pela Polícia Militar, de que as vítimas entraram em confronto com os agentes e de que já tinham envolvimento com criminalidade.

Os policiais presos vão aguardar a audiência de custódia na Central de Polícia de João Pessoa. Eles trabalham no 5º Batalhão da Polícia Militar de João Pessoa e atuavam na Zona Sul da capital. Segundo informações, alguns deles também prestavam serviços de segurança particular ao influenciador Hytalo Santos, preso na última sexta-feira (15), em São Paulo, suspeito de tráfico humano e exploração sexual infantil. Contudo, a operação Arcus Pontis não tem relação com a investigação contra o influenciador.

Protesto

Parentes das vítimas realizaram, ontem, um protesto em frente à sede da Cidade da Polícia, em João Pessoa. Mães e outros familiares dos jovens mortos apresentavam cartazes e fotos dos filhos e pediam justiça. Apesar da prisão de alguns policiais durante a operação, algumas mães mostravam descrença com relação à punição dos autores, já que os veículos periciados foram retirados, erroneamente, do local do crime.

*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 19 de agosto de 2025.