As fortes chuvas que vêm acometendo João Pessoa nos últimos meses têm causado diversos transtornos. Trânsito lento e vias interditadas são alguns deles. Contudo, além disso, danos nos automóveis em decorrência dos alagamentos e das aberturas de buracos nos asfaltos vêm ocasionando adversidades para os motoristas da cidade. Quem ganha com isso são as oficinas mecânicas e lojas de autopeças.
Franco da Nóbrega, dono da oficina Auto Mecânica, localizada na Beira Rio, ressalta a maior demanda dos clientes pelos atendimentos do setor. “Atendemos de 10 a 15 carros por dia. Trabalhamos de segunda a sábado, consertanto 200 carros, em média, por mês. No período de chuvas há um aumento em torno de 20% a 30% a mais na assistência prestada”.
Também proprietário de oficina na Beira Rio, Fábio Sales, confirmou o crescimento na prestação de serviços mecânicos. De acordo com ele, o crescimento ocorre porque, “com as ruas alagadas, os motoristas não conseguem perceber as aberturas na via e acabam caindo nelas e danificando os veículos.
O perfil do atendimento e dos serviços prestados nessa época, também muda: avarias no freio, na injeção eletrônica, que podem ocorrer quando a parte elétrica do veículo entra em contato com a água; além de avarias na suspensão e alinhamento também são condições comuns de carros que caem em buracos. O alinhamento se refere-se ao ajuste dos ângulos das rodas, o que faz elas ficarem paralelas entre si. Já a suspensão é o sistema que une as rodas do veículo e que absorve o impacto e mantém as rodas em contato com o solo.
Os profissionais contam que há uma tendência nos tipos de problemas dos veículos que chegam nas suas oficinas. Avarias no sistema de freios e na injeção eletrônica — que podem ocorrer quando a parte elétrica do veículo entra em contato com a água — tornam-se mais frequentes, assim como danos na suspensão e no alinhamento, comuns em veículos que caem em buracos. O alinhamento consiste no ajuste dos ângulos das rodas, garantindo que fiquem paralelas entre si. A suspensão, por sua vez, é o sistema responsável por conectar as rodas ao veículo, absorver impactos e manter o contato das rodas com o solo.
“Buraco tira a geometria do carro, isto é, mexe no alinhamento. O motorista percebe que o carro começa a puxar para um lado, que a direção fica um pouco torta, isso porque a geometria dele é modifica”, explicou Erival de Souza, mecânico.
Para Franco da Nóbrega, o sistema de suspensão costuma ser bastante danificado. O valor para realizar a manutenção nessa parte do carro tende a girar em torno de R$120.
Miguel Machado estava em uma das oficinas realizando check-up no seu automóvel e comentou que tem percebido um aumento no número de fendas nas vias públicas por onde passa. Pedro Henrique, outro cliente da oficina, relatou que seu pai já teve prejuízos significativos causados pelas chuvas. “Certa vez, em Intermares, havia uma poça d’água enorme. Meu pai não tinha noção da profundidade do alagamento, viu um carro subindo pela calçada, tentou fazer o mesmo e acabou rasgando os dois pneus”, contou. Pedro acrescentou que, em outro momento, no Bairro das Indústrias, novamente seu pai passou por um acúmulo de água que, aparentemente, não era profunda, mas, mesmo assim, rasgou um dos pneus dianteiros.
Fábio Sales finalizou dando um alerta para os motoristas. “Não se deve passar em lâminas d’água de jeito nenhum. Ao ver uma área de alagamento, o melhor a se fazer é tentar seguir o caminho por outro canto”.
Menos buracos
A Secretaria de Infraestrutura de João Pessoa (Seinfra) registrou, neste ano, uma redução no número de aberturas nas vias em relação ao ano passado. Segundo o órgão, a queda se deve ao Programa Asfalto Novo, que pavimentou 252 ruas, somando 126,445 km. Em junho do ano passado, foram detectados cerca de 4.200 buracos, enquanto em junho de 2025 foram identificados apenas 1.200, conforme informou o secretário-executivo Luciano Pereira.A Seinfra também destacou que a Operação Tapa-Buracos é realizada diariamente, de segunda a sexta-feira, com 12 equipes de campo, compostas por quatro profissionais cada. A operação atua em pelo menos 20 bairros por dia. As localidades atendidas são definidas com base nas solicitações da população feitas por meio do aplicativo João Pessoa na Palma da Mão, além de chamadas via rádio-escuta e o monitoramento ativo da própria Secretaria.
*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 17 de julho de 2025.