De acordo com dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a Paraíba soma um total de 32.802 pessoas residentes em Unidades de Conservação (UCs), o equivalente a 0,83% de toda a população do estado. Além disso, conforme as informações publicadas na última sexta-feira (11), com base no Censo Demográfico de 2022, 60,5% desse montante (19.825 pessoas) habitam áreas urbanas, enquanto 39,5% (12.977) moram em Zonas Rurais. Representando 0,28% dos residentes em UCs em todo o Brasil (11,8 milhões), a Paraíba apresenta, dessa forma, um perfil menos urbano do que a média nacional de moradores nessas regiões (78,7% urbana e 21,3% rural).
Conforme explica o IBGE, UCs são espaços territoriais com características naturais relevantes, como recursos ambientais, legalmente instituídos e protegidos pelo Poder Público — na esfera municipal, estadual ou federal. No ranking nacional, os três estados com mais pessoas vivendo em UCs, segundo o Censo de 2022, são São Paulo (2.483.199), Maranhão (1.555.668) e Bahia (1.354.144).
Dos quase 33 mil residentes em UCs na Paraíba, 96,8% (31.753) vivem em unidades de Uso Sustentável, enquanto 3,2% (1.049) ocupam UCs de Proteção Integral. As UCs de Uso Sustentável têm como objetivo básico compatibilizar a conservação da natureza com a utilização sustentável de uma parte dos seus recursos naturais; dessas unidades, destacam-se as Áreas de Proteção Ambiental (APAs), que reúnem 96,6% (31.673) da população total das UCs no estado. Nas APAs, que representam a principal forma de manejo de territórios protegidos na Paraíba, é permitido certo grau de ocupação humana, conciliando a conservação da área com o bem--estar dos moradores locais.
Embora também presentes no estado, outras categorias de Uso Sustentável, concentram número muito menor de pessoas, como as Áreas de Relevante Interesse Ecológico (212) e as Florestas (21). Já entre as UCs de Proteção Integral, cujo propósito é preservar a natureza, admitindo apenas o uso indireto de seus recursos, o destaque estadual são os Parques, que somam 970 residentes. Em comparação, a média nacional é de 98,7% da população em UCs de Uso Sustentável e 1,1% em UCs de Proteção Integral, enquanto 0,2% vive em áreas de sobreposição entre os dois tipos.
As demais categorias observadas na Paraíba, como Reservas Extrativistas e Refúgios de Vida Silvestre, que têm objetivos mais restritivos quanto ao uso de seus recursos naturais, abrigam populações significativamente menores, segundo o IBGE. Apenas quatro pessoas vivem em Reservas Extrativistas e 70, em Refúgios de Vida Silvestre. Por sua vez, as Estações Ecológicas e os Monumentos Naturais, de caráter mais restritivo, sequer registraram moradores no estado.
Perfil racial reflete a forte presença de comunidades tradicionais
Ainda de acordo com o levantamento do IBGE, 50,7% da população residente em Unidades de Conservação na Paraíba autodeclara-se parda (16.644 pessoas), seguida por 25,8% de brancos (8.451) e 17,4% autodeclarados indígenas (5.706). Pretos somam 1.980 residentes (6%), enquanto os que se identificam como amarelos são apenas 21 pessoas (0,1%). Na avaliação do IBGE, esse perfil racial indica uma presença significativa de grupos tradicionalmente ligados às comunidades rurais e tradicionais, como quilombolas e indígenas, reforçando a importância social e cultural dessas áreas protegidas no estado.Quanto à distribuição por idade, destaca-se uma predominância de pessoas jovens e adultas em idade ativa. A maior concentração (36,8%) corresponde ao grupo de 15 a 39 anos, com mais de 12 mil pessoas nessa faixa. Crianças de zero a 14 anos também representam uma parcela relevante (22%), com cerca de sete mil residentes. Por outro lado, a população idosa, de 60 anos ou mais, totaliza pouco mais de cinco mil pessoas (15,6%). No recorte por sexo, observa-se uma leve predominância feminina: as mulheres correspondem a aproximadamente 50,9% da população residente (16.683 pessoas), enquanto os homens representam 49,1% (16.119).
O estado contabilizou 10.942 domicílios particulares situados em UCs, o que representa 0,3% do total de residências nessas unidades em todo o país (3.976.208). No estado, 369 moradias estão localizadas em áreas de Proteção Integral e 10.573, em áreas de Uso Sustentável. A taxa média de ocupação residencial nas UCs da Paraíba foi de três pessoas por domicílio ocupado, valor muito próximo da média nacional (2,95).
Na Paraíba, a taxa de alfabetização da população com 15 anos ou mais residente em UCs é de 79,98%, sendo de 77,16% entre os homens e de 82,66% entre as mulheres. Esses índices colocam o estado abaixo da média nacional nesse mesmo tipo de área, que é, respectivamente, de 91,16%, 90,23% e 92,05%. A diferença entre os sexos, no entanto, segue o padrão observado no Brasil, onde as mulheres também apresentam maior taxa de alfabetização em áreas protegidas.
Povos originários
Para além dos dados sobre a autodeclaração, o IBGE aponta que os indígenas representam 23,41% da população residente em UCs: ao todo, 7.678 deles habitam esse tipo de território no estado. O contraste é evidente na relação com o cenário nacional: no qual os indígenas correspondem a apenas 1,12% dos 11,8 milhões de moradores em UCs. Isso coloca a Paraíba na liderança entre os estados com maior presença proporcional dessa população em Unidades de Conservação.
Já os moradores quilombolas representam somente 0,28% da população residente em UCs na Paraíba: são 91 deles vivendo nesses territórios. O percentual é muito inferior à média nacional, que é de 2,39%, com mais de 282 mil quilombolas presentes em áreas de conservação ambiental no país.
*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 16 de julho de 2025.