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pela primeira vez

PB zera lista de transplante cardíaco

publicado: 26/09/2025 08h30, última modificação: 26/09/2025 08h30
Neste ano, 169 vidas foram salvas por meio da doação de órgãos e tecidos, destacando o estado nacionalmente
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Procedimento que zerou a lista de espera representou a 12ª doação de coração em 2025 e a terceira no mês de setembro | Foto: Divulgação/Secom-PB

A manhã de ontem (25) entrou para a história da Saúde da Paraíba. Pela primeira vez, o estado zerou a lista de espera por transplante de coração. O marco foi alcançado após uma doação múltipla de órgãos realizada no Hospital de Emergência e Trauma Senador Humberto Lucena, em João Pessoa, envolvendo coração, rins e córneas de um paciente de 34 anos, vítima de traumatismo cranioencefálico.

O receptor do coração é um homem de 64 anos, que já estava sendo preparado para a cirurgia no Hospital Metropolitano Dom José Maria Pires, unidade gerida pela Fundação PB Saúde e referência em cardiologia e transplante cardíaco.

O secretário de Estado da Saúde, Ari Reis, destacou o feito como motivo de orgulho. “Zerar a lista de espera por um coração é um marco que coloca a Paraíba em posição de destaque nacional. Nosso reconhecimento vai para as famílias doadoras, que transformam dor em solidariedade, e a todos os profissionais envolvidos nesse processo”, afirmou.

Para a diretora da Central de Transplantes da Paraíba, Rafaela Dias, o momento representa uma vitória coletiva. “É um símbolo de esperança e vida nova, resultado do trabalho da Central Estadual de Transplantes, da dedicação das equipes da Saúde e da estrutura consolidada pelo Governo do Estado”, disse.

Essa foi a 12ª doação de coração de 2025 e a terceira só em setembro. As anteriores ocorreram em Patos, no dia 5, marcando a primeira doação de coração do Sertão, e na capital, no dia 13.

Desde 2019, a Paraíba avançou, de forma consistente, na política de doação de órgãos e transplantes, com investimentos em capacitação profissional, fortalecimento do serviço hospitalar e aquisição de duas aeronaves para transporte de equipes e órgãos.

Projetos como o Setembro Verde no Sertão, voltado à qualificação de equipes fora do eixo Campina-João Pessoa, possibilitaram a regionalização do serviço. Outro fator determinante foi a sensibilização das famílias doadoras mediante as campanhas de conscientização.

Como resultado, nos últimos seis anos, a Paraíba retomou os transplantes cardíacos após uma década de interrupção, saindo do pior desempenho nacional e passando a figurar entre os estados que mais avançaram em doação e transplante de órgãos e tecidos. Em 2020, o estado recebeu o prêmio nacional “Destaques na promoção da Doação de Órgãos e Tecidos no Brasil”, e o Hospital Metropolitano foi habilitado pelo Ministério da Saúde para realizar transplantes cardíacos adultos e pediátricos. Em 2021, a Paraíba atingiu o maior número de transplantes de córneas da história, com 253 procedimentos. Ao todo, foram realizados 1.182 transplantes e 221 doações de múltiplos órgãos.

Só em 2025, 169 vidas já foram transformadas por meio da doação de órgãos e tecidos, enquanto mais de 800 pessoas ainda aguardam na lista de espera.

Aedo soma mais de 1.100 solicitações emitidas

Amanhã, o Brasil celebra o Dia Nacional da Doação de Órgãos, data instituída pelo Ministério da Saúde (MS) para conscientizar a população sobre a importância desse gesto de solidariedade que pode salvar vidas. De acordo com o MS, foram realizados mais de 30 mil transplantes em 2024 — números que tendem a crescer com o apoio da tecnologia notarial.

O processo digital é feito pela plataforma e-Notariado | Foto: Carlos Rodrigo

Desde abril de 2024, os cidadãos podem manifestar e formalizar sua vontade de doar órgãos, de forma simples, gratuita e 100% digital, a partir da Autorização Eletrônica de Doação de Órgãos (Aedo). Lançada pelo Colégio Notarial do Brasil — Conselho Federal (CNB-CF), em parceria com o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e o Ministério da Saúde, a Aedo  soma mais de 1.109 solicitações emitidas em todo o estado da Paraíba, fortalecendo a política pública de transplantes no Brasil.

“A Autorização Eletrônica de Doação de Órgãos é um marco para os cartórios da Paraíba, pois alia tecnologia e compromisso social em um gesto que simboliza solidariedade, cidadania e segurança jurídica”, ressalta Lucas de Brito, presidente do CNB-PB.

De acordo com o Ministério da Saúde, os transplantes mais realizados em 2024 foram o de rim (6.320 transplantes) e o de fígado (2.454), entre os sólidos; e o de córnea (17.107) e o de medula óssea (3.743), entre os líquidos.

Como funciona

O processo é totalmente digital, realizado por meio da plataforma e-Notariado. O interessado acessa o site www.aedo.org.br, solicita gratuitamente um Certificado Digital Notarizado, realiza videoconferência com um tabelião de notas e assina eletronicamente o documento, escolhendo quais órgãos deseja doar.

A Aedo passa a integrar automaticamente a Central Nacional de Doadores de Órgãos, podendo ser consultada por profissionais da Saúde credenciados no Sistema Nacional de Transplantes. O documento pode ser revogado a qualquer momento pelo cidadão.

Com mais de 42 mil pessoas na fila por um transplante no Brasil, a Aedo representa um instrumento poderoso de conscientização e engajamento. A data de 27 de setembro reforça essa mobilização nacional e destaca que a decisão de doar pode transformar vidas e oferecer esperança a milhares de famílias.

Sobre o CNB-PB

O Colégio Notarial do Brasil — Seção Paraíba (CNB-PB) é a entidade de classe que representa institucionalmente os tabeliães de notas do Estado da Paraíba. As seccionais dos Colégios Notariais de cada estado estão reunidas em um Conselho Federal, que é filiado à União Internacional do Notariado (UINL).

A UINL é uma entidade não governamental que reúne 88 países e representa o notariado mundial existente em mais de 100 nações, correspondentes a 2/3 da população global e 60% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial, praticando atos que conferem publicidade, autenticidade, segurança e eficácia aos negócios jurídicos, pessoais e patrimoniais, contribuindo para a desjudicialização e a prevenção de litígios.

*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 26 de setembro de 2025.