Conhecida por ser a terra natal do advogado criminalista Geraldo Beltrão, cujo nome batiza um dos presídios da Paraíba, Alagoinha é a segunda cidade a receber a Rota Cultural Raízes do Brejo. Localizado no Brejo paraibano, a 100 km de João Pessoa, o município recebe o evento de sexta-feira (24) até o domingo (26). A prefeitura municipal estima que de 10 a 15 mil pessoas deverão passar por Alagoinha nos três dias de festividades.
“A expectativa é receber um público expressivo, formado por visitantes de várias cidades paraibanas e por turistas de outros estados, como aconteceu nos anos anteriores”, explicou o secretário de Cultura e Turismo, Francisco Júnior. Ainda de acordo com o secretário, o evento tem a intenção de proporcionar, para o povo da cidade, um resgate das suas raízes, além do acolhimento de cada visitante que chegar ao município.
Com cerca de 14 mil habitantes, segundo o Censo 2024 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Alagoinha prepara uma programação diversificada para receber os turistas. A agenda inclui atrações culturais e gastronômicas voltadas ao fomento da identidade regional, além de atividades de aventura, como passeios ciclísticos e trilhas em carros 4x4.
A Rota Cultural Raízes do Brejo está em sua sétima edição. A iniciativa é promovida pelo Fórum Regional de Turismo Sustentável do Brejo Paraibano (FRTSB-PB), com apoio do Governo do Estado. As celebrações começaram em 16 de outubro e vão até 28 de dezembro, com programação realizada às sextas-feiras, aos sábados e aos domingos de cada semana. A Rota percorre 10 cidades paraibanas — Lagoa de Dentro, Alagoinha, Serra da Raiz, Dona Inês, Juarez Távora, Guarabira, Pirpirituba, Belém, Duas Estradas e Pilõezinhos compõem o roteiro da celebração
Josenildo Fernandes, presidente do FRTSB-PB, comentou que o produto turístico é uma rota diferenciada, porque abarca uma outra parte da região. “Nossa intenção é também dar visibilidade a esses pequenos municípios, que vão mostrar o seu charme, a sua vivência, a sua experiência, e vai encantar o turista de outra maneira”.
Na avaliação do secretário Francisco Júnior, integrar essa Rota Cultural é valorizar a identidade local, fortalecer o turismo regional e criar oportunidades para o povo alagoinhense. Para ele, o festival é mais do que um evento, é um movimento que mexe com toda cidade, que se une para celebrar a força que a cultura e o turismo que Alagoinha tem.
“O evento é uma vitrine para mostrar o que temos de mais bonito: nossa arte, nossa cultura, nossa gastronomia, os talentos de nossos artistas, nossa fé, nossas tradições e nossa capacidade de transformar o simples em grandioso”.
A agenda de atividades no município está repleta de cultura, arte e identidade popular. “A preparação está sendo feita de forma coletiva e participativa. A Prefeitura, por meio da Secretaria de Cultura e Turismo, uniu esforços com artistas, artesãos, escolas, grupos culturais e outras secretarias, para que tudo fosse construído a muitas mãos”, comentou o secretário Francisco Júnior. Ainda de acordo com ele, Alagoinha está sendo ornamentada, os espaços culturais estão sendo revitalizados e a comunidade está mobilizada para receber bem cada visitante. “É um momento de união e orgulho, em que todos se sentem parte desse grande espetáculo cultural, dessa rota que vem trazendo desenvolvimento cultural e turístico para nosso município”.
Universo mágico de São Saruê será celebrado
A programação terá início na sexta-feira (24), às 8h, com o hasteamento da bandeira, seguido de um café da manhã na Prefeitura Municipal. Às 15h30, a Praça Geraldo Beltrão será palco de apresentações culturais das escolas da rede municipal.
A abertura oficial acontecerá às 19h30, na Praça Cultural Alfredo Moura, com a apresentação da banda de música Cidalino Pimenta e o espetáculo “Alagoinha, a Terra de São Saruê”. A apresentação está entre os destaques da programação, pois resgata o imaginário poético de Manoel Camilo dos Santos, autor do cordel “Viagem ao País de São Saruê” (1956), que inspirou o documentário do cineasta paraibano Vladimir Carvalho, “O País de São Saruê” (1972). Francisco Júnior relatou que o autor do cordel é natural de Alagoinha. “Na época, Alagoinha fazia parte da comarca de Guarabira, então o poeta foi registrado como sendo de Guarabira, mas de fato ele nasceu em Alagoinha”, explicou. Após o espetáculo, a cantora pernambucana Laura Pontes e o cantor Alisson Dantas animarão a noite.
No sábado (25), as atividades começam às 8h30, com a apresentação de cantadores de viola na feira livre. Às 12h, o almoço acontecerá no Recanto das Cirandeiras, espaço que celebra as tradições e a força da cultura popular com muita ciranda e coco de roda, localizado no assentamento Senhor do Bonfim, espaço que celebra as tradições e a força da cultura popular, com muita ciranda e coco de roda. A programação noturna, ficará por conta do cantor e compositor Nonato Neto. Em seguida, os visitantes vão percorrer as principais ruas da cidade, ao som de muito frevo, com o Bloco do Pereira.
No último dia de evento, a agenda começa com um passeio ciclístico, às 7h. O percurso terá início na Praça da Igreja Matriz com destino à Vila Forró, no sítio Ribeiro Novo, localizado entre os engenhos Balancinho e Ribeiro Novo. Quem visitar o local poderá contemplar uma paisagem de tirar o fôlego. Já às 8h30, os turistas poderão vivenciar um passeio com carros 4x4, saindo da Praça Geraldo Beltrão e passando pelos engenhos da Zona Rural, sendo finalizado também na Vila do Forró. Chegando lá, às 10h, os visitantes vão curtir atrações musicais e experiências gastronômicas.
Mais para conhecer
De acordo com o secretário Francisco Júnior, os turistas não podem deixar de visitar o Largo de Alagoinha, em frente à Igreja Matriz Nossa Senhora da Conceição, cartão-postal e ponto de encontro de famílias e visitantes. Além disso, a Praça Durval Barbosa é pedida certa, ofertando diversas opções para experimentar as delícias da culinária local, como o bolo de milho, o beiju e o tradicional café quentinho com tapioca, na feira livre. Para quem gosta de cachaça, o engenho da cachaça Boa do Brejo, com suas bebidas mundialmente premiadas, é uma opção para integrar a programação turísticas dos visitantes.
Indígenas e tropeiros construíram a história
A região onde hoje localiza-se Alagoinha era, por volta do século XVI, um ponto de passagem de contrabandistas franceses que procuravam ouro no local, conforme informações do portal da Prefeitura. Naquele período, o território era habitado por indígenas potiguaras.
O início do povoamento é atribuído à construção de uma residência em 1864, erguida para abrigar tropeiros que seguiam em direção à feira de Mamanguape. No entanto, há outra versão que atribui a fundação do povoado Luiz Honorato. Segundo essa perspectiva, em 1870, ele decidiu se estabelecer na região, construindo uma casa e um pequeno estabelecimento comercial. A partir daí, outros pioneiros juntaram-se, dando origem à comunidade.
O Distrito de Paz de Alagoinha foi criado em 25 de outubro de 1921, inicialmente como distrito de Guarabira. Em 30 de março de 1938, o povoado foi elevado à categoria de vila.
A emancipação política ocorreu em 3 de dezembro de 1953, e a instalação oficial do município deu-se em 30 de dezembro do mesmo ano, com a posse do primeiro prefeito, o renomado advogado criminalista e professor Geraldo Gomes Beltrão.
Sua destacada atuação na advocacia criminal foi reconhecida com a homenagem que dá nome à Penitenciária de Segurança Máxima Criminalista Geraldo Beltrão, localizada em João Pessoa.
*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 19 de Outubro de 2025.
