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Romaria deve mobilizar 12 mil fiéis

publicado: 07/10/2025 08h21, última modificação: 07/10/2025 08h21
Liberado após deslizamento ocorrido em agosto, templo de Lucena será o destino final de mais uma jornada de devoção
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O ponto inicial do percurso de 9 km é a Igreja Matriz da cidade; romeiros acompanharão imagem da santa, junto a um trio elétrico | Foto: Ortilo Antônio/Arquivo A União

por Samantha Pimentel*

O município de Lucena, no Litoral Norte paraibano, prepara-se para receber, no próximo domingo (12), mais de 12 mil pessoas guiadas pela fé em Nossa Senhora da Guia. A tradicional romaria em louvor à santa chega à sua 37ª edição, com a expectativa de repetir a programação dos anos anteriores, mostrando que nem o deslizamento que atingiu a encosta lateral da Igreja de Nossa Senhora da Guia, em agosto, foi capaz de abalar essa tradição. A estrutura está segura e pronta para acolher os romeiros, que percorrerão, antes do amanhecer, cerca de 9 km, da Igreja do Sagrado Coração de Jesus Menino, matriz da cidade, até o Santuário da Guia. “A romaria é um despertar para a fé, um convite à comunidade para escutarmos Cristo”, destaca o pároco local, frei Paulo Batista, ao reforçar o sentido de esperança que move a caminhada.

Para ele, o incidente envolvendo o templo, ocorrido após mais de 24 horas de chuva, acabou reforçando, de forma simbólica, o sentido espiritual da celebração. “Vivemos o ano da esperança, e Nossa Senhora nos convida a olhar para Jesus como sendo a nossa esperança. Mesmo diante das dificuldades e do sofrimento, ela aponta o caminho da fé e nos ensina a prosseguir”, reflete. Segundo o representante da Paróquia Sagrado Coração de Jesus Menino, a mensagem que move a edição deste ano — “Com a Virgem da Guia, caminhamos ancorados em Jesus, nossa esperança” — tem a ver, justamente, com essa jornada.

O próprio pároco é quem detalha a programação da romaria, que tem início na madrugada de 12 de outubro. Às 4h, os fiéis concentram-se na Igreja Matriz de Lucena, onde acontecem as orações iniciais e um café da manhã. De lá, a estrutura com a imagem de Nossa Senhora da Guia parte, acompanhada por um trio elétrico, conduzindo os romeiros até o santuário dedicado à santa. A chegada, por sua vez, está prevista para as 8h, quando será celebrada uma missa campal pelo arcebispo da Paraíba, Dom Manoel Delson — um dos momentos mais aguardados do evento. Logo depois, por volta das 9h30, uma segunda missa ocorre dentro da igreja, para acolher as caravanas que chegarem mais tarde. “Todos os anos, vem gente de várias cidades. A devoção a Nossa Senhora da Guia é mais do que em Lucena. Ela faz parte da história e da cultura do povo paraibano”, frisa o religioso. O santuário permanecerá aberto ao longo do dia, acolhendo os devotos.

Uma história de fé

Entre os milhares de fiéis que percorrerão as ruas de Lucena, no próximo domingo (12), está Magali Monteiro, de 66 anos, um rosto que se confunde com a própria história da romaria. Há mais de duas décadas, ela participa da programação religiosa com a mesma energia de quem acredita que servir é, também, uma forma de agradecer. Neste ano, já não fará o percurso a pé, mas estará no Santuário da Guia, pronta para acolher os romeiros. “Estou muito confiante de que teremos uma romaria belíssima, mais movimentada do que a do ano passado. O que mais me emociona é ver milhares de fiéis vindo pagar suas promessas, de lugares distantes, com a fé de que serão atendidos nos seus pedidos”, conta.

A ligação de Magali com Nossa Senhora da Guia começou em 2005, quando ela aceitou o convite de amigos para participar de uma noite de louvor, na véspera da festa. “Foi uma experiência maravilhosa. Passei a noite na igreja, louvando e agradecendo”, recorda. A partir dali, ela decidiu transformar sua vida: saiu da vizinha Cabedelo, comprou um terreno em Lucena e começou a dedicar-se à evangelização. Também foi na cidade que Magali conheceu João, viúvo e devoto de Nossa Senhora, com quem ela se casou em 2012, justamente na Igreja da Guia. A perda do marido, oito anos depois, poderia ter interrompido sua caminhada, mas, como ela bem lembra, a fé serviu de impulso para continuar. “Segui com a minha caminhada de fé ainda mais intensa”, ressalta.

Ao longo dos anos, Magali diz ter recebido inúmeras graças pela intercessão de Nossa Senhora da Guia e acredita que cada uma delas fortaleceu sua devoção. Hoje, ela lidera um grupo de Crisma com 30 jovens, acompanha a catequese e integra o ministério da Eucaristia. “Enquanto tiver saúde, quero estar à disposição dos trabalhos da igreja”, afirma, com serenidade. Para ela, participar da romaria é “viver uma experiência de emoção, fé, sacrifício e esperança, onde cada passo é carregado de significado”.

*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 07 de Outubro de 2025.