A mais recente atualização do Monitor de Secas indica que, entre maio e junho deste ano, a situação da seca na Paraíba apresentou uma melhora. A proporção do território paraibano sob seca grave recuou de 53% para 52%, mantendo-se, no entanto, uma alta incidência do fenômeno, tendo em vista que 87% do estado continua registrando algum nível de seca. Apesar do abrandamento, a situação ainda exige atenção por parte das autoridades e da população.
No contexto regional, o Nordeste permaneceu como a área mais afetada pela seca no Brasil. Em junho, 33% da extensão territorial da região apresentava seca grave, mesmo com um leve abrandamento do fenômeno em comparação ao mês anterior. No entanto, ao contrário das demais regiões do país — onde houve redução da área com registro de seca —, o Nordeste foi a única onde houve um pequeno aumento na extensão atingida.
Além da Paraíba, outros estados nordestinos também registraram estabilidade ou piora no quadro. Ceará, Maranhão, Piauí e Rio Grande do Norte apresentaram intensificação da seca, enquanto Bahia, Pernambuco e Sergipe permaneceram com níveis relativamente estáveis de área atingida, com leves baixas.
Em âmbito nacional, o cenário mostrou melhora. O Monitor de Secas identificou abrandamento do fenômeno em todas as cinco regiões do Brasil, com redução da área com registro de seca no Centro-Oeste, Norte, Sudeste e Sul. Em junho, o fenômeno atingiu 44% do território brasileiro — o menor percentual desde dezembro de 2023, quando todo o país passou a ser monitorado. Ainda assim, duas unidades da Federação — o Distrito Federal e o Piauí — registraram seca em 100% de seus territórios.
No ranking das maiores áreas afetadas, o Amazonas lidera, seguido por Minas Gerais, Bahia, Maranhão e Goiás. Ao todo, a seca ainda atinge aproximadamente 3,7 milhões de km² em todo o país.
Monitor das secas
O sistema realiza o acompanhamento contínuo do grau de severidade das secas no Brasil com base em indicadores do fenômeno e nos impactos causados em curto e/ou longo prazo. Os impactos de curto prazo são para déficits de precipitações recentes até seis meses. Acima desse período, os impactos são de longo prazo. Essa ferramenta vem sendo utilizada para auxiliar o planejamento e a execução de políticas públicas de combate à seca e pode ser acessada tanto pelo site monitordesecas.ana.gov.br quanto pelo aplicativo Monitor de Secas, disponível gratuitamente para dispositivos móveis com os sistemas Android e iOS.
O projeto tem como principal produto o Mapa do Monitor, construído mensalmente a partir da colaboração dos estados integrantes do projeto e de uma rede de instituições parceiras que assumem diferentes papéis na rotina de sua elaboração. Por meio da ferramenta, é possível comparar a evolução das secas nos 26 estados e no Distrito Federal a cada mês vencido. O Monitor de Secas teve início em julho de 2014, começando pela Região Nordeste, sendo que o processo de expansão dessa iniciativa, a partir de 2018, foi concluído com a entrada do Amapá no Mapa do Monitor de dezembro de 2023, completando a cobertura em todo o território nacional.
A metodologia do Monitor de Secas foi baseada no modelo de acompanhamento de secas dos Estados Unidos e do México. O cronograma de atividades inclui as fases de coleta de dados, cálculo dos indicadores de seca, traçado dos rascunhos do Mapa pela equipe de autoria, validação dos estados envolvidos e divulgação da versão final do Mapa do Monitor, que indica a ausência do fenômeno ou uma seca relativa, significando que as categorias de seca em uma determinada área são estabelecidas em relação ao próprio histórico da região.
*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 22 de julho de 2025.