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no açude velho

Afogamento expõe riscos de banho em área imprópria

publicado: 24/11/2025 08h26, última modificação: 24/11/2025 08h26
Homem faleceu após mergulhar nas águas do cartão-postal de Campina Grande
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Para capitã dos Bombeiros, falta de sinalização e de ações preventivas favorecem ocorrências | Foto: Divulgação/Codecom-CG

por Priscila Perez*

O conhecido Açude Velho, em Campina Grande, voltou a registrar uma tragédia na manhã de ontem (21), quando um homem de 37 anos, identificado como Laelson Silva de Lima, afogou-se após pular na água para se banhar. A cena, que se repete todos os anos, expõe um problema antigo: a falsa percepção de que o açude é inofensivo, embora seja impróprio para banho. De acordo com o Corpo de Bombeiros, a equipe de resgate foi acionada às 5h55 pelo primo da vítima e, após cerca de 10 minutos de busca, encontrou--a já sem vida. O corpo foi levado ao Instituto de Polícia Científica (IPC) de Campina Grande.

De fato, casos como o de ontem não são isolados. A corporação classifica os afogamentos no Açude Velho como recorrentes, apesar de não haver estatísticas exatas. De acordo com a capitã Priscila Paiva, do Corpo de Bombeiros de Campina Grande, embora seja notório para a população campinense que o local é inadequado para mergulho, a falta de sinalização e de ações preventivas favorece a repetição das ocorrências. “Infelizmente, algumas pessoas insistem em entrar na água, mesmo sabendo dos riscos”, lamenta. Como ela bem alerta, não existe banho seguro no local, ainda mais em razão da contaminação da água por lixo e esgoto despejados irregularmente. “Você coloca em risco sua integridade física e a própria saúde”, reforça.

Além disso, Priscila lembra que reservatórios assim costumam estar em áreas isoladas, sem a presença de guarda-vidas ou qualquer vigilância, o que dificulta uma resposta rápida em situações de emergência. E, para piorar, muitas pessoas entram nessas águas sem conhecer a profundidade, se há a presença de pedras, algas ou buracos — fatores que aumentam o risco de acidentes em poucos segundos. “Água no umbigo é sinal de perigo”, resume a capitã, ao salientar que, acima dessa altura, o risco de afogamento cresce de forma significativa.

Perigos e prevenção

Segundo Priscila, a ausência de sinalização no Açude Velho, aliada à falsa ideia de que “água parada é sempre segura”, contribui para que banhistas ignorem o risco. Embora não haja correnteza, como em rios e cachoeiras, a profundidade irregular, o fundo instável e a visibilidade reduzida tornam o local ainda mais perigoso. O sangradouro, área próxima de onde ocorreu o afogamento, também apresenta obstáculos naturais, como pedras, desníveis e superfícies escorregadias, que dificultam tanto a saída quanto o trabalho de resgate.

Durante eventos públicos promovidos ao redor do açude, os bombeiros chegam a montar operações, com embarcações e equipes posicionadas na área. No dia a dia, porém, isso não é possível, já que o açude não é — e nunca foi — um espaço destinado ao mergulho. A capitã reforça que, para evitar novas tragédias, a população deve reservar o banho para locais próprios, com água limpa, estrutura de segurança e profissionais treinados.

*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 22 de novembro de 2025.