Entre um gole d’água, um suco gelado e a água de coco, turistas e moradores da capital têm buscado formas de enfrentar o calor, que já começa a marcar presença. Segundo a Agência Executiva de Gestão das Águas (Aesa), as temperaturas no Litoral paraibano variam de 24 °C a 30 °C nesta época do ano, com sensação térmica ainda maior por causa da umidade e dos ventos característicos da estação.
A dona de casa Maria Rúbia, de Goiás, está de férias em João Pessoa e já adaptou a rotina ao clima. “Amamos essa cidade, só neste ano viemos cinco vezes e queremos morar aqui. Mas sinto mais calor do que em Goiás, então tomo muito mais água, coco, sucos, frutas e até sorvete”, conta. O pai dela, Rubens Ferreira, de 76 anos, faz sua primeira visita à capital e segue a regra de beber água antes mesmo da sede. “Aqui venta bastante, mas bebo água para não desidratar”, disse. O genro, Carlos Antônio, reforça o cuidado: “A gente anda, pega sol. Sombra e líquidos são prioridade, ainda mais nos dias mais quentes”.
Quem comemora essa nova rotina é Marcelo Galdino, dono do quiosque Coco e Frutas, na orla do Cabo Branco. “Abri há cinco meses e já sinto o aumento das vendas. Quando chegar o verão mesmo, espero vender até três mil cocos por mês, fora os sucos e a água mineral”, projeta, otimista.
Mas a hidratação não deve ser vista apenas como refresco. O clínico geral Felipe Gurgel explica que o corpo humano funciona como uma roupa no varal: “No inverno, demora a secar. No verão, seca rápido. Nosso organismo perde mais líquido quando o clima esquenta, seja pela respiração ou pelo suor. Por isso, a água precisa ser reposta em maior quantidade”.
A recomendação média, segundo o médico, é de dois litros de água por dia para um adulto de 70 kg a 80 kg, podendo variar conforme a atividade física e a exposição ao sol. “O melhor termômetro é observar a urina: se está clara, sinal de boa hidratação; se está escura ou se demora a vir, é preciso beber mais líquido”.
Felipe reforça que nada substitui a água potável. “Refrigerante não vale, porque a água do corpo é usada para digerir o açúcar. A água de coco ajuda, mas quanto menos doce, melhor”, alerta. Para quem tem dificuldade em beber água pura, ele sugere aromatizar com frutas como limão, morango ou melancia.
Os riscos de ignorar a hidratação vão além da sede. Tontura, fadiga, dores de cabeça, queda de pressão e até problemas cardíacos e renais podem surgir. “Muitas vezes a pessoa acha que precisa de vitamina ou estimulante, mas o que falta é água”, alerta.
Crianças e idosos merecem atenção especial, já que tendem a sentir menos sede ou não pedem água com frequência. “Eles são mais suscetíveis à desidratação. É preciso oferecer líquidos regularmente, mesmo quando não pedem. Isso pode evitar complicações graves, como desmaios, infecções urinárias e até problemas no coração”, reforça.
A mensagem de Felipe é simples e direta: “A água é o combustível do corpo. Sem ela, nada funciona direito. Por isso, beba antes da sede aparecer — e incentive quem está ao seu lado a fazer o mesmo”.
*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 1º de outubro de 2025.