Tarifas da balsa que realiza a travessia de Cabedelo para Lucena foram reajustadas em até 50%, o aumento está em vigor desde ontem. Ao todo, 16 categorias de veículos tiveram os valores reajustados. O preço para automóveis com condutor, por exemplo, passou de R$ 21,30 para R$ 31,95. O valor cobrado às motocicletas com condutor subiu de R$ 6,20 para R$ 8,30. Os únicos preços que se mantiveram inalterados foram para a travessia de passageiros e de bicicletas com condutor, custando R$ 2,10 e R$ 4,25, respectivamente.
O gerente-executivo de Transportes do Departamento de Estradas de Rodagens da Paraíba (DER-PB), Fleming Cabral, justificou que o aumento da tarifa foi considerado necessário após análises realizadas pelo órgão, as quais identificaram a elevação dos custos com a manutenção das embarcações utilizadas na travessia, além da necessidade de garantir o equilíbrio financeiro da operação. Ele destacou que os custos para manter essas embarcações, cuja manutenção precisa ser rigorosa, aumentaram significativamente, gerando sérias dificuldades para a empresa responsável pelo serviço, que vinha enfrentando problemas para manter sua sustentabilidade econômica. Diante desse cenário, o reajuste da tarifa se mostrou imprescindível para assegurar a continuidade da prestação do serviço.
Fleming também destacou que as tarifas para pedestres e ciclistas foram mantidas, como forma de preservar o acesso ao transporte diário para trabalhadores e usuários de menor renda. “Existe uma determinação do Governador do Estado e do superintendente do DER-PB para que não haja alteração no valor da tarifa para pedestres e ciclistas — justamente as pessoas que mais utilizam esse serviço e que, em sua maioria, são as mais humildes. Essas pessoas não serão afetadas pelo reajuste”, afirmou.
Segundo Fleming, o aumento foi aplicado apenas para veículos automotores e pode ser considerado uma espécie de “tarifa social”, por proteger economicamente os usuários mais frequentes e vulneráveis. Ele reforçou ainda que o reajuste foi necessário para garantir a continuidade e a segurança da operação da travessia.
O gerente da Nordeste Navegações, empresa que opera a balsa, Antônio Dias Cardoso Filho, também reforça que o aumento foi necessário devido aos elevados custos do sistema. “O Governo analisou as planilhas de custos e autorizou esse aumento, porque, caso contrário, não seria possível manter a balsa. O custo de operação é muito alto”, aponta. Ele também reforça que o reajuste de preços não atinge os passageiros pedestres, apenas os veículos que, em grande parte, conduzem pessoas que vão a passeio e não fazem a travessia diariamente, por isso devem sentir menos impacto financeiro.
Usuários
Para quem utiliza a balsa diariamente como meio de transporte, o reajuste nas tarifas tem gerado preocupação. É o caso de Emerson Maciel, trabalhador em serviços gerais e morador de Lucena, que usa o serviço da balsa, levando sua motocicleta todos os dias para Cabedelo. Ele afirma que o novo valor de R$ 8,30 por travessia terá um impacto significativo no orçamento. “Eu venho diariamente, ida e volta, e o aumento vai pesar de verdade no bolso. A gente não esperava esse aumento, só descobri hoje, quando cheguei”, relata Emerson. Ele ainda reforça o quanto esse reajuste compromete a renda de quem depende diariamente do serviço. “A gente sabe o sofrimento dos pais de famílias que trabalham desse lado, indo e voltando todos os dias. Isso vai pesar no bolso de todo mundo. Os turistas não sentem tanto, porque vêm de vez em quando, mas, para quem é trabalhador, isso é um absurdo”, lamenta.
O aposentado José Ricardo Bezerra também sentiu os efeitos do reajuste. Ele costumava fazer a travessia com seu carro, mas, diante do novo valor, optou por mudar a rotina. “Hoje, já vim a pé, porque sabia do aumento. E agora só vou atravessar com o carro se for em caso de morte, porque isso é um absurdo, um aumento de 50%. De carro, eu não venho mais”, afirma. A partir de agora, ele pretende fazer a travessia como pedestre e utilizar mototáxis para transitar na cidade de Cabedelo. “Assim, eu vou, resolvo minhas coisas e volto para Lucena. Fica mais em conta do que vir com o carro”, concluiu.
*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 16 de julho de 2025.