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Enem 2025

Caminhos para um bom desempenho

publicado: 27/10/2025 08h56, última modificação: 27/10/2025 08h58
Professores destacam a importância de revisar conteúdos estratégicos e cuidar do bem-estar físico e mental
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Programa da Secretaria de Educação alcançou mais de 42 mil alunos e soma cerca de 36 mil aprovações no Sisu e ProUni | Foto: Haniel Lima/Arquivo pessoal

por Carolina Oliveira*

Organizar o tempo, revisar os conteúdos e conhecer as características da prova são algumas prioridades que ocupam a rotina daqueles que se preparam para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Coordenador pedagógico do programa Se Liga no Enem, Haniel Lima destaca que o autoconhecimento, enquanto estudante, é uma ferramenta importante. “Saiba quais são as áreas, ou mesmo um componente que você tem mais dificuldade, que na sua trajetória escolar foi mais difícil acertar questões ou desenvolver um raciocínio lógico sobre o conteúdo. A partir disso, foque nesses pontos durante a reta final para o Enem”, aconselha.

Faltam 15 dias para o primeiro dia de prova, quando serão realizados os testes nas áreas de Linguagens, Códigos e suas tecnologias; Ciências Humanas e suas tecnologias; e Redação. Haniel explica que, para quem tem mais dificuldade na produção textual, é importante focar nas cinco competências e treinar. Ele menciona que há programas do Estado, como o Desafio Nota 1000 e o Se Liga no Enem, nos quais os professores trabalham esses conteúdos de forma prática. Quanto à língua estrangeira escolhida — espanhol ou inglês —, Haniel recomenda concentrar-se em técnicas de leitura, pois, muitas vezes, o tempo para interpretar textos longos é limitado; essas técnicas também ajudam nas questões de ciências humanas, que são muito contextualizadas: uma questão de geografia pode envolver contexto sociológico, e uma questão de história, contexto filosófico.

De acordo com o coordenador pedagógico, é crucial que o aluno entenda que os estudos da reta final devem ser direcionados ao aprimoramento. “Infelizmente, com este menor tempo restante, você não consegue mais revisar todo o conteúdo, então prioridades precisam ser estabelecidas”.

O segundo dia, com as  provas de Ciências da Natureza e suas tecnologias; e, sobretudo, Matemáitca e suas tecnologias também é muito importante. “Matemática corresponde a cerca de 20% da prova, então questões e exercícios merecem atenção. A nota varia de acordo com a resposta ao item, então quanto mais você acerta questões fáceis, você tende a aumentar a sua nota. Sabendo que Redação e Matemática são aquelas provas em que você consegue ter mais pontuação, caso você queira, revise alguns componentes”, ressalta Haniel.

Dar-se um tempo de descanso também é válido para ter equilíbrio. Pausas no estudo durante o dia, ou no fim de semana, podem ajudar a aliviar as tensões, garantindo que os esforços de estudo fiquem alinhados com o bem estar. “Se você gosta de estudar de véspera, tente fazer isso só até a quinta-feira ou sexta-feira. Se quiser ainda estudar no sábado, faça isso só pela manhã, para deixar a tarde e à noite livres, descansar mentalmente, dar uma saída com os amigos, com a família, e nos domingos de prova, poder fazer o exame com mais tranquilidade. Em relação à saúde, praticar exercícios físicos, beber muita água, se alimentar bem, estar preparado para o dia da prova, mentalmente também, e fazer exercícios de respiração são atitudes benéficas”, orienta o coordenador do Se Liga no Enem.

Cursinho estadual impulsiona estudos

O Se Liga no Enem Paraíba é uma iniciativa da Secretaria de Estado da Educação da Paraíba (SEE-PB) voltada para a preparação dos estudantes da rede estadual para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). “As ações vêm sendo desenvolvidas no formato atual desde o ano de 2020. O Se Liga no Enem Paraíba oferece aulas remotas via Google Meet, lives no YouTube e festivais presenciais em todas as Gerências Regionais de Educação, com foco nas competências exigidas pelo Enem”, explica o coordenador pedagógico Haniel Lima.

Inclui videoaulas, simulados, materiais de apoio, mentoria coletiva de redação, podcasts nas rádios Tabajara, Parahyba FM e no streaming Spotify, além de acompanhamento pedagógico até o dia do Enem. Os conteúdos são organizados por áreas do conhecimento e seguem a matriz de referência do Enem. “Os festivais presenciais são espaços para revisões, práticas laboratoriais, oficinas, atividades culturais, protagonismo estudantil e trocas de experiências para quem está se preparando para o exame”, conta o coordenador pedagógico.

Desde 2020, o Se Liga no Enem Paraíba contabiliza mais de 42.000 estudantes inscritos na modalidade remota. Foram mais de 30.000 pessoas participantes nos festivais presenciais e 20.000 nos simulados on-line modelo Enem. Entre os estudantes engajados no programa, as aprovações no Sisu e ProUni ultrapassam as 36.000, e mais de 3.000 professores foram beneficiados pelas formações em rede promovidas.

O público atendido é formado por estudantes das 2ª e 3ª séries do Ensino Médio, Ciclos V e VI da EJA, Egressos da Rede Estadual e Socioeducandos da Educação em Prisões. Em 2025, o programa foi ampliado para incluir alunos da 2ª série do Ensino Médio, atendendo à demanda por preparação antecipada. “Em 2025, tivemos mais de 12.300 estudantes inscritos no programa”, afirma Haniel.

Através deste link, acesse as plataformas vinculadas ao Se Liga no Enem

Mestres e discentes compartilham métodos

Professor de Matemática das turmas de 3º ano do Ensino Médio, e também do 9º ano do Ensino Fundamental, da Escola Cidadã Integral ECI Deputado Carlos Pessoa Filho, em Aroeiras, Raylson Bernardo explica que, para além da preparação contínua —  fundamental na trajetória escolar de cada estudante —, na reta final, estratégias direcionadas como resolução de questões são aliadas. “Desde cedo é bom ir tomando ciência do tipo e estilo das questões, até porque algumas cobram conteúdo de Fundamental”.

Os concluintes devem ter um certo senso de emergência na rotina de preparação, já que o 3o ano é o último do ensino básico. O professor Carlos destaca que a preparação individual pode ser difícil, pois, às vezes, falta foco e dedicação. Em relação à matemática, ele explica que procura preparar os alunos com questões relacionadas, por meio de projetos nas disciplinas eletivas e práticas, correlacionando os conteúdos para que possam compreender os conceitos de outra forma e superar dificuldades, além de desenvolver habilidades ainda não adquiridas. Segundo ele, o trabalho envolve revisar o conteúdo básico e avançar para questões, observando como os temas são cobrados no exame.

Para a prova de matemática, o ideal é repassar os assuntos mais recorrentes: matemática básica, regra de três, razão e proporção, geometria plana, geometria espacial, a parte de funções, e estatística. “Conseguindo cobrir essas habilidades e competências, cada estudante garante a capacidade de resolução de pelo menos 50%, 60% da prova. Até porque nem todo mundo precisa resolver a totalidade”, aconselha Raylson.

Quem já está fora da escola, precisa adaptar as estratégias com disciplina e uma rotina estruturada. “Na escola, você tem professores, tem a coordenação, a gestão da escola, e até colegas mesmo, que estimulam e formam uma comunidade. Quando você sai da escola, é você por você. Essas pessoas têm que ter principalmente foco no que elas querem atingir, e persistir. A gente vê diversos casos de pessoas que tentam Medicina por anos seguidos, e conseguem passar, chegar no curso que sonham”, opina o professor.

Se o vislumbre é nos cursos em que a nota de corte é mais elevada, um dos pontos destacado é a necessidade de errar menos questões. “Se o seu objetivo é Medicina, por exemplo, tem que começar a estudar desde muito cedo, ir atrás de cursos, presenciais ou on-line, e existem diversos cursos de professores excelentes, de todas as áreas de conhecimento. Até porque algumas pessoas acabam focando só em redação, e esquecem que tem outras quatro áreas de conhecimento para estudar. E quando a exigência é muito alta na nota, você acaba tendo menos margem de erro”, adverte.

A Teoria de Resposta ao Ítem (TRI) verifica quais questões foram tidas como fáceis, as de nível médio e aquelas mais difíceis. “A gente estuda os dados da prova quando são divulgados e vê que tem uma variação muito alta de pontuação para pessoas que acertaram a mesma quantidade de questões. Se você acertou poucas fáceis, e acertou algumas difíceis, se considera que as difíceis foram por chute. Isso impacta na nota”, explica o professor.

Para enfrentar a TRI, de acordo com Raylson, a estratégia é priorizar o acerto das questões mais fáceis: fazer logo as fáceis, tentar fazer as médias e, se tiver tempo, ir para as mais difíceis. “Geralmente, a prova tem umas 20 questões que são de nível fácil, umas 15 de nível médio e as restantes de nível difícil, em cada área. Aí, você procura identificar as fáceis e resolvê-las, e progride para o restante da prova”.

Ayana Batista é estudante em tempo integral, tem 17 anos, e quer, com o resultado no Enem, entrar para o Ensino Superior, no curso de Ciência da Computação. “Como estudo em escola integral, eu tento organizar a rotina para não ficar tão cansativa à noite, que é quando eu costumo estudar sozinha. De dia, quando estou na escola, eu, obviamente, faço as instruções dos professores, as matérias que eles passaram. Quando eu chego em casa, eu tento revisar tudo que vai cair nas provas dos domingos”. 

A aluna costuma distribuir as matérias nos dias da semana. “Eu foco bem mais em Matemática e Redação porque é o que mais levanta nota, mas, obviamente, eu não deixo as outras de lado, eu sempre dou uma revisada em História, Geografia, Biologia, e em Português, e Inglês, que é a língua específica que eu escolhi. Estou inscrita no Se Liga no Enem, vejo as atividades propostas, os estudos orientados e faço simulados em casa, pego provas antigas. Eu faço também as atividades que os professores passam, que tem justamente o objetivo de preparar para o Enem”, afirma Ayana.

O estudante Wellison Barbosa, de 18 anos, priorizou, até metade deste ano, a  revisão  de conteúdos estratégicos. “Principalmente, os que mais caem na prova. Na internet, temos acesso a esses assuntos, acompanhamos, estatisticamente, quantas questões caem de cada assunto e em cada prova. Eu dediquei também um tempo para dar mais atenção às ciências da natureza, minha maior dificuldade”.

Na reta final, o planejamento de Wellison está voltado para a resolução de questões disponíveis em bancos. “Eu simulo o tempo de prova e procuro estudar pelo menos meia hora por dia. O importante é manter a constância. Mesmo que, em um dia, eu não consiga estudar muito, juntando todos os dias é possível ter um ótimo resultado”, avalia.

*Coluna publicada originalmente na edição impressa do dia 26 de Outubro de 2025.