Acordar durante a madrugada, virar de um lado para o outro e não conseguir dormir é uma realidade na vida de diversos brasileiros. Segundo dados da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), 72% da população convive com distúrbios do sono que comprometem corpo e mente, deixando o dia seguinte mais pesado e cansativo.
Para colocar o tema em evidência e discutir as principais novidades em diagnóstico e tratamento, João Pessoa recebe, no dia 11 de outubro, o Simpósio Paraibano sobre Distúrbios do Sono. O encontro reunirá especialistas de várias áreas da Saúde para debater a importância de dormir bem para a qualidade de vida, reforçando que o descanso noturno é crucial para o equilíbrio do organismo.
Em entrevista à Rádio Tabajara, o otorrinolaringologista e um dos organizadores do simpósio, Josemar Soares, chamou atenção para os impactos reais das noites maldormidas. Segundo ele, encarar a insônia ou o ronco como algo corriqueiro é ignorar os riscos que os distúrbios do sono representam à saúde. A apneia e a insônia são dois dos problemas mais comuns e podem resultar em acidentes de trânsito, queda na concentração e até dificuldades nos relacionamentos. “É uma bomba-relógio. O paciente corre risco de sofrer acidente vascular cerebral (AVC), infarto, descompensação da hipertensão e diabetes”, alerta o especialista, reforçando que o ideal é dormir de sete a oito horas por noite, já que a falta de descanso compromete tanto o cérebro quanto o coração pela baixa oxigenação.
Impactos na sociedade
O especialista também destacou que os efeitos desses distúrbios do sono não impactam apenas a saúde de quem sofre diretamente com eles, mas também o ambiente ao redor. Quem ronca com frequência, por exemplo, costuma apresentar sonolência diurna, o que compromete a cognição e aumenta o risco de acidentes. Entre os mais impactados pelo problema, estão os motoristas de caminhão, grupo em que a apneia é frequente e, devido à rotina exaustiva e às noites maldormidas, representa uma ameaça direta à segurança nas estradas. Não à toa, a polissonografia — exame que diagnostica o problema — é exigida pelo Conselho Nacional de Trânsito (Contran) em alguns casos de habilitação. “A princípio, na categoria C, quem tem apneia não pode nem dirigir”, aponta. Os efeitos, segundo Josemar, avançam também sobre a vida conjugal, tornando o problema ainda mais amplo.
Entretanto, quando o assunto é tratamento, ainda não há medicamentos aprovados para resolver o problema em definitivo — apenas em estudo. O otorrinolaringologista explica que, como alternativas, existem aparelhos de pressão positiva que mantêm a respiração durante o sono. Em casos específicos, a indicação pode ser cirúrgica, dependendo das condições do paciente. De qualquer forma, por mais que ainda não exista um remédio milagroso no mercado, o avanço no acesso ao tratamento e a maior conscientização da população sobre o tema são vistos por ele como sinais positivos no enfrentamento desses distúrbios.
Abordagem multiprofissional
O Simpósio Paraibano sobre Distúrbios do Sono, que acontecerá no Hotel Hardman, no bairro de Manaíra, terá uma abordagem multiprofissional, reunindo especialistas de áreas como cardiologia, pneumologia, endocrinologia, psiquiatria, fonoaudiologia, fisioterapia e cirurgia bucomaxilofacial. “São poucas vezes que conseguimos juntar tantos profissionais envolvidos na área da Saúde, associados ao estudo do sono, em João Pessoa. Vale a pena participar”, reforçou Josemar Soares. As vagas são limitadas e direcionadas a profissionais da Saúde, o que torna o encontro uma oportunidade única para troca de conhecimento. Se você é da área e tem interesse no tema, saiba mais em @simposio_paraibanodesono no Instagram.
*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 25 de setembro de 2025.