Notícias

Saúde

Herpes-zóster cresce entre jovens

publicado: 25/09/2025 08h46, última modificação: 25/09/2025 08h46
Especialistas alertam para a reativação do vírus da catapora e reforçam importância da prevenção por meio da vacina
Dica-em-saude-herpes-zoster.jpg

Imunização é indicada, sobretudo, para maiores de 50 anos, indivíduos imunossuprimidos ou portadores de doenças graves | Foto: Divulgação/Ministrio da Saúde

por Bárbara Wanderley*

Os casos de herpes-zóster, doença tradicionalmente associada à terceira idade, vêm aumentando também entre pessoas mais jovens. A médica infectologista Monnara Lúcio observa esse crescimento no consultório, onde tem recebido cada vez mais pacientes com queixas relacionadas ao problema.

Segundo ela, o estilo de vida pode estar por trás desse cenário. “O estresse, o consumo de álcool, o uso de cigarro e o sono inadequado são fatores que favorecem o adoecimento. Também há situações em que a pessoa utiliza medicamentos imunossupressores para tratar outras condições de saúde, o que pode contribuir para a reativação do vírus”, explicou.

O herpes-zóster, conhecido popularmente como cobreiro, ocorre após a reativação do vírus da catapora (Varicela-Zóster), geralmente adquirido na infância. “O vírus permanece em estado de latência, adormecido, e, diante de situações de estresse, adoecimento ou queda da imunidade, pode voltar a se manifestar, causando lesões de pele e inflamação nos nervos”, detalhou Monnara.

Os primeiros sintomas incluem dor, formigamento e sensibilidade ao toque, seguidos pelo surgimento de uma erupção cutânea com bolhas em apenas um lado do corpo, frequentemente em padrão de faixa. Ao notar esses sinais, é essencial procurar atendimento médico.

Embora o herpes-zóster não seja transmissível entre pessoas que já tiveram catapora, ele pode ser contagioso para quem nunca contraiu a doença e apresenta baixa imunidade — como crianças pequenas — que, nesse caso, desenvolvem a catapora.

O tratamento é feito com antivirais, associados a medicamentos para controle da dor. Entre as possíveis complicações, está a neuralgia pós-herpética, dor crônica que pode persistir após a fase aguda das lesões. “Muitas vezes, é um quadro de difícil controle”, destacou a médica. Em alguns casos, podem ocorrer comprometimentos visuais ou auditivos, dependendo do nervo afetado. Também há risco de infecção bacteriana sobre as lesões cutâneas, exigindo o uso de antibióticos.

A forma mais eficaz de prevenção é a vacinação. Para quem nunca teve catapora, existe a vacina contra a doença. Para quem já teve contato com o vírus, há a vacina específica contra herpes zóster — ainda não disponível na rede pública.

A imunização é indicada principalmente para pessoas com mais de 50 anos, que tenham ou não apresentado episódios anteriores de herpes, além de indivíduos imunossuprimidos ou com doenças graves. “É importante avaliar junto ao médico a necessidade da vacina para cada caso”, ressaltou Monnara.

Ela lembra, porém, que a vacina não trata lesões ativas. “O paciente precisa primeiro entrar em remissão da doença e aguardar um tempo antes de receber a dose”, explicou.

Experiência difícil

O profissional de Tecnologia da Informação Daniel Sorrentino faz parte do grupo de pessoas que manifestaram herpes-zóster antes dos 50 anos. Ele acredita que o estresse foi o principal fator, já que atravessava um período de intensa carga de trabalho.“Foi uma experiência muito ruim. Eu não sabia o que era, tive febre alta, fiquei muito cansado. Fui ao hospital e a médica percebeu um pequeno sinal na minha testa. Ela suspeitou que poderia ser herpes-zóster e pediu para investigar”, lembrou.

O diagnóstico confirmou que a doença havia atingido o rosto, o que exigiu atenção redobrada pela proximidade com o olho. “Era algo que podia afetar a visão, ou seja, era algo sério”, contou.

Inicialmente, Daniel começou o tratamento em casa, mas acabou precisando ser internado, já que o quadro avançou rapidamente e havia risco de comprometimento ocular. “Passei uma semana no hospital. O incômodo era forte e precisei de várias medicações para controlar a dor. A dosagem tem que ser ajustada com cautela. Mesmo após a alta, fiquei meses em tratamento para controlar a neuralgia”, relatou.

Embora já tenha finalizado o tratamento, Daniel admite que ainda não voltou 100% ao normal. Em alguns momentos, sente choques no nervo, o que atribui ao fato de ter demorado a procurar atendimento médico. “É importante buscar ajuda logo nos primeiros sintomas”, reforçou.

Ele acrescentou que pretende se vacinar contra a doença assim que tiver liberação médica.

*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 25 de setembro de 2025.