Quase 20 dias após o encerramento da 40ª edição do Salão do Artesanato Paraibano, em Campina Grande, a técnica manual homenageada no evento — o macramê — ganha um novo destaque na cidade. Agora, a tipologia é tema da mostra “Exposição Macramê — A Arte de Arrochar o Nó”, em exibição no Sesi Museu Digital, que fica na Rua Miguel Couto, nº 10, no Centro.
Inaugurada ontem, a exposição permanecerá em cartaz até o dia 10 de agosto, com entrada gratuita. Para visitá-la, é solicitado ao interessado apenas a doação de 1 kg de alimento não perecível. Assim como ocorreu durante o Salão do Artesanato, todos os alimentos arrecadados na entrada do evento serão destinados a instituições de caridade da região.
Para Rosália Lucas, secretária de Estado do Turismo e Desenvolvimento Econômico (Setde), a exposição representa uma nova chance para quem não conseguiu visitar o Salão do Artesanato conhecer de perto a arte das macrameiras da Paraíba. “Essa parceria com o Sesi é uma extensão do 40o Salão do Artesanato e da homenagem ao macramê, que despertou tanto interesse entre paraibanos e turistas. Quem dançou muito forró, aproveitou o São João e acabou não tendo tempo de visitar o Salão, agora tem a oportunidade, com mais tranquilidade, de conferir a mostra durante o mês de julho, período de férias”, destacou.
A titular da Setde também chamou atenção para a atuação contínua do Programa do Artesanato Paraibano (PAP), envolvido na organização do Salão. “O PAP acontece o ano todo. É um trabalho intenso, constante, com um olhar voltado para a nossa cultura e para as pessoas. Acho que a palavra-chave é ‘oportunidade’; o artesanato gera oportunidade”, ressaltou.
Já a gestora do PAP, Marielza Rodriguez, vê a “Exposição Macramê” como uma forma de manter viva, na cidade que sediou a última edição do Salão, a arte dessa técnica, considerada uma tradição do município de Araruna, no Curimataú do estado. “Estamos muito satisfeitos, pois o Salão reverbera. Agora, por mais 30 dias, estaremos em Campina, mostrando o trabalho exposto e valorizando os artesãos e toda a produção realizada. O Sesi Museu Digital fica em um local estratégico, muito visitado, às margens do Açude Velho”, observou Marieza, explicando que o novo projeto aproveita peças e estruturas utilizadas no Salão. “A curadoria da parte de moda foi feita por Carol Teixeira, estilista, e a de decoração, por Sérgio Matos. Nosso trabalho foi apenas adaptar a exposição que estava na entrada do Salão para o Museu Digital”, acrescentou.
- Boa parte dos itens exibidos foi produzida pelas reconhecidas macrameiras de Araruna
Ela definiu, ainda, o objetivo principal da mostra. “Queremos criar um sentimento de pertencimento, porque não amamos aquilo que não conhecemos. Nosso foco é fortalecer, no povo paraibano, o amor pelo artesanato que produzimos, incentivando, principalmente, crianças e adolescentes a valorizar a cultura do nosso estado. Esse é o sentimento que queremos deixar”, concluiu a gestora do PAP.
Durante a abertura da exposição, o prefeito de Araruna, Availdo Azevedo, comemorou o crescente interesse do macramê pela população do estado. “Esse é um processo que começou há 20 anos, quando conseguimos inserir o macramê no São Paulo Fashion Week. Agora, estamos sendo reconhecidos também na Paraíba. O Salão do Artesanato fez com que o macramê paraibano ganhasse visibilidade e, agora, com essa exposição no Sesi, esse reconhecimento será ainda maior”, destacou o prefeito. Araruna é sede da Associação Aramê, um dos grandes centros da técnica no estado, e a maioria dos artesãos cujas obras estão expostas no Sesi Museu Digital é natural do município.
Físico e digital
Com a proposta de funcionar como um ambiente interativo, o Sesi Museu Digital vem investindo cada vez mais na integração entre o físico e o digital. A “Exposição Macramê” é mais uma dessas iniciativas: além de poder ver as peças presencialmente, os visitantes têm acesso a documentários e poderão conhecer detalhadamente o processo de confecção, por meio dos recursos digitais disponíveis no local.
“Nessa mostra, temos cerca de 15 peças em formato físico, que poderão ser observadas de perto pelos visitantes. Além disso, o público terá a oportunidade de assistir a vídeos interativos em formato digital, acompanhando o trabalho das artesãs, os detalhes dos nós e o processo de criação do macramê”, explicou Lizandra Alcântara, coordenadora de Cultura do Sesi. De acordo com ela, a escolha da exposição foi pensada como uma maneira de ampliar o alcance da arte do macramê e valorizar a economia criativa.
“Aqui no museu, o horário de visitação é mais estendido: funcionamos de terça-feira a sexta-feira, das 9h às 18h, e nos fins de semana e feriados, das 10h às 16h. Isso oferece mais flexibilidade ao público para visitar e se conectar com essa expressão cultural”, concluiu.
*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 15 de julho de 2025.